A era dos passeios turísticos espaciais está cada vez mais próxima: em maio, a SpaceX realizou o lançamento da Crew Dragon, que iniciou mais um capítulo nas viagens orbitais. Trata-se da primeira vez que uma empresa privada enviou humanos ao espaço, marcando também o retorno dessas operações em solo norte-americano depois de 9 anos.
Outras companhias já estão em estágio avançado para transformar o turismo espacial em realidade. Tanto a Boeing quanto a Lockheed têm parcerias com a NASA para operar naves tripuladas nos próximos anos. "Tenho uma apreciação profissional e pessoal pelas tecnologias atuais de voos espaciais e desenvolvimento de astronautas", escreveu Sara M. Langston, professora de Operações de Voos Espaciais na Universidade Aeronáutica Embry-Riddle (EUA), em artigo publicado no Space.
Langston acredita, porém, que os primeiros voos turísticos serão suborbitais, ainda que algumas empresas tenham capacidade de levar seres humanos até o espaço. Nesse caso, as viagens serão até a borda do espaço, com retorno imediato e sem completar uma órbita terrestre. A companhia que está mais perto de oferecer esse serviço é a Virgin Galactic, que já realizou testes não tripulados no começo de 2019. A Blue Origin também está em estágio avançado nesse setor, e há uma expectativa para que voos suborbitais turísticos possam acontecer ainda em 2020.
Interior da nave SpaceShipTwo, da Virgin Galactic, que deve ser uma das primeiras a realizarem voos turísticos suborbitais.Fonte: Virgin Galactic
"Embora alguns perigos do voo e do ambiente espacial, como força G, radiação e microgravidade, sejam bem documentados, muitos riscos ainda são desconhecidos", alerta Langston. As ameaças para a saúde acontecem em todas as etapas da preparação do voo e do pós-voo espacial. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA está trabalhando para definir os critérios de segurança para a realização dos passeios espaciais turísticos, incluindo aptidão física e treinamento de turistas.
Ainda não há uma padronização de orientações médicas para voos suborbitais, mas a FAA tem alguns guias para voos espaciais que podem ajudar a determinar regras específicas para o turismo. Acompanhamento médico durante 12 meses antes do voo é o padrão, mas esse tempo pode ser relativizado na questão turística; já na parte da radiação, a FAA não a vê como um perigo para voos únicos.
Também deverá acontecer uma espécie de treinamento antes dos voos, algo semelhante ao que os comissários de bordo fazem nos aviões. "Deve-se instruir como os turistas espaciais devem agir em situações inesperadas, incluindo fumaça, incêndios, perda de pressão da cabine e saídas de emergência", analisa Langston.
A FAA também deverá fixar 18 anos como a idade mínima para a participação nos voos espaciais. Os turistas terão que assinar termos de compromisso sobre os riscos das viagens, isentando o governo dos Estados Unidos e a companhia das responsabilidades inerentes a possíveis acidentes.
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