Quem se lembra das aulas de artes do ensino fundamental deve se recordar das explicações sobre como as cores são formadas. A partir do vermelho, amarelo e azul, que são chamados de cores primárias, podemos obter cores novas. Ao misturar amarelo e azul, por exemplo, temos o verde. Se a mistura for entre vermelho e amarelo, criamos a cor laranja.
E ao juntar o azul com o vermelho, obtemos roxo. Essas cores, criadas a partir da mistura das cores primárias, são chamadas de secundárias. Misturando as cores secundárias, obtemos outras cores, que chamamos de terciárias, e assim por diante.
Esse esquema de cores pode ser organizado em um círculo cromático, seguindo o sistema RYB: Red (vermelha), Yellow (amarela) e Blue (azul). Porém, ao abrirmos uma impressora, podemos perceber que os cartuchos de tinta usam outras cores base para imprimir imagens e documentos: preto, amarelo, ciano e magenta. Televisões e monitores já usam outro sistema, o famoso RGB, que é formado pelas cores vermelha, verde e azul.
Afinal, Por que isso acontece? Não parece inconsistente? Por que aprendemos um sistema nas aulas e usamos outros nas impressoras e monitores? Para entender melhor tudo isso, precisamos antes entender como as cores funcionam.
Afinal, o que é uma cor?
Parece estranho, mas as cores existem apenas para nós, dentro das nossas cabeças. O que queremos dizer é que a cor é uma sensação, uma percepção visual proporcionada pelo cérebro e pelos nossos olhos.
É possível fazer uma analogia com o gosto dos alimentos. Uma fruta será doce ou azeda de acordo com a sua composição química, que acabará estimulando determinadas regiões da língua e, com isso, transmite a sensação de sabor.
Já as cores chegam até nós por causa das propriedades físicas da luz que os objetos emitem ou refletem. Uma onda de luz é formada por energia na forma de campos elétricos e magnéticos. E assim como outras ondas, as da luz também possuem comprimento e frequência.
O comprimento de onda é a distância entre dois pontos equivalentes em uma sequência de ondas. Já a frequência mede o número de ondas que passa por um determinado ponto durante um intervalo de tempo. Essa frequência é medida em ciclos por segundo, ou Hertz. E, no caso da luz, a frequência da onda determina a cor que enxergamos.
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A luz visível para nós atua dentro das frequências que vão de 450 Terahertz a 750 Terahertz, que equivalem às cores vermelha e violeta, respectivamente. Qualquer luz fora desse intervalo é invisível para nós, como é o caso dos raios ultravioleta ou infravermelho.
Sendo assim, a cor de um objeto depende das características físicas do objeto, além do cérebro e olhos do observador. Se um objeto reflete toda a luz que chega até ele, podemos dizer que o objeto é branco. Caso a superfície do objeto absorva toda a luz, ele será preto.
Nos outros casos, o objeto terá a cor da faixa de frequência que ele não absorver. Portanto, um objeto é vermelho se absorve as frequências fora do vermelho, azul se absorve as frequências fora do azul, e assim por diante, de acordo com a cor do objeto. Mas, se um objeto emite luz em vez de refleti-la, ele será da cor da luz emitida por ele.
A partir disso, você já deve ter imaginado por que é que temos pelo menos dois sistemas de cores principais.
RGB: usado nas TVs e monitores
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O sistema de cores RGB está presente nas televisões e nos monitores que usamos diariamente. Se você aproximar o rosto de uma tela, especialmente as mais antigas, como a de um monitor CRT, conseguirá perceber diversos pixels nas cores vermelha, azul ou verde.
O propósito principal desse sistema é a representação e a exibição de imagens em meios eletrônicos, como TVs, computadores, scanners, câmeras digitais, projetores de vídeo e displays de celulares.
Mas o que torna o RGB realmente interessante é o fato de que ele tem como base o funcionamento da percepção de cores do olho humano. Grosso modo, podemos dizer que o olho possui três tipos de células conhecidas como cones, que medem a quantidade de luz vermelha, azul e verde que chegam até a retina.
Mas isso não significa, precisamente, que o olho humano usa o sistema RGB. Na verdade, os cones captam três intervalos de comprimentos de onda diferentes (curto, médio e longo) e cada um desses intervalos corresponde a diversas cores, além das três usadas pelo sistema.
