Pesquisadores interessados em desvendar alguns mistérios sobre a comunicação animal descobriram que as aves são bastante eficazes na hora de transmitir umas às outras sinais de perigo e diferenciar o que seria um falso alerta – ou uma “fake news” – de um risco real. Para este estudo especificamente, os cientistas analisaram o comportamento de 2 passarinhos nativos da América do Norte durante anos e o resultado é fascinante.
Fake News
Durante o estudo, os cientistas – da Universidade de Montana, nos EUA – monitoraram passarinhos das espécies Poecile atricapillus e Sitta canadensis e descobriram que, especialmente no caso dos indivíduos desse segundo grupo, as aves dão bastante importância à fonte dos alertas antes de transmitirem a informação de que existe perigo na área aos demais pássaros que se encontram na mesma área. Basicamente, os animais apresentam um comportamento que nós, humanos, deveríamos ter antes de passarmos notícias (potencialmente falsas!) adiante.
Os pesquisadores passaram vários anos coletando diferentes sons produzidos pelos passarinhos e traduziram o que muitos deles querem dizer. Assim, a equipe aprendeu, por exemplo, a diferenciar os chamados para acasalamento dos que anunciam a aproximação de predadores – e inclusive a distinguir quais cantos são usados para informar sobre a presença de cobras, corujas e gaviões na área, que são alguns dos principais predadores desses pássaros.
O time também aprendeu a reconhecer o nível de urgência no canto dos pássaros para indicar aos seus companheiros o grau de perigo ao qual o grupo poderia estar exposto e como a “rede de comunicação” funcionava para enviar alertas para toda a área! Enfim, os cientistas identificaram essas nuances todas, gravaram áudios contendo diferentes avisos de alerta com distintos graus de urgência e partiram para o bosque para transmitir os avisos e ver como os passarinhos reagiriam às gravações.
Checando as fontes
Na realidade, o que os pesquisadores queriam observar era como as aves responderiam com relação aos cantos de verdade e aos alertas gravados – isto é, a informações em primeira-mão e oferecidas por fontes indiretas ou recebidas através de uma rede social “aviária” e potencialmente falsas – e, descobriram que os passarinhos da espécie Sitta canadensis conseguiam distinguir entre os dois tipos de mensagem facilmente.
Aliás, os cientistas observaram que esse “filtro” inclusive influenciva a forma como os passarinhos passavam os alertas adiante para outras aves que se encontram na área de perigo. Outra constatação foi que, quando expostos às mensagens de perigo emitidas por pássaros da outra espécie – Poecile atricapillus –, os Sitta canadensis, embora reagissem com cautela e passassem as inormações adiante, a tratavam de forma mais neutra e a transmitiam aos demais integrantes do grupo de maneira generalizada, independentemente do nível de perigo informado no canto.
Isso demonstra que os passarinhos são capazes de filtrar e processar as informações que recebem do ambiente e evitam transmitir sinais de alerta aos demais integrantes de seu grupo antes de confirmar que se trata de um risco real.
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