A estação espacial chinesa Tiangong-1, também conhecida como “Palácio Celestial”, foi lançada em 2011, como um grande símbolo do país na órbita terrestre, um ícone do que viria a ser uma era de superpotência espacial — incluindo missões tripuladas pela primeira astronauta da China, Liu Yang, em 2012. Isso tudo era muito bonito e era para durar até o retorno em 2013, até que em 2016 o governo disse ter perdido controle de seu módulo de mais de 8,5 toneladas. Agora, está prestes a cair aos pedaços na Terra e ninguém sabe ao certo onde e quando isso vai acontecer.
Os norte-americanos da Aerospace Corporation estimam que a Tiangong-1 deva dar reentrada na atmosfera em dias próximos da primeira semana de abril. Já o pessoal da Agência Espacial Europeia acredita que isso vai ocorrer entre os dias 24 de março e 19 de abril. O alerta da Aerospace Corporation assusta um pouco, pois ela avisa que os detritos talvez estejam impregnados do combustível tóxico hidrazina, usado em foguetes e satélites.
Órbita da estação chinesa Tiangong-1
Possível localização da queda dos destroços
O relatório da Aerospace Corporation conta com um mapa que mostra a previsão de reentrada da Tiangong-1 entre as latitudes 43 graus norte e 43 graus sul. Desta forma, a queda pode acontecer um pouco acima do norte da China, Oriente Médio, centro da Itália, norte da Espanha e dos Estados Unidos, Nova Zelândia, Tasmânia e em algumas localidades da América do Sul e sul da África
No entanto, a corporação destacou que as chances de que os detritos atinjam centros populosos são pequenas. "Na pior das situações, ao considerar a localização, a probabilidade de uma pessoa específica (ou seja, você) ser atingida por detritos do Tiangong-1 é cerca de um milhão de vezes menor do que a chance de ganhar o grande prêmio da Powerball (loteria norte-americana)”, asseguram os pesquisadores.
Mapa mostra a faixa que pode ser atingida pelos destroços
"Na história do voo espacial, nenhuma pessoa conhecida já foi prejudicada devido à reentrada de restos espaciais. Há registro de apenas uma pessoa atingida por um fragmento vindo do espaço e, felizmente, ela não ficou ferida.”
Especialista diz que alguns detritos já caíram no Peru
Jonathan McDowell, astrofísico da Universidade de Harvard, disse que alguns fragmentos do tamanho de um foguete foram vistos caindo no Peru em janeiro. E isso vem acontecendo há algum tempo desde que a Tiangong-1 está na órbita terrestre. “A cada dois anos algo semelhante como isso acontece, mas a Tiangong-1 é grande e densa, precisamos ficar de olho nela”, afirmou, em entrevista ao The Guardian.
McDowell comenta que a descida dos destroços da estação vem acontecendo mais rápida nos últimos meses. A queda agora é medida por 6 quilômetros por semana, mais lenta do que era registrada em outubro de 2017, quando caiu 1,5 quilômetro no mês todo.
É difícil fazer a previsão pois sua velocidade foi afetada pelas mudanças do “clima" em constante mudança no espaço. "Só na última semana poderemos falar sobre isso com mais confiança. Acho que algumas peças vão sobreviver à reentrada. Mas só saberemos onde eles vão pousar depois do fato ".
Vale lembrar que em 1991 a estação espacial Salyut 7, da União Soviética, caiu na Argentina enquanto ainda estava ligada à espaçonave Cosmos 1686, de 20 toneladas. A Skylab, módulo da NASA de 77 toneladas, chegou à Terra em uma descida descontrolada em 1979, com algumas peças grandes caindo próximo a Perth, na Austrália Ocidental.
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