Ria o quanto quiser, mas os casos em que pobres aparelhos foram inundados por completo por tomarem banhos em baldes, caírem junto com seus donos em piscinas, em vasos sanitários ou por terem tomado muita chuva não são raros. Você está muito mais suscetível do que imagina a esta “dor de cabeça”.
É justamente por este motivo que indicações de deixar o aparelho longe de água ou do calor em excesso ganham até mesmo folhetos separados na compra de um aparelho novo, ou ainda boas doses de páginas de manuais. O pior de tudo é que a garantia é perdida na maioria dos casos (e os técnicos conseguem identificar quando tudo foi encharcado por fitas especiais).
Mas qual é o risco? “É só água”!
Alguns dizem que eletricidade e água não devem andar juntas e nem próximas. Isso se deve pelo fato de que a água a conduz por toda a sua extensão, fazendo com que — nos casos de contato direto com as placas e circuitos — a energia pule de um ponto para o outro de forma inapropriada (o que pode até queimá-los, caso essa descarga seja muito grande), criando o que é chamado de curto circuito.
Além da avaria do seu equipamento, curtos em baterias podem gerar aquecimento excessivo pela circulação acelerada de energia, algo que sabemos que não é bom. Dada a sensibilidade dos compostos de íons de lítio da bateria, ela pode chegar até mesmo a explodir com a variação de temperatura.
Viu só o perigo ao qual você está exposto? Mas, se a coisa já aconteceu com você, tente manter a calma (ou o pouco que restou dela) e siga as nossas dicas para trazer o seu querido, amado e importante aparelho de volta à vida! E lembre-se: NÃO TENTE LIGAR O APARELHO AINDA.
Operação resgate: primeira parte
A primeira etapa da nossa busca pela salvação do celular é acudi-lo o mais rápido possível, isto é, retirá-lo da água como se a sua vida dependesse (e em alguns casos pode até depender!) disso.
Com o pobre aparelho ainda pingando, remova a bateria em primeiro lugar para evitar o que já foi explicado acima e para preservar o restante das placas de uma descarga elétrica espalhada. Com ela já fora e descansando sobre uma toalha, retire também o cartão de memória e o chip (cartão SIM) e seque-os.
Esta etapa é necessária para proteger os conectores destas pequenas partes contra a oxidação, gerada pela reação com o oxigênio e com a água, uma vez que eles armazenam boa parte de seus dados.
Água escorrendo? Jamais!
Com o aparelho “pelado” em mãos, pegue folhas de papel absorvente (pode ser papel toalha, papel higiênico ou até mesmo lenços) ou uma toalha que não solte pêlos e vá eliminando os excessos de água. Não faça pressão demasiada e evite esfregar as partes mais internas. Troque as folhas à medida que o líquido é absorvido para continuar com o processo.
Agora, deixe o aparelho em uma posição praticamente vertical, para que tudo o que penetrou a camada mais interna escorra. Vá repetindo a etapa anterior até não sentir mais tanta umidade na superfície.
Etapa três: rajada de vento
Após algum tempo, é normal que se forme uma camada de “suor” sob a proteção da tela, é o restante da umidade que ainda está preso no aparelho e que ainda o impede de ligá-lo. Agora você tem dois caminhos possíveis: deixar que o aparelho seque normalmente em dois ou três dias de puro repouso ou apelar para um secador de cabelo.
Para ajudar na secagem passiva, opte por ambientes secos, com temperatura mais elevada e uma boa circulação de ar. Alguns falam para posicionar o celular sobre aparelhos de recepção de televisão e outros equipamentos eletrônicos que possuam ventoinhas. Veja qual é o que oferece a melhor combinação de calor e umidade, mas sem excessos.
Também não exponha o aparelho diretamente à luz do sol. Isso pode causar outra série de problemas, de desbotamentos (ainda mais se ela for escura) e descascamentos na parte externa a rachaduras. Tenha bom senso.
Se escolher a rota do secador fique atento para dois detalhes. Em primeiro lugar, não podem existir grandes aglomerações de água dentro do aparelho, pois você apenas as empurrará ainda mais para dentro com o vento forte. Também não utilize muito calor, aliás, prefira “a frio”.
Dizemos isso porque alguns dos modelos que estão mercado têm partes plásticas tão sensíveis que se deformam até mesmo com um simples esfregão de dedo, imagine com o calor do ar! Você não vai querer ficar com ele torto e deformado, não é mesmo? Sendo assim, também desista imediatamente da idéia do forno (você não pensou nisso, diga que não!).
Segure a ansiedade
Sim, tudo bem que a esta altura você já estará à beira de uma crise de nervos e de abstinência do seu celular, mas deixe-o repousando por mais algum tempo, certificando-se que não há indícios de umidade (principalmente a condensação nas partes translúcidas internas).
Nesta hora, alguns recomendam colocar o aparelho em um recipiente repleto de arroz, haja vista que este absorve mais rapidamente a água restante, livrando o corpo do seu equipamento mais rápido. Alternativas, quando disponíveis, são os sacos contendo Silica gel, um produto sintético poroso que pode absorver cerca de 30% de seu peso em umidade, comumente acompanhando eletrônicos mais sensíveis.
Para os mais audaciosos
Como dito no início da página, se você expôs seu aparelho ao contato com líquidos sua garantia provavelmente já deixou de existir. Não quer esperar tanto e deseja conhecer cada parte do seu aparelho? Então parta em busca de uma chave compatível e abra-o. Não desencaixe seus componentes, apenas retire a casca (body kit).
Faça tudo com gestos delicados, sem forçar os componentes. Com as placas expostas, aplique uma boa corrente de ar frio (também com o secador) para evaporar todas as gotas e a umidade remanescentes.
Se o seu aparelho caiu em água salgada, também pode ser interessante — uma vez removida a bateria — lavá-lo rapidamente sob água doce ou com água destilada, de modo a frear a oxidação (o sal acelera muito a corrosão dos circuitos e componentes). Se lidar com álcool, opte sempre por ambientes abertos, seguros e distantes de qualquer fonte de calor.
A volta... E suas consequências
Recoloque os componentes vagarosamente e tente ligar o celular. Não havendo resposta, respire fundo e tente plugá-lo no conector de energia para verificar se a bateria não foi descarregada no processo. Foi mostrado sinal de vida, tudo piscando e o sistema está carregando? Então parabéns, você acabou de ressuscitar seu “bichano” e poderá retomar sua vida!
Mas nem tudo é alegria. É provável que algumas coisas não estejam como antes, principalmente no que diz respeito à duração da bateria. Ao ser exposta à água, pode ser que a sua capacidade de reter a carga caia para menos de metade da original. Ao menos esta parte não é tão cara e pode ser facilmente trocada nas lojas autorizadas e revendedoras.
E aí, já deixou seu celular cair na água, dar um mergulho pelas profundezas das poças da sua rua esburacada em dia de chuva? Conseguiu recuperá-lo? Não deixem de postar suas próprias dicas, experiências e sugestões, elas podem salvar (o telefone de) alguém. Até a próxima!
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