Uma equipe internacional de astrônomos liderada por pesquisadores da Universidade de Warwick, na Inglaterra, se deparou com um astro pra lá de estranho. Trata-se de uma estrela que, segundo revelaram as análises conduzidas pelos cientistas que a descobriram, se formou depois de um par de anãs brancas de um sistema binário se fundirem e se converterem em uma “anã-zona” branca supermassiva com características bastante peculiares.
Esquisitice estelar
A estrela se encontra a cerca de 150 anos-luz de distância da Terra e foi identificada graças às observações realizadas pelo telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, enquanto que a sua composição foi estudada por meio de dados coletados pelo observatório William Herschel, situado nas Ilhas Canaria, na Espanha.
Batizada com a sigla WDJ0551+4135, a equipe decidiu estudar a estrela mais de perto porque, após encontrá-la, os astrônomos identificaram uma imensa quantidade de carbono que simplesmente não deveria estar lá. Conforme mencionamos antes, o astro consiste em uma anã branca, o tipo de estrela na qual corpos estelares como o nosso Sol se convertem após “queimarem” todo o seu combustível.
O que geralmente ocorre é que, conforme esses astros consomem todo o seu hidrogênio e só resta praticamente hélio em seus núcleos, as camadas mais externas de suas atmosferas se expandem, se perdendo no espaço. Com isso, eles reduzem de tamanho e passam de anãs amarelas a brancas – e o habitual é que essas estrelas tenham pouco mais da metade da massa do Sol, no máximo.
No caso da WDJ0551+4135, entretanto, os astrônomos observaram que, apesar de ter cerca de 2 terços do diâmetro do nosso planeta, ela é 1,14 vez mais massiva que o nosso Astro-Rei, ou seja, quase o dobro do que seria esperado. Além disso, os cientistas também observaram que o estranho objeto, assim como as estrelas mais antigas da galáxia, orbita a Via Láctea mais depressa do que as mais jovens. Mas o mais surpreendente foi que, no lugar dos elementos que normalmente podem ser encontrados nesses astros – isto é, hidrogênio e hélio, principalmente –, os cientistas detectaram imensas quantidades de carbono.
Fusão de estrelas
Essas evidências todas – o fato de a estrela ser quase 2 vezes mais massiva do que deveria, ser mais “velha” do que aparenta e contar com um enorme volume de carbono em sua composição – relevaram aos cientistas que a WDJ0551+4135 não se formou da mesma maneira que a maioria das anãs brancas que existem pelo Universo.
Segundo especulam os astrônomos, a estrela deve ter se formado há bilhões de anos, a partir de um sistema binário no qual uma das anãs brancas deve ter ficado sem combustível e iniciado o processo de expansão – “engolindo” e “puxando” a outra para mais perto de sua órbita. Então, a segunda anã eventualmente passou pela mesma sequência de eventos, estreitando a distância que havia entre os 2 astros, até que ambos se encontraram e acabaram se fundindo.
O interessante é que, conforme acreditam os astrônomos, a união das estrelas deveria ter resultado em uma enorme supernova e não em uma anã branca massiva. Isso significa que nem todos astros do tipo e que passam por processos parecidos “morrem” em explosões estelares – e podem existir outros exemplos semelhantes pelo cosmos esperando para serem descobertos. Além disso, a descoberta pode ajudar a esclarecer questões relacionadas com a formação e evolução de anãs brancas e a quantidade de supernovas detectadas na nossa galáxia.
Categorias