Os buracos negros mais próximos da Terra devem se encontrar e virar um só
Objetos estão em rota de colisão; descoberta foi feita com telescópico superpotente no Chile

Fonte: European Southern Observatory
Imagem de Os buracos negros mais próximos da Terra devem se encontrar e virar um só no tecmundo
Na galáxia NGC7727, na constelação de Aquário, está localizado um par de buracos negros supermassivos em rota de colisão.
A descoberta foi feita no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Esses objetos estão há 89 milhões de anos-luz da Terra e são os mais próximos encontrados até hoje.
Os buracos negros descobertos na galáxia NGC 7727 (Fonte: European Southern Observatory)
Os pesquisadores que fizeram a descoberta trabalharam com o MUSE (Multi-Unit Spectroscopic Explorer), instrumento montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Observatório do Paranal, Chile.
Também usaram dados adicionais do Telescópio Espacial Hubble da NASA para confirmar a identidade dos buracos negros. A descoberta foi publicada nesta terça-feira (30) na revista científica internacional Astronomy & Astrophysics.
A distância entre os corpos celestes surpreendeu os pesquisadores. Apenas 1.600 anos-luz os separam.
“Esta é a primeira vez que descobrimos dois buracos negros supermassivos tão perto um do outro” diz Karina Voggel, astrônoma no Observatório de Estrasburgo, França, em comunicado divulgado pela ESO.
<blockquote class="twitter-tweet"><p lang="en" dir="ltr">Today is the day! Our work on the closest pair of super-massive black holes ever found is out! We directly dynamically detect two SMBHs that are only 500pc apart from each other, making it the only known SMBH pair with a sub-kpc separation.<a href="https://t.co/IEq6FdYCjf">https://t.co/IEq6FdYCjf</a> <a href="https://t.co/3XGasxM9Tv">pic.twitter.com/3XGasxM9Tv</a></p>— Karina Voggel ??? (@KarinaVoggel) <a href="https://twitter.com/KarinaVoggel/status/1465667173674852354?ref_src=twsrc%5Etfw">November 30, 2021</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>
Professor na Universidade de Queensland, Austrália, e co-autor do trabalho, Holger Baumgardt acrescenta que esses corpos celestes se fundirão em um buraco negro gigante nos próximos 250 milhões de anos.
A rota de colisão indica a fusão de galáxias massivas. “A nossa descoberta implica que podem existir muitas mais relíquias de galáxias fundidas à espera de serem descobertas,” diz Voggel. “Poderá aumentar em 30% o número total de buracos negros supermassivos na proximidade da Terra.”
Veja o vídeo de divulgação da descoberta (em inglês):
O buraco negro situado no centro da galáxia NGC 7727 é o maior e tem quase 154 milhões de vezes a massa do Sol. O segundo tem a massa de 6,3 milhões de sóis.
A massa dos objetos foi determinada pelo movimento das estrelas ao redor deles, que revelam o efeito gravitacional que esses corpos exercem.
É a primeira vez que se mede as massas de um par de buracos negros supermassivos com esse método. Isso só foi possível pela proximidade dos buracos negros com a Terra.
Very Large Telescopy (VLT) usado na descoberta dos buracos negros (Fonte: ESO/H. Heyer)
A ESO planeja inaugurar no final da década o Extremely Large Telescope (ELT) no deserto chileno do Atacama. Esse novo equipamento promete ser um grande passo na busca por pares de buracos negros supermassivos como esse.
ARTIGO Astronomy & Astrophysics: doi.org/10.1051/0004-6361/202140827