A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, na quinta-feira (21), o pedido de autorização para a realização de estudos clínicos (em humanos) de fase I e II da vacina contra covid-19 administrada na forma de spray nasal. O fármaco foi desenvolvido no Brasil pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP (InCor) e é inédito no mundo.
Os testes em humanos devem começar em janeiro de 2022 e ter duração de até três meses. A pesquisa vai envolver 280 pessoas, divididas em sete grupos diferentes. Seis receberão doses diferentes entre si, para verificar a melhor dosagem. Um grupo vai receber apenas um placebo. O objetivo do estudo é analisar a segurança, resposta imune e o esquema vacinal mais adequado.
Até agora, as pesquisas experimentais demonstraram que a vacina provocou altos níveis de anticorpos IgA e IgG e uma resposta celular protetora em animais imunizados. O pesquisador chefe do estudo, Jorge Kalil, diz estar confiante com o desenvolvimento do estudo. "Estamos esperançosos nos resultados clínicos desta vacina em spray, pois todos os testes que nos propomos a fazer têm nos mostrado importantes conquistas no combate ao vírus", comentou em nota.
O projeto de desenvolvimento envolve mais de 30 especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além do InCor e outras das unidades da Universidade de São Paulo (USP), como a Faculdade de Medicina (FM), Instituto de Ciências Biomédica (ICB) e Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).
Como funciona a vacina spray contra a covid-19
Vacina pode ser mais eficaz no combate à covid-19, impedindo a transmissão do coronavírus por pessoas imunizadas. (Fonte: Pixabay/Thorsten Frenzel/Reprodução)Fonte: Pixabay/Thorsten Frenzel/Reprodução
As vacinas atuais, como a Coronavac, Pfizer e AstraZeneca, utilizam a proteína spike para promover uma resposta imunológica do organismo. No entanto, o imunizante que está sendo desenvolvido pelo InCor busca uma abordagem diferente.
O spray nasal usa peptídios sequenciais derivados de outras proteínas que compõem o vírus. As biomoléculas, por seu tamanho, são capazes de chegar até as células, atravessando as barreiras físicas impostas pelos cílios e muco presentes no nariz.
A escolha pela administração nasal visa combater mais rapidamente as infecções nas vias áreas, local mais atingido pelo SARS-CoV-2. Como o coronavírus entra no organismo pelo nariz, uma vacina direcionada ao sistema respiratório pode ser capaz de fortalecer a imunidade na região e quebrar a cadeira de infecção do organismo, além de impedir a transmissão para outras pessoas.
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