Duplicação de ciclovias: uma urgência tão grande quanto a expansão de avenidas?

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*Por Francisco Forbes.

Nos últimos anos, a mobilidade ativa tem ganhado força em cidades ao redor do mundo. No Brasil, bicicletas e patinetes elétricos são cada vez mais populares, impulsionados por questões econômicas, sustentáveis e de saúde.

Apesar disso, a infraestrutura cicloviária, essencial para a segurança e eficiência desse tipo de transporte, permanece insuficiente, especialmente nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

Como mencionado no artigo “Perigo nas ciclovias: quem realmente deve usar esses espaços?”, publicado no TecMundo, o número crescente de acidentes envolvendo ciclistas e outros usuários das ciclovias expõe os limites da infraestrutura atual. Muitos desses incidentes poderiam ser evitados com redes cicloviárias mais amplas, seguras e interconectadas.

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Ciclovias no limite

Em São Paulo, as ciclovias da Avenida Paulista e Av. Brig Faria Lima, que são símbolo da mobilidade ativa na cidade, enfrenta congestionamentos frequentes nos horários de pico. As disputas por espaço entre bicicletas, patinetes e até pedestres são cada vez mais comuns. Outras ciclovias importantes, como as que ligam o centro a bairros periféricos, sofrem com a superlotação e a falta de manutenção.

No Rio de Janeiro, a famosa ciclovia da orla, utilizada tanto por moradores quanto por turistas, já ultrapassou sua capacidade. A ausência de uma malha integrada força os usuários a dividirem espaço com carros em alguns trechos, aumentando os riscos de acidentes e reduzindo a atratividade do modal.

Esses exemplos deixam claro: a revisão e ampliação das ciclovias não é apenas uma questão de conveniência, mas de segurança.

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Acidentes e segurança no trânsito

O crescimento no uso de bicicletas, aliado à falta de expansão e manutenção das ciclovias, tem contribuído para o aumento de acidentes. Dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) mostram que ciclistas estão entre os grupos mais vulneráveis no trânsito, especialmente em áreas onde a infraestrutura cicloviária é precária ou inexistente.

Estudos indicam que ciclovias bem projetadas podem reduzir drasticamente a frequência e a gravidade dos acidentes envolvendo ciclistas. Mas, para isso, é necessário tratar a mobilidade ativa com a mesma seriedade com que tratamos o transporte motorizado.

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A prioridade de expandir ciclovias

Enquanto a duplicação de avenidas continua sendo a solução padrão para os problemas de trânsito, cidades ao redor do mundo mostram que a mobilidade ativa pode transformar a dinâmica urbana. Paris, com seu Plan Vélo, investiu pesado na ampliação de ciclovias, transformando ruas antes dominadas por carros. Em Bogotá, a malha cicloviária de mais de 600 km prova que priorizar bicicletas é viável e eficiente.

No Brasil, ainda estamos longe desse cenário ideal. Ciclovias são frequentemente vistas como secundárias, e os investimentos nessa infraestrutura não acompanham a crescente demanda. Além disso, as existentes precisam ser revistas e integradas, para que possam atender de forma eficiente ao volume de usuários.

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Um futuro sustentável e seguro

Duplicar ciclovias não é apenas uma questão de urbanismo – é um passo para cidades mais sustentáveis, seguras e inclusivas. Priorizar essa expansão significa reconhecer que a mobilidade ativa não é uma tendência passageira, mas uma necessidade para o futuro.

Se estamos dispostos a duplicar avenidas para atender ao fluxo de carros, por que não tratar as ciclovias com a mesma urgência? Afinal, investir em ciclovias é investir em qualidade de vida, em saúde pública e em um modelo de cidade que prioriza as pessoas, e não os veículos.

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Francisco Forbes é CEO da Whoosh BR, multinacional líder em micromobilidade que promete restabelecer as patinetes elétricas como um meio de transporte no país. Fundador da Infracommerce e Seed Digital. Foi diretor da Hyperloop Transportation Technologies (US), é investidor e professor.

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