Em 2016, quando Proxima-b foi descoberto, a euforia gerada se justificou: era o planeta do sistema mais próximo da Terra – apenas 4,2 anos-luz de distância, orbitando ao redor da estrela anã vermelha Proxima Centauri. Mas ele não está só: existe outro planeta nas redondezas, batizado de Proxima-c.
O novo exoplaneta tem a metade da massa de Netuno (mas é seis vezes o tamanho da Terra). Enquanto Proxima-b leva somente 11 dias para orbitar ao redor de sua estrela, Proxima-c leva cinco anos. Por estar mais afastado do sol do sistema, a temperatura do planeta beira os -200° C, se ele não tiver atmosfera (ele não está na zona habitável do sistema).
Como Proxima Centauri é ofuscada pelas estrelas que compõem o sistema binário Alpha Centauri AB, a descoberta do planeta não pôde ser feita pelo método de trânsito (quando o brilho captado da estrela decai pela passagem de um corpo opaco à sua frente).
Os astrônomos usaram espectroscopia Doppler para detectar o Proxima-b em 2016 e, agora, Proxima-c. A equipe analisou 17 anos de dados coletados pelo HARPS (sigla em inglês para High Accuracy Radial velocity Planet Searcher, ou Pesquisador de Planetas com Velocidade Radial de Alta Precisão) do Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês).
Planeta puxa estrela para si
A descoberta do Proxima-c também explica melhor a peculiar oscilação gravitacional de sua estrela (ela está sendo puxada pela gravidade do planeta). Mesmo se não suportar vida, Proxima-c ainda é um excelente caso de estudo, estando tão próximo da Terra.
Proxima-b, orbitando na zona habitável do sistema, pode tão inóspito quanto seu irmão maior recém-descoberto. Por estar mais perto da sua estrela, sua superfície pode ser bombardeado pela radiação emitida pela anã vermelha. Além disso, ele está preso a ela através de um efeito conhecido como tidal locking: uma face está sempre voltada para o sol, enquanto o outro hemisfério encontra-se mergulhado em uma noite eterna.
Exploração espacial a bordo de um microchip
Agora, com a descoberta de mais um planeta no sistema de Proxima Centauro, o programa Breakthrough Starshot Initiative (BSI) ganha mais um impulso em sua missão futura de enviar uma pequena espaçonave até o sistema. O programa vai gastar US$ 100 milhões na pesquisa da tecnologia do uso da luz para mover naves espaciais para fora do sistema solar, na exploração de estrelas vizinhas. Velas solares impulsionarão naves do tamanho de michochips, ou Starshots.
Ainda há problemas a serem considerados e resolvidos, como a ligação das velas solares (muito maiores que a nave) com o Starshot e como introduzir instrumentos em um dispositivo de apenas um centímetro. O espaço interplanetário e interestelar está cheio de poeira e radiação, que podem rasgar as velas solares e danificar o microchip. Se bem-sucedida, a missão deverá levar cerca de 20 anos para chegar até Alfa Centauri, viajando a cerca de 60 mil km/s e mandando de volta à Terra imagens capturadas pelo caminho.
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