Demorou, mas o Volkswagen Tiguan Allspace finalmente voltou a ser oferecido no Brasil. Agora em versão única R-Line, o SUV mais caro da marca no país retornou com menos pompa e mais polêmica, mas será que ainda é um bom produto?
Para responder a essa pergunta, o TecMundo passou dez dias ao volante do utilitário alemão e rodou mais de 1.700km entre ruas e estradas, a fim de descobrir como as alterações promovidas pela montadora impactaram o convívio com o modelo feito para sete ocupantes. Atualmente, seu preço de tabela é de R$286.590.
Nosso exemplar testado veio na cor Branco Puro e o teto solar panorâmico.Fonte: Yuri Ravitz
Externamente, a VW trouxe novos faróis, grade frontal e para-choque na dianteira, novas rodas nas laterais e, na traseira, lanternas com novo arranjo interno de luzes e novo para-choque. Os pneus também foram trocados: os antigos 255/45 R19 deram lugar a compostos de medidas 235/50 R19, mais altos e estreitos, favorecendo o consumo e o conforto a bordo.
Na parte interna, o Tiguan Allspace 2024 traz um novo volante com comandos capacitivos (um "touch" que precisa ser pressionado), controles de ar condicionado tipo touch, apliques imitando fibra de carbono, iluminação ambiente personalizável até nas portas traseiras e soleiras iluminadas nas portas dianteiras. O novo emblema R aparece em várias partes.
No pacote tecnológico, o SUV alemão perdeu os faróis de neblina, o recurso auto hold e o som assinado pela Dynaudio, mas ganhou assistente de permanência em faixa, monitoramento de tráfego traseiro, a já citada iluminação ambiente e os avançados faróis IQ.Light com tecnologia Matrix, direcionais e adaptativos, com a grade frontal iluminada como no ID.4, por exemplo.
Bancos dianteiros têm aquecimento, resfriamento, ajuste lombar e de distância do encosto de cabeça.Fonte: Yuri Ravitz
Debaixo do capô, o 2.0 turbinado a gasolina continua presente, mas foi recalibrado para atender as novas normas de emissões. Agora são até 186cv e 30,6kgfm contra 220cv e 35,7kgfm do modelo anterior, o que deixou o SUV mais lento nas retomadas e no 0 a 100km/h: ele leva 9,3 segundos contra 6,8 segundos do seu antecessor.
Além disso, a tração integral 4MOTION saiu de cena, deixando apenas as rodas dianteiras como motrizes e, por fim, o câmbio automatizado DSG de dupla embreagem e sete velocidades foi substituído por um automático convencional de oito marchas. Para compensar, o consumo melhorou: nossa média geral foi de 14km/l cravados.
Na prática, a perda da tração integral não será sentida pela maioria dos condutores, entretanto, o enfraquecimento do motor pode ser bastante perceptível na estrada, pois o Tiguan R-Line antes da reestilização era praticamente um "Golf GTI para a família". No uso urbano, contudo, o novo conjunto mecânico se comporta com bastante decência e solidez.
Cockpit traz painel de instrumentos 100% digital, multimídia Discover Media e acabamento escurecido.Fonte: Yuri Ravitz
Apesar de tudo, seria injusto dizer que o Tiguan R-Line se tornou um veículo lento. Seu desempenho atual se nivela ao de SUVs compactos com motor 1.0 turbo, ou seja: ele consegue fazer tudo o que se propõe e não demonstra insuficiência mesmo quando está cheio. A diferença é que deixou de ser o "canhão" de antes, com performance de sobra.
Para amenizar isso, a condução continua prazerosa e o acerto dinâmico do utilitário impressiona por sua capacidade de fazer curvas com pouca ou nenhuma rolagem de carroceria. O pedal do acelerador chega a ser excessivamente sensível em certos momentos e o câmbio, mesmo não sendo mais um DSG, funciona com bastante eficiência.
No mais, o pacote tecnológico segue muito bom e inclui: ar condicionado de três zonas, sensores de estacionamento em 360º, piloto automático adaptativo, rebatimento elétrico e desembaçador dos espelhos externos, sensores crepuscular e de chuva, frenagem autônoma de emergência, câmera de ré, carregador por indução, entre vários outros.
Segunda fila de bancos pode ser deslocada para frente, aumentando o espaço da terceira fila.Fonte: Yuri Ravitz
O acabamento também agrada com toda a parte superior do painel em espuma injetada, macia ao toque, bem como as quatro portas com a porção central em couro e as portas dianteiras com a porção de cima em material de toque suave. Os bancos da segunda fila são bipartidos e o encosto pode ser reclinado, contando ainda com apoios de braço na frente e atrás.
Já a última fila, como de praxe, só acomoda crianças; apenas leve adultos em casos de emergência e/ou trajetos curtos. Pena não haver absolutamente nada para quem viaja ali como saídas de ar, portas USB ou luzes de cortesia. A tampa do porta-malas conta com abertura elétrica e sensor no para-choque para abrir por gesto simulando um chute.
Um fato curioso é que o Tiguan R-Line 2024 não adotou o onipresente VW Play: em seu lugar há o longevo Discover Media que, por trazer GPS nativo, permite espelhamento do mapa no cluster de instrumentos. A interface é fluída e não dá erros, mas a tela de 8 polegadas pode desagradar pelo tamanho diminuto em relação a outros equipamentos nos rivais.
Terceira fila fica embutida no porta-malas, mas pode ser montada facilmente.Fonte: Yuri Ravitz
No final das contas, o Tiguan R-Line 2024 ainda vale a pena? Depende. Se você gostava ou até comprava o SUV alemão pelo desempenho, talvez se decepcione ao volante do atual. Se, por outro lado, aprecia o conjunto por suas outras qualidades, vá em frente, pois elas continuam presentes e o convívio diário com ele ainda é muito bom.
Entretanto, beirando os 300 mil reais, já é possível adquirir modelos híbridos ou até 100% elétricos que entregam as mesmas qualidades e outras mais, embora não comportem sete passageiros. Se você não pode abrir mão da terceira fila e não faz questão de tanta performance assim, o Tiguan R-Line 2024 pode ser seu futuro carro.
Mas vale lembrar que, além de ter chegado com muito atraso, ele está defasado: lá fora, a terceira geração do Tiguan já foi apresentada com evoluções em todos os aspectos, mas sem a carroceria de sete lugares. Essa opção ficará com o futuro Tayron, a versão estendida do novo Tiguan que será lançada na China e, ao que tudo indica, virá para o Brasil futuramente.
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