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Além das cores primárias, o sistema RGB também trabalha com a intensidade em que elas são exibidas. Portanto, quando as três cores estão em sua intensidade total, elas formam a cor branca. Quando estão com a intensidade mais baixa, sem emissão de luz, formam a cor preta.
Quando a intensidade dos três componentes é a mesma, eles resultam em um tom de cinza e, quando uma das três cores primárias é mais forte que as outras, o resultado é uma cor com o matiz da primária mais intensa.
Assim como no círculo cromático dos artistas, uma cor secundária é formada com a mistura de duas cores primárias. Se as cores vermelha e azul estiverem ligadas em sua potência máxima, por exemplo, o resultado é o magenta, uma espécie de roxo avermelhado.
O RGB é o sistema utilizado por webdesigners, pois afinal os sites são exibidos em monitores ou displays. Se quiser, você pode comprovar as regras que apresentamos nesta seção em uma calculadora online de cores. Antes, tenha em mente que os seis dígitos que representam uma cor são separados em três pares, sendo que o primeiro define a quantidade de vermelho (R), o segundo de verde (G) e, o terceiro, de azul (B). Além disso, esse código das cores é representado por números hexadecimais.
Tente, por exemplo, colocar o mesmo valor para os três pares, como por exemplo, “555555”. Ao clicar em “Calculate”, você verá que a cor da página será trocada para algum tom de cinza. E, ao ativar o primeiro e o terceiro par, deixando o segundo inativo (“FF00FF”), você obterá magenta.
Porém, o sistema RGB tem uma falha: ele não define, metricamente, as cores primárias de que faz uso. Sendo assim, a representação das cores de uma imagem pode acabar variando de fabricante para fabricante.
Outros dois sistemas foram criados para aperfeiçoar o RGB, passando a definir as cores verde, azul e vermelha e, dessa forma, possibilitando um sistema absoluto de cores. Um desses sistemas é o sRGB, criado pela Hewlett-Packard em conjunto com a Microsoft e usado hoje em televisões de alta definição (HD). Além desse, também temos o Adobe RGB, que consegue exibir corretamente as cores de um sistema CMYK em um dispositivo RGB, como a tela de um notebook.
CMYK: sistema de cores para impressão
A sigla CMYK vem das cores primárias utilizadas pelo sistema: cyan (cian), magenta, yellow (amarela) e black (preta). Pode parecer estranho o fato de que a letra “K” representa a palavra black, mas há quem diga que essa foi a escolha para que a cor não fosse confundida com o azul, que já é representado pela letra “B”.
A principal diferença entre o CMYK e o RGB está no fato de que eles se comportam de maneira inversa.
Enquanto no padrão RGB a mistura das três cores primárias resulta em branco, o contrário acontece no CMYK: precisamos misturar as cores para obter preto e removê-las para que tenhamos a cor branca.
Isso se deve aos fatos de que o RGB é utilizado em equipamentos que emitem luz e de que as luzes coloridas são aditivas: quando as cores primárias desse sistema são combinadas, elas resultam na luz branca, que contém todas as outras cores do espectro.
Já as tintas funcionam de maneira oposta, são subtrativas: ao combinar as cores primárias, obtemos o preto, já que as cores das tintas refletem luz, em vez de emiti-las.
O branco ajuda a controlar a saturação das cores geradas no sistema CMYK e, por isso, as impressões funcionam melhor com folhas brancas do que coloridas, já que as tintas não são completamente opacas, mas translúcidas.
A importância da cor preta
Outro ponto importante a ser esclarecido sobre a cor preta dentro do sistema CMYK é o fato de que ela está presente não apenas por ser qualitativamente necessária, mas também porque ela torna o processo de impressão mais eficaz e econômico.
Se misturarmos as tintas de cor ciana, magenta e amarela, obtemos um marrom muito escuro, mas que não chega a ser preto. Dessa forma, ao misturar as três cores para obter preto, estaríamos gastando mais tinta do que o necessário e obtendo um resultado não muito satisfatório.
Além disso, a tinta preta também ajuda a tornar a impressão mais legível.
Alguns elementos que normalmente são impressos em preto, como textos, possuem detalhes pequenos e importantes. Um exemplo são as serifas presentes em algumas fontes, como a Times New Roman.
Se usarmos muita tinta para produzir a cor preta, a impressão pode ficar um pouco borrada devido ao excesso de líquido absorvido pelo papel e, com isso, prejudicar a legibilidade do texto ou de outros detalhes. Como se não bastasse, isso também tornaria o processo de secagem mais lento.
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