Apocalípticos e integrados. Para quem estudou na área de comunicação, o termo criado pelo escritor italiano Umberto Eco – e que dá título a um de seus principais livros – resume dois tipos atitudes que os seres humanos em geral adotam perante a tudo.
Os apocalípticos são aqueles mais alarmistas, que tendem a se desesperar com qualquer situação que fuja ao controle. Já os integrados preferem se adaptar ao ambiente, entendendo as adversidades com uma oportunidade de aprendizado e se esforçando para se manterem em equilíbrio.
Observar o comportamento dos campuseiros, já em seu segundo dia de atividades na Campus Party, é a oportunidade perfeita para perceber a transformação pela qual muitos deles passam durante essa divertida e, ao mesmo tempo, desgastante experiência de vida.
Dualidades por todos os lados
Embora os espaços do Campus Central sejam livres para que cada um possa escolher se sentar onde bem entender, é possível perceber os grupos similares sempre dispostos em áreas específicas.
Os gamers que preferem os jogos online ficam mais isolados e distantes, em um dos extremos da área. Eles chamam a atenção pelas telas imensas e pelo pouco barulho que produzem. Concentração é a palavra-chave para defini-los.
Em outra ponta ficam os usuários hardcore, aqueles que não se contentam apenas em ter um computador com configuração de alto desempenho, mas querem mexer no equipamento, modificar os cases e partir em busca de um detalhe mínimo que possa significar um acréscimo de velocidade.
No centro de tudo fica a área de imprensa. É dali que o jornalistas e blogueiros acompanham tudo o que acontece. As conversas são intensas e o volume de informação recebido a cada minuto beira o absurdo. Impossível absorver e processar tudo isso.
Mac e gamers dominam
As estatísticas comprovam que o Windows é o sistema operacional mais utilizado em todo o mundo. Entretanto, com exceção dos gamers e suas máquinas poderosas, o que mais se vê pela Campus Party são usuários com Linux nos desktops.
Já entre os portáteis, o Macbook é disparado aquele com maior número de usuários. Diferente do grande público, os campuseiros em geral são aqueles geeks mais ligados em tecnologia e, por isso, preferem aqueles sistemas que melhor se adaptem às suas necessidades, ainda que sejam minoria.
A febre dos tablets, ao que parece, ainda não chegou por aqui. Apesar de encontrarmos vários usuários com um deles em mãos – maioria absoluta para iPads – o número é pequeno e pouco significativo. Há muito mais netbooks, por exemplo, do que tablets.
A vida por um fio
A Campus Party não é um ambiente Wi-Fi. Para se conectar à rede é preciso plugar um cano no seu computador e eles estão espalhados aos milhares, por todos os lados. Na área central, no lounge e na plateia das palestras, por tudo é possível ver os cabos azuis passando pelo lugar.
É comum encontrarmos situações que seriam inusitadas nas ruas. Vemos usuários carregando seu notebooks no colo e digitando enquanto andam de um setor para outro, por exemplo, e isso é visto com a maior naturalidade possível. Máquinas fotográficas e o estourar de flashes são constantes.
E para quem ainda imagina que games violentos jogados em excesso e o confinamento, ainda que voluntário, são fatores que tornam as pessoas agressivas, vale uma ressalva: enquanto estivemos por aqui, não presenciamos nenhuma briga ou desentendimento.
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A Campus Party acontece em São Paulo até o próximo dia 22 de janeiro. Fique ligado no Baixaki para conferir tudo que rola no evento e até a próxima.