O ser humano sempre foi e continua sendo – ainda mais nos dias de hoje – suscetível a modas e manias de todos os tipos. Algumas são positivas, outras negativas, umas envolvem coisas úteis e práticas para as pessoas, outras são apenas distrações, brinquedos, diversões ou mesmo inutilidades, como muitos podem chamar.
Com a internet, os espaços e tempos diminuíram muito no mundo todo. Aquilo que antigamente acabava ficando restrito a apenas um lugar ou demorava muito para se espalhar entre pessoas de locais mais distantes agora tem efeito quase imediato nas pessoas, e justamente por isso podemos arriscar com uma grande chance de acertar: os fidget spinners estão prestes a conquistar o Brasil.
Um fidget spinner clássico
O que é?
As extremidades geralmente são circulares e vazadas e podem conter luzes que piscam ou desenhos especiais que criam um efeito curioso
Se você andou muito tempo distante de um computador ou um smartphone com internet e não sabe o que são fidget spinners, vamos dar uma explicação básica: é uma espécie de pião, mas sem ponta e que gira – geralmente – nas mãos de quem brinca. Ele possui uma parte central feita por um rolamento e (mais ou menos) três extremidades que giram em torno do centro.
Os fidget spinners podem ser feitos de uma grande diversidade de materiais e formatos, mas geralmente usam rolamentos com esferas metálicas ou cerâmicas, têm corpos feitos de latão, alumínio, cobre, titânio, aço inoxidável, resina ou mesmo plástico. As extremidades geralmente são circulares e vazadas e podem conter luzes que piscam ou desenhos especiais que criam um efeito curioso quando estão girando.
Diversos tipos de fidget spinners
A história
Agora que você já sabe o que é um fidget spinner, deve estar se perguntando onde ele surgiu e o porquê de ele ter se tornado febre nos Estados Unidos e estar gradativamente se tornando mania em outros países do mundo.
Catherine buscou empresas fabricantes de brinquedos dispostas a bancar uma produção em massa do curioso dispositivo
Tudo começou com a engenheira química Catherine Hettinger, a inventora do fidget spinner, que o criou no longínquo ano de 1993 para servir como escape da energia acumulada de crianças, além de ajudar no tratamento de ansiedade, autismo e transtorno de deficit de atenção e hiperatividade.
Após ter registrado uma patente de sua invenção, Catherine buscou empresas fabricantes de brinquedos dispostas a bancar uma produção em massa do curioso dispositivo. Nenhuma considerou que o fidget spinner original tivesse apelo comercial suficiente, e o projeto acabou engavetado.
Catherine Hettinger e sua neta segurando as duas "gerações" de fidget spinners
Brinquedo registrado
A engenheira conseguiu patentear sua invenção em 1997 e passou a fabricá-la por conta própria de maneira artesanal, vendendo o brinquedo em feiras de arte nos Estados Unidos. Quando a patente venceu, em 2015, Catherine se esqueceu de pagar a taxa necessária para manter o registro e acabou deixando isso para trás.
A engenheira não acha que foi lesada nessa história, mesmo sem ganhar 1 centavo pelas vendas do produto
Mal sabia ela que algo muito semelhante ao que ela criou estaria vendendo milhares e milhares ne unidades em 2017. A engenheira, porém, não acha que foi lesada nessa história, mesmo sem ganhar 1 centavo pelas vendas do produto. O fidget spinner original que a norte-americana criou não possui as extremidades, é totalmente circular, e o método usado para girar o brinquedo é bem diferente.
A neta de Catherine Hettinger brinca com a invenção de sua avó
Segundo ela, é impossível dizer se o fidget spinner atual viria a ferir a patente que registrou ainda nos anos 1990. Ela afirma que não há provas de que sua ideia teria sido “roubada” e até se mostra feliz com a popularidade do brinquedo que supostamente teria inventado. Assim, Catherine foi entrevistada e virou matéria em uma série de publicações americanas nos últimos dias.
A versão original do brinquedo (vamos considerar dessa forma) vai ser vendida novamente por Catherine pela internet, e o projeto já está sendo custeado por uma campanha no Kickstarter que até o momento da publicação desta matéria já havia arrecadado mais de US$ 14 mil, quase R$ 48 mil, de um total de US$ 24 mil pedidos, cerca de R$ 78 mil. A ação deve ser encerrada no dia 18 de junho.
