O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), com o apoio do Museu do Índio, lançou uma exposição virtual composta por desenhos de crianças e adolescentes indígenas de idade entre 5 e 15 anos. Com o nome “Os céus dos povos originários”, a mostra tem como objetivo contemplar as diferentes visões sobre o espaço e sobre a diversidade entre os grupos espalhados no país — ao destacar a variedade do conhecimento de astronomia e da relação dos indivíduos com a natureza.
As 30 obras foram feitas por membros de 12 povos indígenas, situados em 9 estados brasileiros: Fulni-ô (Pernambuco), Guarani-Kaiowá (Mato Grosso do Sul), Guarani-Mbya (São Paulo), Guarani-Nhandeva (Rio de Janeiro), Kariri (São Paulo e Ceará), Manoki e Timbira (Mato Grosso), Pitaguary (Ceará), Puri da Mantiqueira (Rio de Janeiro), Tabajara Tapuio Itamaraty (Piauí), Tingui-Botó (Alagoas) e Tupiniquim (Espírito Santo). As imagens e suas histórias estão disponíveis no site do MAST.
“[Os desenhos] ensinam que a relação entre os povos indígenas e o céu é quase tão variada quanto a própria diversidade de etnias indígenas no país. [As imagens] ressaltam as particularidades entre elas, evitando a ideia estereotipada de 'índio' como um grupo único e homogêneo”, diz o comunicado que apresenta a exposição.
'Brilho do Céu', desenho de Raica Alvares, indígena do povo Guarani-ÑhandevaFonte: Museu de Astronomia e Ciências Afins/Reprodução
As produções artísticas “incluem representações de céu com muita presença do azul, mas que a transcendem nos verdes das árvores, no marrom da terra e das montanhas, e nas múltiplas cores e curvas de rios. Outros são coloridos pelo fundo monocromático de cartolinas e papel craft, mas repletos de significados. Os céus raramente são vistos de maneira isolada, e estão sempre em relação com o modo de vida específico de cada povo”.
Vale apontar que a proposta do projeto valoriza o conceito de “astronomia cultural” (também conhecido como etnoastronomia), classificação que defende a ideia de que cada cultura possui um olhar único sobre o ambiente. Esses diferentes saberes expressam, através de suas construções e arte, como os objetos celestes integram suas visões de mundo.
“Ao olhar as imagens, percebemos que, para essas crianças, todos os elementos que permeiam o mundo estão relacionados: sem terras, não há céus. E, para que esses mundos coloridos e diversos continuem existindo, é fundamental que esses povos sejam reconhecidos e tenham seus direitos respeitados”, destacou o MAST. Os realizadores esperam ampliar a exposição no futuro, com a participação de outros povos indígenas — em especial os que vivem nas regiões Norte e Sul.
MOSTRA VIRTUAL "OS CÉUS DOS POVOS ORIGINÁRIOS
Disponível gratuitamente em mast.br/ceus-originarios/
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