As enormes constelações de satélites vão mudar os métodos de estudo de astrônomos. Estruturas que orbitarão a órbita terrestre para fornecer internet em locais remotos — como o projeto da SpaceX e Amazon — podem resultar em fenômenos visuais inéditos e impactarão nas análises de cientistas.
“O potencial de impacto das ‘megaconstelações’ na órbita terrestre baixa (LEO), como o projeto de rede da SpaceX Starlink, é estimado de irrelevante a extremo”, indicou o site Space, de acordo com o workshop SATCON1, documentado na última terça-feira (26).
Estudiosos analisam que medidas podem ser estabelecidas para evitar impactos nos estudos terrestres. Até o momento, as recomendações são:
- lançamentos de satélites em alturas maiores que 600 km;
- redução do brilho do satélite no controle da orientação, esmaecendo ou escurecendo as superfícies reflexivas;
- investimento de software de processamento de imagem que minimize a interferência das constelações de satélites;
- disponibilização das informações de localização de satélites para a comunidade científica.
A mesma documentação também sugere que satélites não sejam mais lançados na órbita terrestre baixa, sendo essa a única alternativa para minimizar os impactos dessas constelações na visualização espacial. Entretanto, considerando os investimentos milionários nessas estruturas e seu potencial financeiro, ela dificilmente será seguida pelas companhias.
Órbita coberta de presença humana
Atualmente, há cerca de 2,5 mil satélites na órbita terrestre. A conclusão de projetos de rede como os da SpaceX e o recém-aprovado da Amazon já preocupam a comunidade científica pela provável “lotação” da órbita baixa.
O impacto dessas enormes estruturas na órbita espacial varia de acordo com cada estudo. Segundo a Space, dependerá da “natureza e objetivos da observação; capacidade do observador de retirar ou mascarar o rastro de satélites de sua base de dados; e a quantidade, brilho e altitude desses satélites”. Por exemplo, esses satélites poderiam impactar na visibilidade de capturas de telescópios sensíveis a luz infravermelha, em que seu brilho cobre totalmente outros corpos celestes mais distantes.
Um céu “diferente”
Para meros observadores, o céu apresentará características inéditas. As luzes que chamaram a atenção de brasileiros podem ser um fenômeno constante e ainda mais presente nos próximos anos — à medida que as constelações são compostas de milhares de satélites.
O mais recente aconteceu em Sarapuí (SP), onde o estudante Douglas Pulga flagrou “estrelas” e mais pontos luminosos no céu. “Fiquei assustado, porque não é algo que a gente vê no dia a dia. Comecei a contar e vi mais de 20 ‘estrelas’, mas passaram bem mais. Chamei a família. Meus pais acharam que estava ‘acabando o mundo’. Foi engraçado e assustador ao mesmo tempo”, contou o rapaz em depoimento para o G1.
O estudo completo sobre o impacto das megaconstelações discutido no workshop SATCON 1 é público e pode ser acessado aqui.
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