A área dedicada aos jogos independentes na BGS está maior este ano. Completamente tematizado e cheio de títulos promissores, o espaço serve como vitrine para que os desenvolvedores de estúdios menores apresentem suas propostas. Dá orgulho ver a força do nosso mercado criativo, pois há talentos do Rio de Janeiro, de Salvador, de São Paulo e de outros pontos do Brasil.
O TecMundo Games deu um giro no local para conferir de perto alguns dos destaques desse cenário, que está em crescimento exponencial e mostra a ponta de um iceberg imenso a emergir. Os jogos à disposição dos visitantes presentes na maior feira de games da América Latina mostram que nosso mercado é uma realidade, não uma opção.
Há títulos dos mais variados gêneros e para todos os gostos. São games que, em sua maioria, têm o PC como plataforma primária, mas estão sujeitos a futuros portes, que podem alcançar o mainstream no Xbox One, PS4 e PS Vita, além do mobile.
Estúdios de São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e mais
É admirável notar o talento de desenvolvedores oriundos de diversos pontos do Brasil. Em nosso tour, conversamos com artistas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Salvador, o que mostra um panorama bastante vertical no segmento.
A cultura do Brasil tem uma marca registrada: ela é diversificada. Basta querer que é possível explorar milhares de propostas em cima dessa premissa. Com a chegada do Windows 10, por exemplo, a tarefa de desenvolver jogos ficará mais fácil, uma vez que o código de programação será universal, o que facilita substancialmente a vida dos desenvolvedores e permite que eles entreguem um jogo a mais plataformas – os dispositivos Microsoft, no caso, se beneficiam muito disso (PC, Xbox One, Surface, Windows Phone).
Os estúdios e jogos adiante são apenas alguns dos destaques que o TecMundo Games preparou para vocês. Nosso tour continua até segunda-feira, dia 12, quando a BGS termina. Até lá, vamos complementar esse material.
Odin Game Studio: portfólio diversificado
Com nove membros na equipe, o estúdio paulistano Odin Game Studio tem um portfólio diversificado e voltado a vários perfis. O time já trabalhou em advergames e apps no passado, mas agora se dedica integralmente ao desenvolvimento de jogos.
Os últimos projetos são versáteis:
- Enforcer (PC): simulador de polícia que lembra Driver e GTA;
- Better Late Than Dead (PC e PS4): game de sobrevivência em que o protagonista deve escapar de uma ilha e pode construir itens;
- CTU (PC): Counter Terrorism Unit: shooter tático inspirado em Swat e Rainbow Six
- Aerea: Scattered Lands (PC e PS Vita): RPG isométrico que lembra Bastion e Diablo, com muita pancadaria e sistema de upgrades;
- World Ship Simulator (PC): simulador de navios em que é possível comprar barcos e gerenciá-los num sandbox enorme.
Além dos jogos acima, a Odin tem uma bela seleção no cenário mobile, com Heist and Run, Keep Out Zombies, Teacher’s Cube e Cow Up.
De todos os títulos, Aerea: Scattered Lands é o mais proeminente. Visto como carro-chefe pela equipe, o game de ação e RPG terá jogatina cooperativa para até quatro players simultâneos na mesma tela, localmente. A proposta isométrica lembra muito Bastion, Diablo e afins.
A principal característica do jogo é a pegada musical: cada personagem terá uma habilidade especial baseada em algum instrumento, e todos os chefes têm um formato especial nesse sentido. Enfrentamos uma gaita gigante ao término da demo, por exemplo. O plano da equipe é lançar o game em 2016. “É o nosso carro-chefe. A proposta é grande, estamos nos dedicando muito. O apoio de vocês é muito importante”, disse Alexandre Kikuchi, co-fundador do estúdio, ao TecMundo Games.
Reload Game Studio
Localizada em São Paulo, a Reload Game Studio produz games há mais de cinco anos. A filosofia da equipe é “trazer de volta a magia dos jogos clássicos usando novas tecnologias e ferramentas”.
O time foi coroado com a posição de finalista no Square Enix Latin America Contest 2012, reconhecimento que deu projeção ao estúdio paulistano.
Os últimos jogos da Reload trazem diversidade:
- Get Over Here: game de batalhas em arenas para até quatro jogadores;
- Cheesecake Cool Conrad: jogo de plataforma 2D gravitacional com suporte para até quatro jogadores em co-op;
- Run for Rum: RPG tático cheio de humor e estratégia.
