O painel da covid-19 no mundo, divulgado minuto a minuto pela Universidade Johns Hopkins, revela que pelo menos setenta países registraram recordes de casos da doença nos últimos sete dias, desde que a variante ômicron do coronavírus foi anunciada.
No Brasil, ao contrário, não há registro oficial de aumento do número de casos, mas não porque eles não existam e sim porque os sistemas do Ministério da Saúde não estão funcionando.
Nesta quinta-feira (6), completa 38 dias de funcionamento precário dos sistemas do SUS desde que o Ministério da Saúde anunciou a ocorrência de um ataque hacker no dia 10 de dezembro. O pior é que o apagão ocorre em um momento em que as salas de emergência do Brasil estão lotadas devido a surtos combinados de gripe e também da variante ômicron do SARS-CoV-2.
A Rede Análise Covid-19, uma iniciativa que congrega profissionais de diversas áreas para criar um espaço de discussão da pandemia, divulgou um fio em sua conta no Twitter na terça-feira (5), cobrando o restabelecimento "dos dados abertos da covid-19 no Brasil", bem como a atualização do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SIVEP), fora do ar desde o dia 29 de novembro, e que monitora os casos de síndrome aguda respiratória grave (SRAG) no Brasil.
Não temos dados do SIVEP (Sistema de Vigilância Epidemiológica) desde 29/11/2021. Estes dados nos possibilitavam entender como estava a distribuição de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) pelo Brasil, inclusive por faixa etária e por tipo de agente causador. pic.twitter.com/vkNSpbzPOZ
— Rede Análise | Especial COVID-19 (@analise_covid19) January 5, 2022
O Sivep é um exemplo de como as autoridades de saúde estão completamente "no escuro", pois, como o sistema tem um atraso com os dados, torna-se virtualmente impossível de saber, por exemplo, se pacientes internados com SRAG estão mesmo com problemas respiratórios ou com a covid-19, ou mesmo gripe. As informações são indispensáveis para avaliar o tamanho das duas epidemias que ocorrem hoje simultaneamente.
Reconhecendo que o sistema está "voltando aos poucos", o secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Guimarães Junqueira, afirma que a dificuldade atual é que os aplicativos funcionem 100%, pois existe uma instabilidade: "uma hora [o sistema] fica fora do ar; outra a página demora a responder", disse ao UOL.
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