O câmbio automático caiu nas graças do motorista brasileiro. Antes restritas a modelos de luxo ou versões top de linha, as transmissões que dispensam trocas manuais já dominam o mercado e são preferidas pela maioria dos motoristas do dia a dia.
O último levantamento feito sobre essa mudança de comportamento partiu da S&P Global, apontando que entre 2012 e 2022, a preferência do consumidor brasileiro pelos carros automáticos saltou de 15% para mais de 60% ao longo desses dez anos; o mesmo estudo estima que os modelos manuais representem apenas 5% das vendas até 2030.
Mas é importante lembrar que o termo "automático" não se popularizou sozinho. O nome "automatizado" cresceu na mesma proporção, gerando muitas dúvidas sobre as semelhanças e discrepâncias entre os tipos de transmissões. Para ajudar a entender melhor o assunto, o TecMundo preparou uma breve abordagem que vai desmistificar tudo em detalhes.
Com a popularização do câmbio automático, as marcas passaram a "ostentar" a informação nos carros.Fonte: Yuri Ravitz
Conhecendo o câmbio automático
Já se passaram mais de 100 anos desde os primeiros projetos de transmissão automática para veículos, mas a primeira caixa automática a ser fabricada e comercializada em massa nasceu em 1939 pelas mãos da General Motors; é a famosa Hydramatic, nome que fez muitos brasileiros chamarem esse tipo de câmbio de "hidramático".
Ela já trazia o conceito aplicado até hoje nas transmissões automáticas. Em um câmbio manual, quem faz a ligação entre o motor e a transmissão é o disco de embreagem, responsável por sincronizar o funcionamento deles. Explicando de forma básica, o motor gera força e a embreagem passa essa força para o câmbio que, por sua vez, transmite para as rodas.
Em uma caixa de marchas automática, essa embreagem não existe. Em seu lugar, há um componente chamado conversor de torque que é o responsável por fazer essa "conversa" entre motor e câmbio. A grande diferença é que ele faz isso por fluidos e não por atrito como na embreagem; além disso, ele não desacopla do motor, funcionando de forma mais suave.
Câmbio automatizado foi uma tentativa que, em sua maioria, fracassou.Fonte: Arnaldo Keller
Conhecendo o câmbio automatizado
Existem diferentes conceitos que se aplicam ao termo "câmbio automatizado", porém, o mais popular deles e que foi amplamente utilizado pelas montadoras instaladas no Brasil na década passada é bem mais recente do que o câmbio automático. Ele foi pensado como uma tentativa de transmissão mais barata e igualmente eficiente, mas fracassou por diversos motivos.
Essencialmente, a transmissão automatizada é uma caixa manual: o acoplamento do motor e da transmissão se dá por um disco de embreagem que os sincroniza por atrito. Não há conversor de torque como em uma caixa automática. O "segredo" do câmbio automatizado é que a operação da embreagem e das marchas é feita por computador.
Ao invés de você precisar pisar no pedal da embreagem, a fim de desacoplar o motor da transmissão, quem faz isso é o sistema mecatrônico da caixa automatizada. De igual modo, você também não precisa escolher qual marcha colocar: o próprio computador do carro, analisando diferentes parâmetros da direção, escolherá qual marcha passar ou reduzir.
Na foto, a caixa automatizada "i-Motion" de um Volkswagen up!.Fonte: ML Centro Automotivo
Semelhanças e diferenças
Agora que você já entendeu, de forma básica, como cada transmissão funciona, a gente pode pontuar as semelhanças e discrepâncias entre elas. Para começar, é bom ressaltar que a interface de operação não muda: há apenas dois pedais (freio e acelerador) e um seletor de câmbio com P, R, N e D, seja um veículo automático ou automatizado.
Com o carro em movimento, a coisa muda de figura e cada transmissão tem suas peculiaridades. Graças ao acoplamento constante e por fluido na transmissão automática, você pode dirigir com o pé no acelerador o tempo inteiro: se tudo estiver em ordem, o funcionamento será absolutamente suave e sem trancos, como deve ser sempre.
Já na transmissão automatizada, se você fizer isso, o sistema dará trancos. O problema é que, por conta da presença da embreagem, o motor é desacoplado da transmissão nas trocas de marcha e acoplado novamente em seguida. Se você não soltar o acelerador nessa troca, a embreagem precisará equalizar o funcionamento dos dois à força, o que causa o tranco.
Câmbio automatizado "Dualogic", da Fiat, foi um dos mais populares.Fonte: Divulgação/Stellantis
A manutenção também é bem diferente. Normalmente, o câmbio automático pede apenas revisões e/ou trocas de óleo e seu respectivo filtro. Já a caixa automatizada, por outro lado, pode pedir a troca do kit de embreagem e de componentes da parte mecatrônica, o que pode sair bem caro. Não à toa, alguns donos optam por convertê-las em caixas manuais padrão.
No final das contas, o câmbio automatizado caiu em desuso por conta dos fatores como o custo elevado de manutenção e o comportamento ruim em vista dos automáticos tradicionais. Hoje em dia, apenas os automatizados de dupla embreagem ainda são utilizados, mas sua construção e seu desempenho são bem diferentes e ficarão para uma outra matéria.
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