Quando se fala em ecologia ou preservação dos organismos vivos da Terra, uma das questões mais urgentes é saber quantas espécies habitam o planeta. No caso das árvores, esse conhecimento se torna dramático, pois a proteção dos ecossistemas depende diretamente da compreensão desses espécimes vegetais que compõem a maior parte dos conjuntos bióticos, e lhes dão sustentação.
Porém, inúmeros desafios logísticos e financeiros impõem limitações ao levantamento de dados e sua disponibilização. Com isso, os pesquisadores ficam na dependência de listas de descrições de espécies publicadas sem qualquer critério geográfico ou rigor taxonômico. Tais limitações dificultam o estabelecimento de uma estratégia mais ampla de proteção ambiental.
No fim de janeiro, um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy (PNAS) procurou estimar a quantidade total de espécies de árvores nos níveis global, continental e de bioma. Os cientistas concluíram que existem 14% mais árvores do que o registrado até agora. o novo cálculo aponta para a existência de cerca de 73,3 mil espécies de árvores no mundo inteiro, das quais 9,2 são ainda desconhecidas pela ciência.
Como os cientistas contaram as espécies de árvores do mundo?
Espécies mais frequentes por continente. (Fonte: Gatti et al./PNAS/Divulgação.)Fonte: Gatti et al./PNAS
Para chegar a esses valores, uma equipe internacional com mais de 100 pesquisadores trabalhou com dois conjuntos de dados globais: um projeto de biodiversidade conduzido pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca (iniciativa TreeChange) e outro da Global Forest Biodiversity Initiative (GFBI), o maior inventário de árvores do planeta.
De posse desses dados, a equipe usou um programa de inteligência artificial (Chao2) para calcular a probabilidade de espécies ainda não identificadas. O processo revelou 27 mil espécies de árvores conhecidas na América do Sul, e 4 mil ainda não conhecidas.
A Eurásia aparece em seguida com 14 mil espécies conhecidas e 2 mil desconhecidas; África com 10 mil conhecidas e 1 mil desconhecidas; América do Norte e Central com 9 mil conhecidas e 2 mil desconhecidas; e Oceania com 7 mil conhecidas e 2 mil desconhecidas.
ARTIGO Pnas: doi.org/10.1073/pnas.2115329119
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