A covid-19 afeta as células neuronais responsáveis pelo olfato e paladar. Esse impacto culmina não apenas na perda total ou parcial da capacidade olfativa e do paladar, pois ambos trabalham juntos para criar o sabor, mas também dificulta a capacidade em distinguir corretamente os odores, levando o portador a sentir cheiros inexistentes naquele momento. É improvável que ocorra uma perda do olfato sem perceber como também do paladar.
Há uma estimativa de que essa condição possa afetar cerca de 80% ou mais das pessoas infectadas, com uma média de surgimento no terceiro dia de sintomas. A perda total do olfato (anosmia), perda do paladar (ageusia) e a perturbação do paladar (disgeusia) ocorrem também em outras situações clínicas relacionadas a infecções respiratórias. A diferença é que na covid-19 acontece de forma mais abrupta.
Um estudo de Harvard apontou que a covid-19 altera o sentido do olfato nos doentes, não por infectar diretamente os neurônios respectivos, mas por afetar a função das células que servem de suporte para esses neurônios, as chamadas células sustentaculares. Estas podem se regenerar a partir de células-tronco aumentando as chances de recuperação, enquanto a perda permanente pode atingir apenas um pequeno número de pessoas que foram infectadas.
Os neurônios sensoriais dessa região não têm o gene ACE2, que codifica o receptor que tem serventia para o Sars-coV-2 dar início ao processo de infecção. Já em um estudo publicado na Science Translational Medicine, foram detectadas na mucosa olfatória de pacientes com covid-19 partículas virais de SARS-CoV-2 e inflamação em vários tipos de célula no neuroepitélio olfatório, incluindo neurônios sensoriais olfatórios. O que leva a crer que a fisiopatologia dos distúrbios neurológicos na covid-19 permanece mal compreendida.
Nesse último estudo, foram relatadas evidências de que o neuroepitélio olfatório é um importante local de infecção pelo Sars-CoV-2 com vários tipos de célula, incluindo neurônios sensoriais olfatórios, células de suporte e do sistema imunológico. O estudo mostra que o Sars-CoV-2 induziu a perda aguda de olfato e paladar em hamsters-sírios-dourados, durando enquanto o vírus permaneceu no epitélio olfatório e no bulbo olfatório.
A recomendação para quem não teve a recuperação completa é procurar um otorrinolaringologista para treinamento olfativo, uso de sprays e outros procedimentos.
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Estudo 1: segundo o estudo de Harvard, os neurônios sensoriais não são diretamente afetados, e sim as células de suporte.
Estudo 2: o estudo do doutor Fabiano de Abreu publicado sobre sequelas revela que afeta os neurônios sensoriais.
Estudo 2: o estudo mais recente confirma o que o Dr. Fabiano de Abreu disse em seu estudo.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard). Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), considerado o principal cientista nacional para estudos de inteligência e alto QI.
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