Uma semana com os amigos em um lugar com internet de 10 GB e uma programação de eventos e palestras com alguns dos principais nomes do mundo tecnológico. A proposta parece tentadora e, de fato, estar presente em uma edição da Campus Party é uma oportunidade única.
Em sua quarta edição no Brasil, o evento deste ano, realizado na cidade de São Paulo, apostou em nomes de peso como o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, o criador do protocolo WWW, Tim Berners-Lee, ou John ‘Maddog’ Hal, um dos expoentes da comunidade Linux.
Entretanto, apesar do cardápio variado de palestrantes e de um total de mais de 100 oficinas e palestras ao longo de uma semana, a edição de 2011 do evento revelou uma série de problemas técnicos e de infraestrutura, capazes de fazer qualquer um questionar se vale a pena ou não investir em uma aventura como essa.
Tudo a mil maravilhas
Navegar e fazer downloads numa internet de 10 GB. Por mais que uma série de problemas possam estar acontecendo lá fora, acredite, isso é mais do que o suficiente para manter mais de 6 mil jovens entretidos por longas horas.
Para os campuseiros, como são chamados aqueles que acampam no evento, a diversão e o fato de eles estarem junto aos amigos navegando, jogando e fazendo downloads ilimitados parece ser o retrato perfeito do que se espera de um acampamento moderno.
A disposição dos palestrantes e de toda a comunidade em compartilhar conteúdo e informações, sempre solícitos para esclarecer alguma dúvida sobre programação ou sobre alguma das novas tecnologias aqui presentes também é contagiante. A palavra “comunidade” define perfeitamente o espírito do evento.
Para quem acompanha o evento do outro lado, o da imprensa, como é o caso do Baixaki, se contentar apenas com uma ótima infraestrutura de navegação e uma programação recheada de atrativos é muito pouco. Para relatar uma Campus Party, é preciso vivenciá-la e, basta ficar por algumas horas no local do evento para perceber alguns problemas.
O horror, o horror
Os principais pontos negativos talvez sejam a fraca estrutura montada para alimentação, banheiros insuficientes para os visitantes, a desorganização no trajeto de um setor para outro e a falta de informação.
Há duas praças de alimentação. A primeira onde são servidas as refeições aos campuseiros é ampla, mas insuficiente para atender a demanda. Alguns usuários chegaram a ficar até uma hora na fila antes de conseguirem comer. Já a segunda é pequena e acanhada, apenas com opções em fast food e preços bem acima do que você deve estar acostumado a pagar por aí.
A falta de informação por parte dos voluntários de atendimento irrita muitos visitantes. Um exemplo claro: a área de exposições tem duas entradas. As 21h uma delas é fechada e quem está na praça de alimentação secundária é obrigado a dar a volta no Centro de Exposições, em um espaço ao ar livre – e, na maioria das vezes, sob chuva.
No meio da tarde a fila para os bebedouros e para os banheiros era imensa. Um usuário, que precisava apenas de um garrafa dágua para refrigeração do seu PC chegou a esperar por 20 minutos na fila. Além disso, praticamente não há lixeiras, apenas nos cantos do amplo salão central.
Uma hora sem internet
Quando, por alguma razão a conexão, com a internet cai em sua região, ainda que por poucos minutos, você provavelmente fica impaciente, não é mesmo? Agora imagine deixar quase 7 mil pessoas sem internet, por uma hora, no meio de um evento de tecnologia.
Pois foi exatamente isso que aconteceu no primeiro dia. Devido a uma forte chuva no final da tarde, a energia elétrica da região sofreu um apagão e, nem mesmo os geradores do Centro de Exposições Imigrantes, foram capazes de sustentar a demanda de energia.
O resultado: nerds andando pelos corredores sem saber o que fazer, uma série de protestos bem-humorados, como a utilização de notebooks como placas de aviso e até uma procissão em homenagem à Santa Banda Larga foram algumas das saídas encontradas para driblar o incidente.
Apesar de tudo, vale a pena?
A resposta para essa pergunta é simples: sim, vale muito a pena. Os problemas que listamos, em geral, são fruto apenas da falta de organização, algo que pode ser resolvido depois de percebidas as falhas.
A Campus Party é um espaço para conhecer pessoas, estreitar laços de amizade com aqueles colegas que você conhece apenas pelas redes sociais e, acima de tudo, uma ótima oportunidade de vivência e aprendizado.
Novas ideias surgem a todo instante e, muitas delas, serão os embriões de futuros projetos de sucesso. Para quem ainda está iniciando no mundo da tecnologia, a oportunidade é excelente para conversar com profissionais de renome do mercado. Já para os mais experientes, a Campus Party é um perfeito centro de recrutamento para quem está disposto a investir em projetos pioneiros.
Caminhando por entre as barracas dos campuseiros no fim de noite e vendo o sorriso no rosto da maioria deles, mesmo com todos os contratempos, temos o retrato perfeito de que a Campus Party Brasil 2011 pode estar longe da perfeição, mas ainda assim é o ambiente ideal para o desenvolvimento dos êxitos de amanhã do mundo tecnológico.
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A Campus Party Brasil 2011 se estende até o próximo sábado, dia 22, e o Baixaki estará lá até o último dia trazendo todas as novidades que rolam no evento. Fique ligado!