No começo do mês de setembro, a Sony anunciou alguns novos modelos de hardware para quem gosta de escutar música em alta resolução. São equipamentos com a capacidade de ler e reproduzir sons com uma clareza muito maior do que os aparelhos normais e focados em um público entusiasta que vem crescendo cada vez mais.
Porém, o que exatamente é música em alta resolução e qual é a necessidade de um aparelho próprio para esse tipo de reprodução? A qualidade de um áudio é algo que se pode medir a partir de quanto o som original foi comprimido para caber em naquele arquivo (entre outros fatores) e pode ser comparada com a resolução de câmeras e televisões.
O que são arquivos de áudio Hi-Res
Um arquivo de música em alta resolução é aquele que foi comprimido o mínimo possível, visando preservar ao máximo a curva original do som de forma que nada seja perdido. Para entender como isso funciona, basta pensar em formatos de imagem como o RAW, JPG e GIF.
Assim como para a imagem, a compressão do som afeta a sua qualidade final. (Fonte da imagem: Reprodução/Sony)
Enquanto o RAW oferece o mínimo de compressão e preserva o máximo de detalhes da cena original, podendo ser ampliado e editado, uma foto em JPG não serve para propósitos profissionais. Isso porque ela pode ter sido extensamente comprimida para caber em um documento que, por vezes, não ocupa nem 1 MB no HD.
Assim como para a fotografia, um arquivo de som para ser considerado de alta resolução precisa ser capturado por um bom equipamento, que consiga diminuir as perdas ao máximo e possa gravá-lo em uma extensão que preserve a curva de som original. Dessa forma, não é possível pegar uma música em MP3 e convertê-la para um formato Hi-Res, pois ela já foi comprimida e não será possível fazer o caminho inverso.
É possível representar a qualidade de som em gráficos que comparam as perdas. (Fonte da imagem: Divulgação/Wikimedia)
Quais são os formatos de áudio mais usados
Para os entusiastas da música em alta resolução, um arquivo MP3 — por mais que ele tenha um bitrate alto, isto é, seja menos comprimido — já foi comprimido demais e não tem a qualidade necessária para ser considerado bom.
O mais comum é que as pessoas que gostam de som de qualidade usem os formatos FLAC e AIFF. Já os formatos WAV e ALAC são menos comuns, mas ainda usados. Apesar dessas variações, a maior parte das bandas que lançam os seus materiais em alta definição acabam usando FLAC, pois este consegue preservar a qualidade original e pode ser reproduzido pela maioria dos players.
Curva de som original, compressão de baixa qualidade e compressão de alta resolução. (Fonte da imagem: Reprodução/Sony)
No entanto, há também os formatos DSD(DFF) e DSD(DSF) que prometem ainda mais qualidade sonora e são considerados arquivos sem praticamente nenhuma compressão. O DSD(DFF) é usado para criar as Masters dos SACDs, um equivalente de áudio para o Blu-ray, enquanto o dSD(DSF) é uma versão do primeiro considerada mais amigável para computadores.
Esses dois formatos de áudio são comercializados em sites especializados, como o Blue Coast Records e o Super Hirez, mas não chegaram a atingir um sucesso de público, já que poucos artistas lançam os seus trabalhos com essa qualidade. Lojas que vendem músicas em FLAC, AIFF, ALAC e WAV são bem mais comuns e possuem acervos muito mais variados.
O equipamento certo
Para ficar mais claro, imagine que você ligou um aparelho de Blu-ray em uma televisão bem velha. Você provavelmente ficará decepcionado ao perceber que, apesar da mídia ser de alta qualidade, a imagem exibida na TV não atendeu às suas expectativas de qualidade.
Isso aconteceria porque a qualidade do equipamento de produção (a televisão velha), é tão importante quanto a qualidade da mídia usada (Blu-ray). O mesmo vale para o áudio. Portanto, não adiantar ter arquivos em FLAC com baixa compressão e utilizar caixas de som ou players que não estejam preparados para receber esse tipo de arquivo.
Mas isso não quer dizer que você não pode escutar uma música de alta resolução em um aparelho de baixa qualidade, significa apenas que você não aproveitará toda a qualidade que esse tipo de áudio é capaz de te oferecer.
Se você realmente quer aproveitar os áudios de alta resolução, provavelmente precisará investir em equipamentos de qualidades. A recomendação é que quando for comprar um fone de ouvido ou um aparelho de som, confira se ele suporta esse tipo de arquivo. Acompanhar as análises de especialistas no assunto ou buscar a opinião de quem já possui o produto também pode ser uma ótima alternativa antes de fazer o seu investimento.
(Fonte da imagem: Reprodução/Koss)
Além de marcas mais conhecidas, como a Sony, existem equipamentos de marcas profissionais, como a Koss e a AKG, que são encontrados apenas em lojas especializadas e costumam custar um pouco mais barato — mas tenha em mente que esse tipo de aparelho é normalmente bem mais caro do que os fones e reprodutores comuns.
Da mesma forma que não adianta reproduzir um formato de áudio com pouca compressão — como FLAC e AIFF — em um equipamento de baixa qualidade, você também não pode esperar que um bom fone, player ou sistema de som faça milagres: se você for investir no hardware, é bom se acostumar a comprar músicas em FLAC — ou, no mínimo, em MP3 de 320 kbps, caso o artista não disponibilize outros formatos.
Diferenças entre o Hi-Res e outros formatos
Apesar de esse nicho, de entusiastas em arquivos de áudio de alta qualidade, estar crescendo cada vez mais (e, por consequência, os equipamentos e arquivos estarem se popularizando), muitas pessoas argumentam que a diferença não é tão perceptível para justificar trocar o hardware e toda a biblioteca de mídia do computador.
A verdade é que normalmente as pessoas estão acostumadas com uma qualidade mediana de áudio e acabam não percebendo mais as perdas que arquivos muito comprimidos possuem. Por exemplo, além de um som mais “limpo”, um arquivo em alta definição traz mais clareza para cada instrumento tocado em uma música, por exemplo.
Com uma combinação de som profissional, você pode prestar atenção em cada faixa de som separadamente e perceber um resultado mais interessante principalmente nos extremos: sons mais graves ou mais agudos. Isso acontece pois, ao comprimir um arquivo desses, as primeiras perdas são nessas regiões, sendo que arquivos MP3 de baixa qualidade praticamente ignoram esses sons.
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