Acostumado a uma conta mensal de celular que raramente chega aos 100 reais, um dia você se depara com uma cobrança absurda de 2 mil reais em ligações. Os números registrados são os mais variados possíveis, incluindo até mesmo alguns localizados nos Estados Unidos – e olha que você mal arranha o inglês e nunca falou com um estrangeiro.
A não ser que você tenha seu aparelho roubado (ou um familiar que o pegou escondido), são grandes as chances de que o celular tenha passado por um processo de clonagem.
Irmão gêmeo maligno
Um telefone celular clonado se trata de uma cópia fiel de um aparelho, que possui exatamente o mesmo “DNA” de um aparelho legalizado – no caso, ambos compartilham o mesmo número de discagem e a identificação de série usada pelo fabricante. A diferença está no fato de que a pessoa que utiliza o dispositivo clonado não tem que se preocupar com contas, que são enviadas somente para o dono legal da linha.
Aparelhos com essa característica são usados por fraudadores como uma forma de fazer ligações telefônicas caríssimas, deixando o problema de arcar com os custos para a pessoa que teve as informações do aparelho copiadas.
CDMA: o grande perigo
A clonagem de números se mostra mais bem-sucedida em aparelhos que contam com a tecnologia CDMA, e, embora também afete dispositivos com a tecnologia GSM, se mostra muito mais rara nesse caso.
Enquanto os aparelhos CDMA contam com um número serial eletrônico (ESN) e um número de identificação móvel (MIN), aqueles com a tecnologia GSM são identificados somente pelo IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), número de identificação global e único para cada celular, que se mostra um grande obstáculo aos falsários.
Para capturar as informações de um portátil, criminosos costumam usar um aparelho conhecido como scanner, capaz de detectar e gravar as informações dos aparelhos ligados nas proximidades. Já no caso dos celulares GSM, a clonagem se dá através da cópia do cartão SIM utilizado pelo usuário – processo mais difícil de se realizar e que desestimula a atividade criminosa.
A posição das operadoras
Em nota enviada ao Tecmundo, a Vivo informa que, atualmente, a clonagem de linhas móveis está relacionada exclusivamente à utilização de telefones na rede CDMA. Segundo a operadora, há mais de um ano não é detectada tal modalidade de fraude entre os clientes da empresa.
Mesmo assim, a companhia afirma que monitora a situação de forma constante e, caso comprove a ocorrência da clonagem dos aparelhos, devolve os valores cobrados ao cliente. Se o cliente tiver suspeitas de que teve seu dispositivo clonado, deve abrir um protocolo através do Call Center *8486 ou nas lojas próprias da Vivo.
Também entramos em contato com a TIM para esclarecimentos sobre o problema. Porém, até o momento do fechamento deste artigo, não obtivemos uma resposta quanto ao posicionamento da operadora.
Sintomas do contágio
Assim como a maioria das doenças, só é possível desconfiar de que o celular foi clonado quando começarem a surgir os primeiros sintomas. Entre os problemas mais comuns está a dificuldade de completar ligações telefônicas e o recebimento de chamadas feitas a partir de cidades distantes por pessoas desconhecidas.
Outro problema é a interceptação de ligações feitas por amigos, que apesar de discarem o número correto, acabam falando com uma pessoa desconhecida. Além disso, são comuns as dificuldades para se completar chamadas, que costumam ficar marcadas pela queda frequente nas comunicações.
O sinal mais claro de que há um problema é o surgimento de contas telefônicas incompatíveis com o uso normal. Embora nem sempre uma cobrança errada signifique que há uma cópia do aparelho circulando por aí, tal ocorrência é o indício mais forte que o consumidor pode ter de que há algo errado com a linha assinada.
Providências a tomar
O primeiro passo a seguir caso você desconfie da clonagem é entrar em contato com a prestadora de serviço utilizada e solicitar o bloqueio da linha. Isso deve ser feito de maneira imediata tanto quando há suspeitas de fraude quanto na ocorrência de perda ou extravio do dispositivo.
Segundo a Anatel, caso a denúncia seja feita por telefone, é indispensável anotar a guardar o nome completo do atendente, data, horas e número do boletim gerado no ato da denúncia. Caso a reclamação tenha sido feita de forma direta pelo cliente, deve-se obter uma cópia impressa da ocorrência registrada.
Como se proteger do golpe
Embora qualquer pessoa esteja suscetível a ter seu celular clonado, algumas medidas simples podem dificultar o acesso de fraudadores às informações do aparelho utilizado:
- Caso tenha um celular antigo, procure trocá-lo por outro compatível com tecnologias mais modernas;
- Em caso de danos ao aparelho, procure representantes autorizados pelos fabricantes ou oficinas conhecidas pela integridade;
- Revise mensalmente a fatura enviada pela fornecedora do serviço e, se possível, evite optar pelo débito automático em conta;
- Ao receber ligações de pessoas identificadas como funcionárias das operadoras, desligue automaticamente caso seja requisitado o pressionamento de algumas teclas;
- Evite ligar o celular em rodoviárias e aeroportos, principais locais de ação dos fraudadores equipados com scanners. Caso o aparelho entre em roaming, a comunicação pode ser feita com a central através de ondas FM não criptografadas, o que facilita a captura de informações sensíveis;
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