Quando se fala em China, muita gente costuma pensar em grandes campos de plantação recheados de agricultores, ou em fábricas gigantescas com milhares de funcionários distribuídos em longas linhas de produção. As grandes metrópoles do país, no entanto, são muito parecidas com outras cidades globais. A diferença? Por lá, é muito mais fácil encontrar uma infinidade de carrões de cair o queixo nas ruas. Esse cenário, porém, não parece agradar o governo chinês, que resolveu tomar algumas medidas para controlar esse mercado de luxo.
Enquanto em Hong Kong não é difícil esbarrar em uma dúzia de Ferraris, Porsches e Lamborghinis em um passeio rápido pela região, nas cidades da chamada “China continental” são as marcas alemãs que se destacam, com os modelos mais recentes de BMWs e Audis circulando tranquilamente pelas vias. Segundo a Reuters, isso pode mudar um pouco com a adoção de uma taxa extra de 10% em cima dos impostos pagos em automóveis de alta performance que ultrapassarem a marca de 1,3 milhões de yuans – algo como R$ 657 mil.
Os chineses adoram as marcas alemãs
Os motivos por trás dessa decisão misturam uma certa preocupação com o meio ambiente e, claro, um pouco de capricho por parte dos políticos locais. Capricho? Sim, senhor! Isso porque o atual presidente chinês, Xi Jinping, não é muito fã de ter seus cidadãos ostentando riqueza abertamente – algo que faz até sentido se considerarmos o sistema de governo da China. Assim, não são raras as medidas tomadas para coibir esse tipo de aquisição, mesmo entre a camada mais abastada da população.
A adoção de veículos elétricos ainda está engatinhando em território chinês
Essa vontade de reduzir os automóveis de luxo e esportivos em circulação, no entanto, também tem o objetivo de tentar manter a emissão de poluentes em um patamar mais aceitável para quem mora no país. Como a adoção de veículos elétricos ainda está engatinhando em território chinês, o jeito encontrado pelo governo para pelo menos dar uma mãozinha na melhoria da qualidade do ar – que segue de mal a pior nas grandes capitais – foi mirar o bolso de quem compra os carrões mais agressivos ao clima.
O que vale é a intenção?
Embora a motivação do governo seja até que nobre nessa nova empreitada, dificilmente isso vai ter um efeito real sobre qualquer um dos pontos levantados anteriormente. Em primeiro lugar, os preços desses modelos mais chamativos de carros vêm caindo a ritmo acelerado, compensando qualquer imposto adicional colocado na conta. Outro ponto, é que nem as fabricantes estão preocupadas com a decisão, já que o número de vendas de automóveis nessa faixa de preço já é relativamente pequeno e deve continuar estável.
Você nunca pegou um trânsito de verdade até ir à China
Por último, a China tem sim um problema grave com emissão de gases e poluentes, mas os carros de luxo dificilmente têm uma grande parcela de culpa nisso. No final, o número absurdo de automóveis em circulação no país e a grande concentração de fábricas em determinadas regiões, por exemplo, acabam tendo um efeito bem mais comprometedor na situação. Talvez a nossa não tão querida “taxa Brasil” no setor automotivo ajudasse mais os chineses do que meros 10% em cima dos carrões, não é?
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