De acordo com uma pesquisa apresentada por cientistas do Instituto SETI, as peculiares órbitas de Deimos e Fobos, os dois satélites naturais de Marte, sugerem que há alguns bilhões de anos o Planeta Vermelho tinha um sistema de anéis. Já pensou que bacana seria se o nosso vizinho ainda contasse com essa estrutura? Pois, segundo os pesquisadores, tudo indica que ele voltará a ter os adereços um dia.
Luas esquisitinhas
As duas luas marcianas consistem em objetos bastante irregulares e viajam ao redor do planeta um pouco acima da região equatorial, com uma trajetória surpreendentemente circular. Fobos, o maior dos dois satélites, encontra-se muito mais próximo de Marte do que o seu irmão menor, Deimos, e completa uma órbita ao redor do planeta a cada 7 horas e 40 minutos, mais ou menos.
Olhe a dupla ali!Fonte: Wikimedia Commons / NASA / JPL-Caltech / Reprodução
Deimos está entre as menores luas do Sistema Solar, com pouco mais de 12 quilômetros de diâmetro, e tem a particularidade de, em vez de estar em um plano perfeitamente alinhado com o equador do Planeta Vermelho, encontrar-se 2 graus "fora de prumo". Apesar de ser uma esquisitice, segundo os pesquisadores do SETI, nunca ninguém havia se interessado em explorar essa característica orbital; então os cientistas do instituto resolveram investigar e, bem... já demos o spoiler, não é?
Vermelho e enfeitado com anéis
Simulações realizadas há alguns anos revelaram que Fobos, além de orbitar bem mais próximo de Marte do que Deimos, como já dissemos, está se acercando cada vez mais do planeta — a uma proporção de quase 2 centímetros por ano. Com isso, a expectativa é que o pequeno astro não resista às forças gravitacionais de Marte e acabe se despedaçando. Quando isso ocorrer, dentro de alguns milhões de anos, parte dos destroços deverá cair sobre a superfície marciana, mas uma parcela dos detritos permanecerá ao redor dele, formando um anel. E é aqui que entra o novo estudo do SETI.
Adereços marcianosFonte: Universe Today / Reprodução
Pesquisas anteriores apontaram que Marte provavelmente já teve outros satélites que, ao longo do tempo, sofreram o mesmo destino trágico previsto para a pequena Fobos, criando anéis em torno do Planeta Vermelho. Com base nesses estudos, o time do SETI, que queria entender a razão de Deimos orbitar em um plano um pouquinho inclinado com relação ao equador de Marte, realizou uma série de simulações e cálculos, concluindo que Marte possivelmente teve uma lua cerca de 20 vezes mais massiva do que Fobos.
Ainda segundo as estimativas do SETI, ao longo de bilhões de anos, esse antigo satélite se desintegrou e produziu um anel de detritos ao redor de Marte, cujo material voltou a se aglomerar e formar uma nova lua, que também se rompeu e se recompôs novamente, dando origem à atual Fobos. Além disso, o estudo aponta que foi a presença dessa lua mais massiva, em conjunto com a influência gravitacional do Planeta Vermelho, que provocou a (ligeira) inclinação na órbita de Deimos.
Que tal?Fonte: Tech Explorist / Reprodução
Assim, Fobos, a lua condenada a virar poeira, seria bastante mais jovem do que Deimos, tendo por volta de 3,5 bilhões de anos, enquanto a irmã mais nova não passaria de 200 milhões de anos, aproximadamente. E como os cientistas pretendem provar essa teoria? A Agência Espacial Japonesa, AXA, tem planos de enviar sondas espaciais aos dois satélites marcianos para coletar amostras em alguns anos; se essas missões realmente acontecerem, a análise dos exemplares lunares poderá confirmar se o time do SETI tem razão.
Leia também:
Fontes