Explorar é inerente à condição humana. Desde tempos remotos, quando os primeiros modos de subsistência eram baseados na caça e na coleta, a humanidade se desloca, busca, investiga e se reinventa, descobrindo novas formas de se conectar com o mundo. Na época das Grandes Navegações, marinheiros se aventuravam na imensidão dos oceanos para ampliar rotas de comércio e explorar novas terras. Hoje, 500 anos depois, somos navegadores espaciais e rumamos em direção às estrelas.
Desde a corrida espacial, durante as décadas da Guerra Fria, a exploração do espaço tem sido um capítulo comum na nossa história. Inicialmente com objetivos políticos e científicos, vivemos agora em uma época em que podemos adicionar mais uma finalidade às viagens espaciais: o lazer. Assim como o uso de aviões impulsionou e continua impulsionando o turismo por vias aéreas, o turismo espacial será uma realidade cada vez mais frequente nas próximas décadas.
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Ainda restrito a indivíduos extraordinariamente ricos no mundo, o turismo espacial já começou a mostrar que veio para ficar. Empresas e organizações governamentais famosas dedicadas à exploração e pesquisa do espaço, como a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) e a ESA (Agência Espacial Europeia), agora compartilham espaço com empresas privadas de nomes como SpaceX, Space Adventures, Virgin Galactic, Blue Origin e muitas outras.
There are no words to describe the feeling. This is space travel. This is a dream turned reality https://t.co/Wyzj0nOBgX @VirginGalactic #Unity22 pic.twitter.com/moDvnFfXri
— Richard Branson (@richardbranson) July 12, 2021
No último domingo (11), foi realizado o primeiro voo suborbital da empresa Virgin Galactic, fundada pelo bilionário britânico Richard Branson, abrindo as portas para essa nova era. O voo decolou por volta das 11h40 (horário de Brasília) do estado do Novo México, nos Estados Unidos, levando, além do bilionário, dois pilotos e outros três passageiros. Com duração de aproximadamente 90 minutos, a viagem atingiu uma altitude aproximada de 89 quilômetros e propiciou aos tripulantes e passageiros a sensação temporária da ausência de peso, além de uma vista única do nosso planeta azul.
Foguete VSS Unity se desacoplando do porta-aviões e impulsionando rumo ao espaço.Fonte: Virgin Galactic
O voo, a bordo do foguete VSS Unity, foi impulsionado por porta-aviões de dupla fuselagem e, ao alcançar a altitude de 15 km, desacoplou e ascendeu rumo ao limite que delimita o espaço. Após alguns minutos em ambiente de microgravidade, o módulo retornou e pousou de forma controlada. Voos similares serão oferecidos pela Virgin Galactic em 2022 e a compra de passagens já conta com fila de espera, com preços entre US$ 200 mil e US$ 250 mil — até R$ 1,2 bilhão, em conversão direta.
Blue Origin, de Jeff Bezos
Na próxima terça-feira, dia 20 de julho, está previsto o primeiro voo tripulado da empresa aeroespacial Blue Origin, fundada pelo bilionário da Amazon, Jeff Bezos. A data foi escolhida em comemoração ao 52º aniversário do primeiro pouso tripulado na Lua, realizado pela missão Apollo 11, no ano de 1969. A bordo do foguete New Shepard, além de Jeff Bezos, a viagem contará com a presença do seu irmão, Mark Bezos, a aviadora americana Wally Funk e o ganhador de um assento em um leilão, vendido por US$ 28 milhões. Decolando do estado do Texas, estes turistas espaciais também irão flutuar no limiar entre a Terra e o espaço antes de retornar à superfície.
Lançamento do foguete New Shepard, que levará o bilionário Jeff Bezos ao espaço.Fonte: Blue Origin
O New Shepard, cujo nome por si só também é uma homenagem — dessa vez a Alan Shepard, primeiro estadunidense a ir ao espaço no ano de 1961 —, fará uma curta viagem de cerca de 11 minutos de duração, entre subida e descida. Após ser lançada, a espaçonave subirá até a marca de aproximadamente 100 quilômetros, limite conhecido como a Linha de Karman. Após cerca de três minutos aproveitando a vista e a sensação aparente de falta de peso, os passageiros e a tripulação irão fazer uma descida controlada de retorno à Terra, que contará com o auxílio de um retrofoguete para o pouso.
E a SpaceX?
A SpaceX, empresa aeroespacial do também bilionário Elon Musk, não deve ficar para trás. Embora esteja atualmente focada em ramo comercial, operando principalmente na prestação de serviços para agências como a NASA e outras empresas privadas, a empresa deve oferecer os primeiros voos tripulados e inteiramente destinados ao turismo espacial no futuro próximo.
A missão Inspiration4, por exemplo, tem data de lançamento prevista para o dia 15 de setembro deste ano e será realizada com o foguete reutilizável Falcon 9, que será lançado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Será a primeira missão espacial tripulada da empresa contando inteiramente com cidadãos comuns abordo e, certamente, irá consolidar o início dessa nova era de exploração espacial.
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