A briga pelo mercado de tablets está a cada dia mais disputada. Embora o iPad, o Galaxy Tab e o Xoom sejam os principais aparelhos da atualidade (briga que deve ser esquentada com a chegada do Surface), existem outros dispositivos que também possuem qualidades e mereciam um destaque maior, como é o caso do PlayBook.
O tablet da BlackBerry, que é voltado para o mundo dos negócios, possui um hardware que merece respeito e um desempenho geral considerável. Se você ainda não conhece o dispositivo da empresa canadense RIM, descubra nesta análise tudo o que este gadget tem a oferecer.
Especificação
- Tela: multitouch WSVGA de 7 polegadas e resolução de 1024x600 pixels;
- Processador: ARM Cortex-A9 dual-core de 1 GHz;
- Memória RAM: 1 GB;
- Armazenamento interno: 64 GB (existem modelos de 16 e 32 GB);
- Sistema operacional: BlackBerry PlayBook OS 2.0;
- Câmeras: frontal de 3 megapixels e traseira de 5 megapixels, sendo que ambas são capazes de gravar vídeos em alta definição (1080p);
- Conectividade: redes Wi-Fi (802.11 a/b/g/n) e Bluetooth 2.1+EDR;
- Entradas: uma porta micro-USB e uma porta micro-HDMI;
- Bateria: íon de lítio e polímero de lítio não removível de 5.300 mAh e 3,7 V com duração estimada de 10 horas em uso normal e constante;
- Dimensões: 19,4 x 13 x 1 cm (largura x comprimento x espessura);
- Peso: 425 gramas.
Aprovado
Design
A primeira coisa que nos chamou atenção no PlayBook foi o seu design. O visual do tablet é muito bonito, sendo que as suas linhas mais retas e planas dão a ele uma aparência bem elegante. O seu revestimento traseiro (que parece emborrachado) passa a sensação de robustez, além de evitar que o aparelho escorregue das suas mãos. O acabamento também é impecável.
Em um primeiro momento, as grossas bordas entre a tela e o final da carcaça parecem ser um desperdício de espaço. Contudo, bastam alguns minutos de uso para que você perceba que isso permite uma “pegada” mais ergonômica. Graças a essa característica, você pode segurar o dispositivo apoiando por completo os dois polegares sem sobrepor a área útil do display.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
É válido ressaltar que essas bordas são funcionais, o que possibilita que o gadget não tenha nenhum botão físico em sua parte superior. Além disso, os alto-falantes foram bem posicionadas pela equipe de desenvolvimento, evitando que ao segurar o PlayBook os sons sejam abafados.
Por fim, o posicionamento das entradas e botões apenas nas partes superior e inferior do aparelho evita que fios do fone de ouvido ou do cabo de energia atrapalhem a sua utilização. Contudo, devemos fazer uma ressalva: os controles de mídia e de energia são muito duros e pode ser incômodos na hora de desligar o aparelho ou ajustar o volume do player de música, por exemplo. Apesar disso, a qualidade geral do design do equipamento não é afetada.
Usabilidade
O sistema operacional do tablet da RIM e a sua usabilidade foram outros aspectos que nos surpreenderam. O BlackBerry PlayBook OS 2.0 mostrou uma fluidez impressionante, permitindo que você acesse e explore os aplicativos instalados com grande facilidade – já que ele mantém a listagem dos softwares em um menu retrátil na parte inferior da tela.
Outras sutilezas também facilitam a vida de quem o está usando. Por exemplo, arrastando o dedo da borda superior para baixo, o menu de configurações gerais da plataforma é exibido. Quando você está usando um programa em tela cheia, além do aviso sonoro uma pequena indicação luminosa no canto superior esquerdo do display é exibida. Passando o dedo sobre ela na diagonal para baixo, a barra de notificações do SO é mostrada sem sair do programa em execução.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
O teclado virtual do PlayBook tem botões grandes e bem espaçados, evitando que você digite caracteres indesejados. Além disso, ele possui excelentes opções de correções e sugestões de palavras muito precisas. Escrever nesse dispositivo, com certeza, não é um problema.
