Cientistas apresentam smartwatch que se dissolve na água
Tecnologia sustentável ainda está em testes, mas facilita reciclagem de componentes e reduz contaminação após descarte

Fonte: ACS Chemistry Life
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Um grupo de pesquisadores criou um relógio inteligente que, ao ser colocado na água por um período relativamente curto de tempo, é capaz de se dissolver. O segredo do produto está em um novo nanocomposto utilizado nos circuitos, que combina dois metais e possibilita a dissolução completa em cerca de 40 horas.
O estudo é assinado por nove pesquisadores, a maioria parte do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Tianjin, na China.
Por trás do eletrônico descartável, a descoberta envolve a composição do corpo e dos circuitos integrados do dispositivo. Os cientistas desenvolveram um nanocomposto que combina zinco e nanofios de prata, que é ao mesmo tempo funcional e facilmente dissolvido.
O antes e depois do smartwatch na água
Esses circuitos foram adicionados a uma carcaça feita de álcool polivinílico impresso em 3D. Microcontroladores, resistores, capacitores e uma tela OLED completam o conjunto, sendo essas as únicas partes que não são dissolvidas.
Apesar de ser composto por materiais bastante simples e não conter especificações técnicas que cheguem perto de modelos top de linha, o aparelho é capaz de medir o ritmo cardíaco e o nível de oxigênio no sangue, além de contar passos — tudo isso com informações enviadas em tempo real a um celular pareado via Bluetooth.
Os testes feitos até o momento e publicados no periódico acadêmico ACS Applied Materials & Interfaces indicam que o uso do aparelho suporta o contato com o suor do corpo humano, com o processo de degradação acontecendo somente após a imersão em água por várias horas.
Por que fazer um relógio assim?
A principal preocupação dos cientistas é com o meio ambiente. De acordo com o artigo, o mercado de pulseiras e relógios fitness expandiu consideravelmente e traz atualizações a um ritmo intenso, o que significa que muitos modelos são considerados defasados rapidamente e acabam sendo deixados de lado.
A ideia, portanto é reduzir o lixo eletrônico gerado por esses componentes — que podem contaminar solo ou água e até causar problemas de saúde por um eventual vazamento da bateria, por exemplo.
Entretanto, por enquanto, o nanocomposto e o smartwatch devem permanecer em laboratório para maiores testes e aprimoramentos antes de qualquer uso comercial.
ARTIGO ACS Applied Materials & Interfaces: doi.org/10.1021/acsami.1c07102

Por Nilton Cesar Monastier Kleina
Especialista em Analista
Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.