A adolescência é uma fase de amadurecimento, é um período de transição no desenvolvimento físico e psicológico, em que o ser humano deixa de ser criança e entra na idade adulta. Parece simples, mas na verdade não é tanto.
As mudanças cognitivas e comportamentais podem constituir um período de muita turbulência e, em alguns casos, fazendo aparecer alguma psicopatologia. Daí a importância de compreender mecanismos e influências da maturação do cérebro adolescente para intervenções mais eficazes em caso de doenças e na otimização de um desenvolvimento saudável.
Pesquisas mostram que mudanças cognitivas, emocionais e comportamentais afetam os processos de tomada de decisão na adolescência, uma fase comum para o surgimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade, psicoses, abusos de substâncias e transtornos de humor, alimentares e de personalidade.
Um adolescente tem o cérebro imaturo e o corpo desenvolvido. A maturação do cérebro humano segue pela adolescência e pode continuar até a idade adulta. Dez anos atrás, sabíamos pouco sobre o cérebro adolescente e, graças às novas tecnologias de imagem, feitas por ressonância magnética, avançamos muito no conhecimento sobre a maturação do cérebro.
Estudos revelaram que há o aumento do volume da substância branca até depois da terceira década e da cinzenta, mas esta depois diminui, atingindo seu máximo em momentos característicos durante a infância e a adolescência. Isso significa mudanças nos planos funcional e estrutural, na conectividade, nos processos de integração e no equilíbrio entre as funções límbicas, subcorticais e do lóbulo frontal que se estendem até a idade adulta.
Apesar de a Neurobiologia dos adolescentes ser um tema historicamente pouco estudado, cabe observar que a maturação do cérebro adolescente é um período de mudanças espetaculares com enorme capacidade de “plasticidade”, o que faz da adolescência uma época de grandes riscos e de oportunidades, mas que não pode ser considerado de total razão já que não tem a região lógica em total desenvolvimento, porque ainda está se modelando e porque também não há a experiência para um melhor desenvolvimento cognitivo intelectual.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), programação em Python na USP e em Inteligência Artificial na IBM. Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), considerado um dos principais cientistas nacionais para estudos de inteligência e alto QI.