Cromossomos podem ser a razão de mulheres viverem mais

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De acordo com um estudo apresentado por cientistas da Universidade da Nova Gales do Sul, na Austrália, o segredo de as mulheres viverem mais do que os homens pode estar em seus cromossomos – mais precisamente no fato de elas contarem com um par idêntico, isto é, XX, em vez de XY, como é o caso deles. Aliás, não é somente entre humanos que essa tendência de longevidade feminina é observada, não! Levantamentos apontaram que, em todo o Reino Animal, as donas das duplas XX vivem praticamente 18% mais do que os donos das duplas XY.

Vida longa

Como você deve se recordar das aulas de Biologia, o que determina o sexo da maioria dos animais são os cromossomos XX e XY – e são eles que determinam a presença de características femininas ou masculinas. Nos mamíferos, por exemplo, as fêmeas apresentam o par XX, enquanto os machos possuem um cromossomo X e um menorzinho, o Y, e existem outras espécies cujo sexo masculino é simplesmente definido pela ausência do 2º cromossomo, como é o caso dos aracnídeos, onde os machos têm somente o cromossomo X e pronto.

(Fonte: Francis Crick Institute / Reprodução)

Pois os cientistas acreditam que contar com um par composto por cromossomos diferentes pode tornar os indivíduos mais propensos a sofrerem mutações ao longo da vida e, consequentemente, viverem menos. Eles chegaram a essa conclusão após examinarem estudos, levantamentos, livros, artigos e base de dados relacionadas com a expectativa de vida e os cromossomos sexuais e compararem as informações com números coletados sobre a longevidade de machos e fêmeas de quase 230 espécies de animais – pertencentes a 99 famílias, 38 ordens e 8 classes distintas.

A análise revelou que, em média, indivíduos com pares de cromossomos idênticos vivem 17,6% mais do que os que possuem pares distintos, e que esse padrão de longevidade se aplica a animais silvestres, mantidos em cativeiro e aos humanos também – e a tendência foi observada inclusive em integrantes de uma mesma família evolutiva. Os cientistas encontraram ainda exemplos extremos de diferença em longevidade entre machos e fêmeas em determinadas espécies, como a Blattella germanica, um tipo de barata nativa da Alemanha e cujas fêmeas podem viver quase 80% mais do que os machos.

Sexo

Uma curiosidade é que nem todos os animais com cromossomos sexuais idênticos são fêmeas – como é o caso das aves, onde os machos são quem apresentam o par de cromossomos ZZ que, na maioria das vezes, dá a eles uma plumagem mais colorida e exuberante. As fêmeas, por outro lado, nascem com a dupla ZW e, normalmente, são mais “sem graça”. Pois os machos com cromossomos sexuais iguais vivem mais do que as fêmeas, embora a diferença em longevidade seja menor, atingindo a média de 7,1% apenas.

(Fonte: JSTOR Daily / Reprodução)

Essa disparidade sugere que existem outros fatores que podem afetar a longevidade de machos e fêmeas, como, por exemplo, a seleção sexual. Nesse sentido, os pesquisadores acreditam que a presença de determinadas características físicas e o fato de haverem espécies cujos machos apresentam certos comportamentos que têm a função de atrair as fêmeas acabam por exigir maiores quantidades de energia, o que, por sua vez, pode ter consequências negativas para a saúde e afetarem sua longevidade.

Curiosamente, no caso das fêmeas com pares de cromossomos distintos, apesar de serem mais vulneráveis a mutações, como elas são menos seletivas sexualmente do que os machos, os efeitos sobre o seu estado de saúde são menores – e, portanto, sua longevidade é menos afetada. Bem essas foram apenas algumas descobertas feitas pelos cientistas a partir da análise do material selecionado, mas muitos outros estudos precisam ser realizados para que o papel dos cromossomos sexuais em nossa saúde e expectativa seja completamente compreendido.

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