Nunca existiu uma relação harmoniosa entre a eletricidade e a água. Todo mundo sabe disso e muita gente já ficou triste ao perceber que perdeu um bom dinheiro ao derrubar seu celular na privada ou por dar o azar de tomar uma chuvinha quando voltava para casa.
Foi pensando nessas situações inevitáveis — e geralmente acidentais — que algumas fabricantes resolveram construir smartphones mais versáteis e prontos para qualquer parada.
Agora, com aparelhos como alguns da linha Sony Xperia Z e determinados produtos da Samsung e da Motorola, o consumidor não precisa mais ter medo de água.
Há vários celulares que contam com certificados IP, os quais protegem de alguma forma o produto contra poeira e água. Acontece que há diferentes níveis de proteção, sendo que os celulares não estão preparados para encarar uma aula de natação ou banhos prolongados.
Neste artigo, vamos mostrar o que muda em cada certificação, explicar a diferença entre celulares com repelentes e outros à prova d’água e dar algumas dicas para você não correr o risco de perder sua garantia, o celular ou até mesmo dinheiro.
Resistente à água é diferente de à prova d’água
É importante esclarecer que nem todo aparelho que é “à prova d’água” (e de poeira) está totalmente livre de danos quando mergulhados na água ou envoltos por uma grande quantidade de poeira. Comprar um aparelho desse tipo não significa que você pode jogá-lo no fundo do mar e voltar para buscar depois de um mês, portanto vá com calma nos testes de resistência.
Basicamente, há modelos que devem funcionar perfeitamente ao tomar uma chuvinha, mas que talvez não saiam ilesos quando derrubados numa poça. E há outros que podem aguentar perfeitamente ficar meia hora dentro da banheira sem sofrer danos. O mesmo vale para poeira, ou seja, nem todo produto pode ficar um mês enterrado no deserto.
É válido notar ainda que algumas empresas usam termos diferentes para designar essas qualidades dos smartphones. Normalmente, os aparelhos que são à prova d’água trazem as tais certificações IPs, mas os modelos que são resistentes à água não são necessariamente preparados para dar um mergulho.
Há smartphones como o Moto X que recebem um tratamento interno com repelente para evitar danos aos componentes eletrônicos. Trata-se de uma precaução da fabricante que visa amenizar possíveis danos ao produto para situações em que o aparelho fica em um local úmido ou exposto a gotículas de água.
Algumas pessoas até já comprovaram em testes com vídeos que o smartphone pode ficar submerso por cerca de um ou dois minutos, mas isso não significa que ele vai aguentar muito mais que isso. Inclusive, a Motorola em momento algum dá garantia de que o celular está preparado para esse tipo de situação, então não dê chance para o azar!
Como funcionam as IPs?
Esclarecidas essas dúvidas e deixando todos devidamente cientes sobre essas questões básicas, vamos entender como é possível diferenciar a resistência dos smartphones. Para tanto, primeiramente, precisamos entender de onde veio essa ideia das IPs.
A sigla vem de “Ingress Protection”, que em tradução direta quer dizer “Proteção de Entrada”. O termo foi definido pela IEC (International Electrotechnical Commission), órgão que regulamenta padrões da indústria e criou algumas condições de testes para que os aparelhos possam ser certificados — e também para fins de garantia e de conhecimento do consumidor.
A escala IP é composta por dois algarismos, sendo o primeiro referente à proteção contra sólidos (e aqui inclui a poeira nos níveis mais altos) e o segundo informando sobre a proteção contra líquidos (água). O primeiro número vai de 0 a 6, enquanto o segundo vai de 0 a 8. Como você deve imaginar, quanto maior o grau de proteção, maiores serão os valores.
Bom, mas como você pode saber o nível de proteção do seu celular e as respectivas situações suportadas pela certificação? Simples, basta conferir a tabela IP abaixo:
Não abuse da sorte
Agora que você já sabe mais sobre essas questões de proteção e certificação, você pode usar e abusar do seu celular, certo? Errado! Queremos ressaltar aqui a importância do uso consciente, pois essas qualidades do produto são voltadas para casos de emergência.
Nós já analisamos alguns produtos desse tipo aqui no TecMundo e como temos um processo rigoroso de testes, geralmente submetemos os celulares a condições extremas, o que inclui a verificação dessas proteções. Entretanto, em determinados casos presenciamos alguns problemas de vedação que acabaram resultando em sérias dores de cabeça.
É válido ressaltar ainda que, apesar de a garantia dar cobertura em casos de acidentes, não recomendamos abusar muito e tomar banho com o smartphone todos os dias, pois é possível que seu aparelho não esteja totalmente protegido (por algum problema de fabricação), e conseguir o ressarcimento é algo trabalhoso.
Entretanto, para quem comprou um celular com alguma certificação e quer usá-lo em condições moderadas, certamente as proteções oferecidas devem dar conta do recado. Assim, aquele passeio de bicicleta em um dia chuvoso ou o uso do smartphone em locais úmidos está liberado. Nada como o uso consciente.
Fontes