A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) divulgou na terça-feira (5) um estudo que apoiou, sobre o uso de máscaras de pano durante a realização de exercícios físicos. Hospedada na plataforma de pré-prints MedRxiv (sem revisão por pares) no mês passado, a pesquisa concluiu que, embora possam causar desconforto, as máscaras não interferem nos padrões de respiração e fisiologia cardiovascular.
Realizado com homens e mulheres não envolvidos em esportes competitivos, mas somente durante a prática de exercícios moderados a vigorosos, o estudo derrubou o mito de que o uso de máscara durante a atividade física seria prejudicial à saturação de oxigênio dos praticantes. À Agencia FAPESP, o pesquisador da USP Bruno Gualano, autor do artigo, diz que “o uso da proteção não alterou significativamente o funcionamento corporal durante a prática de exercício.”
Pessoas correm em esteira dentro de academia usando máscarasFonte: Shutterstock
Como foi realizado o estudo?
Conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, o estudo contou com 17 homens e 18 mulheres saudáveis, que realizaram voluntariamente testes ergoespirométricos em uma esteira que mede as respostas cardiopulmonares através da troca de gases expirados e inspirados durante o exercício físico. Usando diferentes intensidades, os participantes correram com máscaras de tecidos de três camadas, e depois sem elas.
Os testes feitos permitiram que os cientistas analisassem o consumo de oxigênio e a capacidade respiratória. Gualano explica que "também avaliamos medidas de funcionamento cardiovascular, a saturação de oxigênio e a acidose no sangue". Segundo o pesquisador, "as perturbações provocadas pela máscara foram muito pequenas, especialmente nas intensidades abaixo do esforço máximo", que são as que trazem maiores benefícios à saúde.
Segundo o autor, mesmo em altas intensidades, o organismo humano foi capaz de compensar fisiologicamente com pequenas alterações respiratórias. Por isso, “as máscaras não podem ser usadas como muleta para que as pessoas não pratiquem exercício físico”, avalia Gualano.
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