A mania
Viajando 24 anos até os dias de hoje, ninguém imaginaria – menos ainda Catherine e as empresas que negaram sua ideia – que os fidget spinners virariam a febre que estamos vendo. Os itens ocupam quase totalmente a lista dos 20 brinquedos mais vendidos na Amazon, o gigante varejista da internet.
Com um valor médio de R$ 25, é possível encontrar modelos que variam de R$ 10 a R$ 500
No Brasil, o fidget spinner ainda está chegando, discretamente, mas já pode ser encontrado em grandes lojas online, em alguns comércios físicos de brinquedos e até em bancas de jornal, que relatam uma alta considerável nas vendas nas últimas semanas. Com um valor médio de R$ 25, é possível encontrar modelos que variam de R$ 10 a R$ 500.
Fidget Spinner em ação!
Muitas escolas proibiram o uso do fidget spinner durante o período de aulas, pois o brinquedo estava distraindo os alunos
Como em toda mania, as crianças acabam sendo o principal público-alvo do dispositivo, assim como aconteceu em um passado remoto com os saudosos bichinhos virtuais, os famosos “tazos”, encontrados nas embalagens de salgadinho, os ioiôs da Coca-Cola e, mais recentemente, o jogo para smartphone Pokémon GO.
Nos Estados Unidos, muitas escolas proibiram o uso do fidget spinner durante o período de aulas, pois o brinquedo estava distraindo os alunos e prejudicando o aprendizado. A medida deve acontecer também no Brasil, caso a febre alcance o mesmo nível que está lá fora, o que é bem provável.
O brinquedo pode estar atrapalhando os alunos em sala de aula nos Estados Unidos
O propósito
Originalmente inventado para servir como um passatempo que diminui a ansiedade e ajuda crianças com deficit de atenção e hiperatividade, o fidget spinner acabou se tornando um brinquedo popular na mão das pessoas.
A ideia é que essa atividade possa ajudar a amenizar os efeitos da ansiedade, do autismo e até de transtorno de stress pós-traumático
Porém, o dispositivo já carrega em seu nome que serve para “tranquilizar” quem é mais agitado ou inquieto (“fidget”, em português, significa inquietação ou incômodo; “spinner” pode ser traduzido como girador ou algo parecido).
É mais ou menos como se o ato de ficar girando o fidget spinner substituísse atividades e manias de quem é ansioso, como roer as unhas, girar canetas nos dedos ou ficar mexendo incessantemente no cabelo. A ideia é que essa atividade possa ajudar a amenizar os efeitos da ansiedade, do autismo e até de transtorno de stress pós-traumático.
O fidget spinner pode trazer benefícios para a saúde?
Estudos na área
Ainda não há muitos estudos científicos que comprovem se o fidget spinner realmente pode ou não aliviar os sintomas desses distúrbios, mas o livro “Fidget To Focus: Outwit Your Boredom: Sensory Strategies For Living With ADHD” explica que o uso desses dispositivos serve como uma ferramenta de concentração para o cérebro, fazendo com que áreas se ocupem em vez de distraírem o resto dele com algum pensamento pouco importante.
Mais estudos são necessários para comprovar essas teorias e, no fim das contas, o fidget spinner já se tornou um passatempo divertido e contagiante
São diversas as explicações que mostram como os fidget spinners podem ajudar as pessoas, inclusive crianças, com diversas atividades, entre elas a concentração (apesar de, aparentemente, cães não serem muito fãs do brinquedo). Seja como for, mais estudos são necessários para comprovar essas teorias e, no fim das contas, o fidget spinner já se tornou um passatempo divertido e contagiante, independentemente de suas “propriedades medicinais”.
Essa cena pode ser tornar cada vez mais comum por aí
O brinquedo
Aparentemente, é inevitável que o fidget spinner se torne mania no Brasil. Além de o brinquedo já poder ser encontrado em uma infinidade de lojas físicas ou online de diversas áreas, os comerciantes já relatam uma alta quantidade de vendas, como Victor Jacques, dono da ToyShow, que afirma já ter negociado mais de 10 mil unidades do dispositivo.
Assim, seja apenas para se divertir, passar o tempo quando se está entediado ou para ajudar a tratar ansiedade e stress, você certamente ainda vai ter um disquinho giratório desses em suas mãos. Quem sabe ele não é realmente divertido?
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Bônus: se você não teve tempo ainda de comprar um fidget spinner, é possível experimentar uma versão virtual do brinquedo clicando aqui (meu recorde foi 34.563 RPM, e o seu?).
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