Há pouco mais de dois anos, um vídeo polêmico surgiu na internet e tirou o sono de muita gente. A produção do canal CGP Grey mostrava que, invariavelmente, os humanos acabariam sendo substituídos por robôs e sistemas de inteligência artificial. Ok, mas estamos falando de um futuro distante, certo? Aparentemente, não. Segundo uma análise da Ernst & Young, essa história pode estar bem mais próxima do que imaginávamos: uma série de profissões pode desaparecer completamente do mapa, por conta da tecnologia, até 2025.
Divulgada pelo portal O Globo no último domingo (18), a pesquisa da empresa de consultoria indica como o mercado de trabalho deve ser afetado diretamente pelos avanços massivos de plataformas e dispositivos inteligentes dentro dos próximos nove anos. Há uma expectativa, por exemplo, de que um em cada três postos de trabalho dê lugar a algum tipo de sistema autônomo – sem a necessidade de que haja humanos ocupando essas vagas. Qualquer operação que pode ser realizada diretamente por máquinas, por exemplo, está ameaçada.
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Fique de olho no futuro da sua profissão
Para José Augusto Figueiredo, presidente da consultoria LHH no Brasil, esse é o caso dos antigos funcionários responsáveis pelo check-in das companhias aéreas – trocados inicialmente por totens eletrônicos e, posteriormente, por aplicativos mobile e web – e dos caixas de banco, que pouco a pouco vão sentindo os efeitos da migração dos clientes para soluções digitais. Algumas profissões, no entanto, ainda podem se aproveitar desse cenário para realizar seu trabalho com mais competência e até cobrir novas áreas do mercado.
Essa, pelo menos, é a opinião de Celso Georgief, especialista em Recursos Humanos e sócio-diretor da DSG Brasil. “Não acredito no fim da profissão de contador, por exemplo. A função será aperfeiçoada”, explicou o executivo ao jornal carioca, dizendo que esses profissionais podem ter mais tempo e ferramentas para se focar em itens como auditoria, análise financeira e gestão. A especialização, portanto, seria um dos caminhos a seguir caso o seu ramo de atuação esteja entre os dez empregos listados abaixo.
Dez em baixa
- 1. Operador de telemarketing: substituição quase completa por atendimento digital.
- 2. Contador: cálculos provavelmente passarão a ser feitos automaticamente, graças à integração dos sistemas públicos e privados.
- 3. Reparador de relógios: passagem de equipamentos analógicos para digitais – com poucas peças móveis.
- 4. Corretor de seguros: cada vez mais focado em serviços sem intermediários.
- 5. Agente de crédito: simulações são feitas online, assim como a contratação de financiamentos.
- 6. Árbitro: é bem possível que, em breve, todo tira-teima seja feito com a ajuda da tecnologia.
- 7. Trabalhadores rurais: automação de lavouras, máquinas agrícolas guiadas remotamente, análise do plantio através de drones e estufas gerenciadas com sistemas inteligentes podem mudar o cenário do campo.
- 8. Operador de caixa: os clientes têm migrado progressivamente para operações de internet banking e aplicativos mobile.
- 9. Corretor de imóveis: assim como no caso dos seguros, os intermediários têm sido substituídos por serviços online, como VivaReal e Zap Móveis.
- 10. Digitador de dados: com a digitalização ficando cada vez mais avançada e capaz de detectar com perfeição documentos e fichas, os profissionais que transferem informações para computadores estão praticamente fadados a desaparecer.
Adequação é tudo
De acordo com o presidente da LHH, outra solução para evitar surpresas ao longo do caminho é se adiantar às mudanças. “Temos que estar sempre aprendendo novas tecnologias e observando os caminhos possíveis para aquela área de atuação”, analisa Figueiredo, exemplificando que, enquanto os carteiros estão sob o fio da navalha por causa da diminuição das correspondências e da popularização da comunicação digital, esse mesmo cenário – e o das compras pela internet – se revela promissor para o setor de logística.
É preciso se manter atualizado e buscar especializações para continuar sendo competitivo
Para muitos dos entrevistados a respeito do tema, o problema é que os jovens não contam com um bom sistema de educação que os prepare para essa realidade. As pessoas não têm medo de errar, de trocar de emprego e mudar os rumos de sua carreira quantas vezes forem necessárias, mas não há um ecossistema que guie adequadamente o profissional. “As universidades pararam no tempo. A maioria prepara os estudantes para profissões que não existem mais”, acredita Tiago Mattos, fundador da escola de atividades criativas Perestroika.
O autodidatismo – seja através de softwares próprios para isso ou aulas via YouTube –, o aprendizado mobile e até aulas online são vistas com bons olhos para reverter esse quadro. O último item, aliás, tem sido um bom segmento para os professores, uma categoria que, historicamente, não é muito valorizada e que acaba encontrando na internet a chance de atingir um novo público e se adequar à demanda por horários mais flexíveis dos alunos.
Uma época de oportunidades
Instalação de sistemas domésticos inteligentes é uma profissão do futuro
Toda essa mudança de paradigmas no ambiente corporativo, no entanto, não traz apenas alertas e um futuro duvidoso ao profissional. A tecnologia e o leque de oportunidades trazido por suas ferramentas fazem com que alguns tipos de carreiras sejam extremamente desejáveis daqui a alguns anos. O próprio estudo da Ernst & Young indica ao menos sete campos de atuação que podem ter destaque no mercado em 2025. Confira:
Sete em alta
- 1. Professional triber: tem a função de integrar pessoas de diferentes culturas em um mesmo projeto, ajudando a manter a harmonia do grupo.
- 2. Professor freelancer: o educador que pode atender às necessidades específicas de cada aluno, seja em atendimento domiciliar ou através da web.
- 3. Fazendeiros urbanos: profissionais que seguem a tendência da produção de alimentos orgânicos nas grandes cidades.
- 4. Cuidadores: diversos fatores acabam impulsionando a demanda por pessoas que cuidem de idosos, como o aumento da expectativa de vida e a mudança no comportamento das famílias.
- 5. Instaladores especialistas em Smart Houses: com cada vez mais ferramentas e dispositivos à disposição do público, os clientes têm procurado especialistas que possam integram sistemas inteligentes a suas casas.
- 6. Designers de impressão 3D: profissionais que viabilizam as ideias dos clientes, transformando projetos, próteses e protótipos em produtos reais.
- 7. Designers VR: especialistas que conseguem criar verdadeiras experiências em realidade virtual para empresas, museus e cinemas – criando visitas digitais, passeios e até viagens imersivas
Além disso, outra leva de profissões pode acabar ganhando seu lugar ao sol até a data, indo desde peritos forenses digitais e especialistas em energias alternativas a analistas de gestão e consultores de estratégia. Os especialistas em praticamente todos os campos do Direito também devem continuar sendo requisitados, embora os advogados focados nas áreas de direito internacional e de arbitragem possam levar vantagem diante de seus pares. E aí, você acha que está bem encaminhado ou vai ter que mudar de setor muito em breve?
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