Uma empresa estadunidense anunciou esforços para “reviver” mamutes através de engenharia genética. A startup, criada no último dia 13, foi batizada de Colossal e tem como base uma ferramenta pioneira de edição de genes, denominada Crispr-Cas9 — desenvolvida em 2012 pelo pesquisador da Universidade Harvard, George Church.
O projeto quer trazer de volta os animais para restaurar a tundra siberiana — um dos ecossistemas que mais sofrem com a perda de biodiversidade, desde a extinção da espécie há 4 mil anos.
Se o plano funcionar, será possível em breve ver de perto animais como Manny, famoso personagem da animação "A Era do Gelo" (2002), que com mau humor e fofura ganhou milhares de fãs ao longo dos anos.
O mamute Manny em cena do filme "A Era do Gelo", de 2002 (crédito: reprodução)
Com o apoio de bilionários, a iniciativa conduzirá experimentos em laboratórios próprios em Dallas, Austin e Boston com embriões de tubo de ensaio e úteros artificiais com o DNA dos animais extintos, extraídos de fósseis, para aplicar em elefantes asiáticos ou africanos — considerados os parentes mais próximos. Assim, é esperado o nascimento de indivíduos com traços biológicos de mamutes — que posteriormente serão devolvidos ao habitat nativo.
O programa recebeu financiamento de US$ 15 milhões através dos investidores Thomas Tull (fundador da Legendary Pictures), Peter Thiel (fundador do PayPal), Tim Draper, Zack Lynch, Laetitia Garriott de Cayeux, Peter Diamandis, Jim Breyer, bem como do autor de best-sellers Tony Robbins e de Cameron e Tyler Winklevoss — irmãos retratados na disputa em torno do surgimento do Facebook no filme A Rede Social.
George Church com um fóssil de mamute encontrado na SibériaFonte: Colossal/Reprodução
Para o professor de genética, o retorno das antigas criaturas adaptadas ao frio pode ajudar no combate das mudanças climáticas. Isso porque o Hemisfério Norte possui grandes regiões dominadas por permafrost, camada de gelo, rocha e matéria orgânica que ao derreter libera gases de efeito estufa.
Com a possível pastagem de grandes números de mamutes, o sistema de raízes de plantas pode ser restaurado e atuar na extração de mais carbono da atmosfera. “Esse é um marco importante para nós. Vai fazer toda a diferença do mundo”, disse Church em entrevista à Fortune.
Consequências do 'Jurassic Park' da vida real
A proposta da Colossal vai além da criação de uma espécie híbrida de mamute-elefante. Com o avanço da tecnologia de manipulação genética, a empresa tem como meta atuar no processo chamado de “desextinção” de espécies anteriormente perdidas e ajudar na sobrevivência de outras ameaçadas, inclusive por doenças — ao tornar genes resistentes a um determinado patógeno, por exemplo.
Para os investidores, outro retorno financeiro está relacionado a novos propósitos da ciência genômica em geral, com ferramentas que podem ser aplicadas até mesmo em humanos.
Categorias