Como todo bom entusiasta de carros, vivo dizendo que quem disse que o cachorro era melhor amigo do homem só falava isso porque anda a pé.
É lógico que é uma brincadeirinha, já que simpatizo também com os parceiros caninos, mas alguém perto do departamento de inovação da Toyota deve ter uma ideia similar e resolveu criar o Concept-i, que... Bem, parece um cachorro na forma de carro.
O conceito da montadora nipônica segue uma linha que foi mostrada na CES do ano passado, de fazer com que a experiência de dirigir seja mais interativa, conectada, e menos um fardo que somos obrigados a carregar todos os dias de nossas vidas no dia a dia. Nas palavras da própria Toyota: “Uma crença de que a tecnologia de mobilidade deve ser aconchegante, receptiva e, acima de tudo, divertida”.
Sendo assim, o Concept-i vem muito mais como um companheiro do que como um meio de transporte. É claro que, por fora, ele ainda é um carro cheio de elementos conceituais, design arrojado que abusa de vidros, LEDs, elementos complexos de desenho e conta ainda com displays nas laterais, na traseira e na dianteira, que exibem mensagens de boas-vindas para os ocupantes e de alerta para os demais condutores.
É dentro do carro, no entanto, que a mágica acontece.
Isso porque ele vem com o “Yui”, a central de processamento e de inteligência artificial do veículo. A intenção da Toyota é criar algo que, além de ajudar você com a parte de direção autônoma e funções gerais do veículo, também sirva como uma forma de companhia e ajude a criar uma relação com o carro.
Bob Carter, vice presidente sênior de operações automotivas da Toyota, explica que a inteligência artificial aprende e cresce com os usuários, criando um relacionamento que é significativo e emocional.
Para ajudar a fazer o ser inanimado ganhar vida, a Toyota desenvolveu os "maneirismos" de Yui com base nos Doze Princípios da Animação, uma série de orientações sobre animações que foi desenvolvida por artistas da Disney ao longo do tempo. A consequência disso é um carro que pode sair dando piscadelas por aí e se comportar como se fosse o seu melhor amigo.
É por isso, inclusive, que o carro não esbanja telas touchscreen por todos os lados: as interações são feitas por voz com Yui que, dotado de um mecanismo de aprendizagem contínua, vai conseguir antecipar as necessidades de seus ocupantes, “mensurar” suas emoções e responder a tudo isso de forma automática – sim, o carro saberá quando você está triste ou feliz.
Essas respostas poderão ser verbais, com sugestões de locais, ou com adaptações no interior do veículo, com a mudança da tonalidade da iluminação da cabine.
O Concept-i oferecerá a possibilidade de direção autônoma ou manual (sim, ainda poderemos dirigir no futuro), mas o sistema terá autonomia para assumir o controle em situações de risco. Nas palavras da montadora, o Yui “será munido de sistemas autônomos, que estarão monitorando de forma constante o ambiente do veículo, na parte de fora e de dentro, mensurando a atenção situacional do condutor”.
A ideia de uma inteligência artificial que “dá vida” ao carro não soa tão absurda quando você pensa nas tecnologias já disponíveis, como Siri, Google Assistant, Alexa e Cortana – a questão maior aqui é quanto tempo vai levar para isso se tornar uma realidade.
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