Levar smartphones para os treinamentos não é algo permitido pelo exército tailandês. E o que acontece se um recruta aparece por lá portando um desses aparelhos? Eles devem destruí-lo; simples assim.
Se você acha que se trata de uma brincadeira, o vídeo abaixo mostra exatamente o contrário: nele, são mostrados vários recrutas navais, entre possíveis desavisados sobre a regra e aqueles que resolveram se arriscar a quebrá-la. Os transgressores, por sua vez, recebem um bloco de concreto, que deve ser utilizado para fazer o próprio celular em pedaços.
De acordo com o site Mashable, a punição seria, na verdade, um “sistema de honra” desenvolvido pelos próprios instrutores militares, em que os recrutas “destroem seus celulares voluntariamente”. Obviamente, não há nada de voluntário nisso, já que o vídeo mostra claramente que os soldados recebem ordens para tal: “Você acabou de compra isso, certo? Bem caro, não é? Esmague ele!” diz o oficial comandante.
Indignação com a injustiça
Não é preciso dizer que, nos poucos dias de existência, o vídeo, com o nome “Soldados Devem Aguentar”, gerou bastante polêmica: foram centenas de milhares de visualizações do registro, tanto pelo YouTube quanto Facebook e outras mídias sociais da Tailândia. A reação geral, por lá, foi extremamente negativa, visto que o público achou a punição excessiva para o crime.
Para a grande maioria das pessoas, bastava simplesmente tomar o aparelho dos soldados e devolvê-los apenas ao fim das aulas, por exemplo; no lugar disso, contudo, os pobres recrutas sofreram enormes prejuízos ao perder aparelhos que custam milhares de reais. Alguns, inclusive, chamaram isso de uma forma de tortura, já que o povo do país está entre os maiores adeptos a mídias sociais e seus aparelhos móveis.
Ironicamente, o vídeo parece ter sido feito com um celular (mostrando que as regras por lá não se aplicam a todos); ainda mais estranho é pensar que tudo isso ocorreu na Escola de Comunicações e Tecnologia da Informação. E isso, é claro, não ajudou nada para melhorar a indignação do público.
Fim das punições?
Ao menos parece que as vítimas mostradas no vídeo vão ajudar a evitar mais casos como esse. Isso porque, em resposta a toda a polêmica, a Marinha tailandesa enviou uma declaração para esclarecer o caso.
Embora afirmem que a proibição de celulares seja necessária, eles deixam claro: “Este ‘sistema de honra’ não foi reconhecido pela escola e não faz parte da política escolar. Portanto, a escola ordenou que essa forma de punição pare”.
Que as punições aplicadas pelos exércitos de todo o mundo costumam ser duras, isso não é novidade para ninguém. Mas o exército tailandês parece estar passando um bocado da medida, deixando de usar um método de disciplinar seus recrutas para algo completamente desnecessário. Torçamos que, com as palavras trazidas por eles, isso realmente tenha fim.
Um artigo lançado no jornal Bangkok Post, contudo, não se mostra exatamente otimista com a situação, afirmando que o caso é resultado de pensamentos arcaicos dos militares do país, gerando um problema ainda maior. “Que uma escola militar focada nas comunicações e tecnologia da informação não veja dispositivos móveis como ferramentas de aprendizado, mas como obstáculos que devem ser banidos, diz muito sobre o quanto os militares têm que se atualizar ao resto do mundo”, comentou Sanitsuda Ekachai.
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