O título que mais chamou a atenção foi Da Wolves, que segue o estilo clássico dos jogos de nave antigos (os shoot ‘em up) e resgata o ar nostálgico da era noventista dos fliperamas, em que a dificuldade é balanceada de forma a desafiar os jogadores. “A ideia é trazer um desafio diferente e ao mesmo tempo nostálgico. As naves têm munição limitada, ou seja, não adianta sair atirando. Colocamos algumas coisas diferentes no jogo”, explicou Rômulo Gomes, artista do estúdio, ao TecMundo Games.
A aventura espacial tem alguns temperos interessantes. Os inimigos destruídos se transformam em peças que flutuam no cenário e devem ser coletadas por sua nave, que cresce conforme captura. Cada personagem tem uma habilidade diferente que pode ser ativada quando a barra de especial estiver cheia.
Unique Game Studio
A Unique Entretenimento Digital é um estúdio alocado em Salvador, na Bahia, e traz dois projetos interessantes em seu estande da área indie na BGS: Guerreiros Folclóricos e Cosmus.
A história da equipe é curiosa. O primeiro título, por exemplo, foi concebido há mais de 10 anos, mas só está em desenvolvimento há poucos meses. A proposta é ambiciosa e conta com o poder do Unreal Engine 4, numa demonstração que forma filas e chama a atenção dos visitantes circulando no espaço.
Inspirado por games como God of War e The Elder Scrolls V: Skyrim, Guerreiros Folclóricos coloca o jogador no controle de Kambaí, um corajoso indígena que deve enfrentar criaturas do folclore brasileiro, como o Saci e a Mula-Sem-Cabeça.
“Nossa cultura é muito diversificada. Há muitas criaturas em nosso folclore. Acho que podemos criar mais projetos com isso. Estamos nos empenhando [em Guerreiros Folclóricos]”, contou Joe Santos, diretor de arte, ao TecMundo Games. A plataforma primária do game seria o PC.
O outro projeto é Cosmus, game em que um vigilante espacial toma conta da joia do equilíbrio, uma pedra poderosa que mantém o planeta Astero estabilizado. Sabendo da sua energia poderosa, o Doutor Lunar pretende roubá-la e utilizar sua força para criar um exército de máquinas que vão governar e transformar todos os planetas do universo. O game é um side-scrolling 2D com elementos que lembram Mega Man e Contra.
Overlord Game Studio
Composta por apenas quatro membros, a Overlord Game Studio está no Rio de Janeiro e tem um projeto que o TecMundo Games adorou experimentar: o game Tiny Little Bastards, aventura em plataforma 2D com os melhores elementos da fórmula Metroidvania.
O game conta a história de Ivarr, um viking forçado a ir à luta para defender sua taverna e sua amada cerveja. A história é contada num mundo habitado por personagens inspirados em diferentes culturas e mitologias (africana, chinesa, celta, viking). De acordo com a equipe, o jogo é 90% baseado em humor e 10% baseado em situações e diálogos completamente sem noção.
Tiny Little Bastards conta com um belo trabalho de arte, num estilo gráfico desenhado à mão, e permite que o jogador explore os ambientes em “backtracking”, isto é, quando ele coleta itens e desbrava o mapa livremente para acessar novas áreas. Além da campanha, há um modo multiplayer que coloca até quatro jogadores em batalhas de arena.
“Ainda precisamos trabalhar em algumas animações e acertar um monte de detalhes. Isso aqui é um pré-alpha. Queremos colocar muitas quests, aprimorar o sistema de upgrades, ajustar essas coisas. O feedback tem sido positivo”, explicou Yan Magalhães, co-fundador e game designer na Overlord, ao TecMundo Games. O game deve chegar primeiramente ao PC no segundo semestre de 2015.
Esses são apenas alguns dos destaques que separamos a vocês. Conforme mencionado, a área indie da BGS 2015 está generosa, e vamos continuar postando todas as novidades aqui. É reconfortante constatar que, mesmo diante de tantas adversidades que temos no Brasil, nosso mercado não para, e talentos daqui estão surgindo aos montes. O horizonte é melhor do que podemos imaginar.
O que você achou das ótimas propostas dos jogos indies brasileiros na BGS 2015? Comente no Fórum do Baixaki Jogos.
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