As bicicletas elétricas têm conquistado espaço nas grandes cidades brasileiras, mas seu potencial vai muito além dos centros urbanos. Em cidades pequenas e no interior do Brasil, onde os deslocamentos são curtos e o trânsito é menos intenso, as bikes elétricas poderiam se tornar uma solução prática, tranquila e sustentável. No entanto, apesar das vantagens evidentes, alguns desafios ainda dificultam a popularização desse meio de transporte fora das metrópoles.
Um dos principais entraves é a infraestrutura limitada. Ciclovias são quase inexistentes na maioria das cidades menores, e o compartilhamento seguro das vias entre carros, motos, pedestres e bicicletas ainda é um desafio.
No site Ciclomapa, plataforma colaborativa que reúne dados sobre a infraestrutura cicloviária no Brasil, é possível ver a clara discrepância ao comparar as capitais com cidades do interior. Sem esse suporte básico, muitos potenciais usuários desistem de adotar as bikes elétricas como alternativa diária.
E outro obstáculo é o custo inicial. Embora o uso das bicicletas elétricas seja mais econômico a médio e longo prazo, o preço de compra ainda é um fator que limita sua adoção, especialmente em cidades do interior, onde a renda média costuma ser mais baixa. Isso pode ser um impeditivo para muitas pessoas que, apesar de reconhecerem as vantagens, não conseguem arcar com o valor de um modelo adequado às suas necessidades.
Há ainda a resistência cultural em relação à adoção de novas formas de mobilidade. Em muitas cidades pequenas, veículos mais populares como motos e carros ainda são vistos como principal opção de transporte, e a mudança de mentalidade para a bicicleta elétrica pode ser um desafio. É necessário promover a conscientização sobre os benefícios desse meio de transporte, destacando não só suas vantagens ambientais e econômicas, mas também seu potencial para melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.
De qualquer forma, os desafios vêm acompanhados de oportunidades únicas. A menor densidade populacional e os trajetos mais curtos favorecem o uso das bicicletas elétricas, que oferecem uma solução prática para tarefas cotidianas, como ir ao mercado ou ao trabalho, sem depender de outros modais. Além disso, em regiões onde o transporte público é escasso, as e-bikes podem preencher uma lacuna importante na mobilidade local.
Outro ponto favorável é o custo-benefício. Apesar do investimento inicial, o custo de uso das bicicletas elétricas é significativamente menor que o de veículos motorizados, tornando-se uma alternativa econômica para as famílias. Quando aliadas a programas municipais de incentivo, como descontos em impostos ou subsídios para aquisição, as bikes podem se tornar acessíveis para um público ainda maior.
Para que a mobilidade elétrica se expanda além dos centros urbanos, é necessário um esforço conjunto. Investir em infraestrutura e criar políticas públicas que favoreçam o uso de bicicletas é fundamental para tornar a mobilidade mais eficiente e sustentável.
As bicicletas elétricas têm tudo para ser protagonistas dessa transformação, mas é necessário quebrar as barreiras que ainda as mantêm restritas aos grandes centros. O momento de aproveitar todo esse potencial está chegando – e a mudança para um futuro mais limpo e acessível depende de cada um de nós.
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*Bruno Affonso é diretor e cofundador da Lev, empresa líder no segmento de bicicletas elétricas no Brasil.