Por fim, o BlackBerry PlayBook OS 2.0 conta com aplicativos desenvolvidos especificamente para ele, possibilitando que toda a sua rotina seja baseada em softwares reproduzidos em tela cheia, e ótimos recursos de multitarefas. Você tem o tempo todo as janelas dos programas abertos à sua disposição sem precisar pressionar atalhos ou acessar diferentes menus.
Multimídia
No quesito multimídia, o tablet da BlackBerry também vai muito bem. A sua tela de 7 polegadas com ótima resolução (1024x600 pixels) e 16 milhões de cores garante a apresentação de imagens e a reprodução de vídeos com uma nitidez impressionante. Com ele, você pode assistir a gravações em 1080p sem perder a qualidade original do conteúdo.
Para complementar a sua experiência audiovisual, o PlayBook possui um sistema de som invejável. Os alto-falantes mostraram uma tremenda capacidade de reproduzir músicas e filmes no mais alto volume sem apresentar chiados, distorções ou ruídos. Embora tenhamos sentido um pouco a falta de graves, sem dúvida este dispositivo possui um dos melhores recursos sonoros da sua categoria.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
A presença da saída HDMI é mais um ponto que reforça esse lado audiovisual do gadget, permitindo que ele seja conectado em monitores e televisores de grande porte para diversas finalidades, desde profissionais com a possível apresentação em reuniões até o mero entretenimento com a reprodução de videoclipes e produções cinematográficas.
Desempenho
Nós procuramos realizar alguns benchmarks no aparelho da RIM, mas até mesmo o aplicativo mais completo do gênero na App World, o 0xBenchmark, não mostrou comparativos tão precisos quanto gostaríamos. Assim, partimos para uma avaliação apenas daquilo que pudemos perceber durante nossa análise.
De maneira geral, não temos do que reclamar do desempenho do PlayBook. Ao longo da nossa experiência com o aparelho, em nenhum momento o processador ARM Cortex-A9 dual-core de 1 GHz e o 1 GB de memória RAM titubearam para executar diversos programas ao mesmo tempo.
Até mesmo durante a reprodução de um dos jogos mais pesados para a plataforma, o Need for Speed Undercover, com seis programas em segundo plano, o tablet não apresentou sequer lentidão ou atrasos nas transições de cena. Isso significa que você pode navegar tranquilamente pela web, enquanto o calendário, a central de emails, o Facebook, a loja de aplicativos e o player de música continuam funcionando.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
Bateria
De acordo com a própria fabricante, a bateria de íon de lítio e polímero de lítio de 5.300 mAh é capaz de aguentar até 10 horas em uso moderado e constante – marca muito próxima à do iPad 2. Na prática, a fonte de energia recarregável do aparelho não deixou a desejar.
Reduzindo um pouco a luminosidade e com um uso esporádico, como verificar emails, navegar pela internet, conferir as atualizações do Facebook e dar uma olhada na previsão do tempo em períodos espaçados, conseguimos permanecer sem conectar o dispositivo na tomada por aproximadamente 33 horas.
Mexendo com maior frequência, inclusive com algumas curtas jogatinas e reproduções de vídeos, passamos um expediente inteiro de trabalho com o PlayBook ligado. Ao final desse período, ele ainda tinha cerca de 12% de bateria. Dessa forma, pudemos comprovar a boa durabilidade das cargas de bateria do tablet.
Integração com outros aparelhos da marca
O BlackBerry Bridge é um software que serve como uma ponte entre o PlayBook e outros aparelhos da marca. Por meio desse programa, caso você já possua um smartphone da RIM, é possível sincronizar contatos, mensagens, calendários, arquivos, lembretes e tarefas. Essa possibilidade de interagir com os conteúdos do celular diretamente do tablet é mais um ponto positivo deste dispositivo.
Reprovado
Loja de aplicativos
O primeiro grande problema do PlayBook, na verdade, não está no eletrônico em si, mas sua loja de aplicativos. Se levarmos em conta a variedade e a quantidade de softwares disponíveis na App Store e no Google Play, a App World precisa crescer muito para tentar brigar com essas gigantes.
Em maio deste ano, a loja virtual da BlackBerry bateu a marca 99,5 mil apps disponíveis. Embora esse número pareça grande, ele é bem inferior aos mais de 700 mil softwares registrados pelo serviço da Apple em setembro e dos 650 mil aplicativos alcançados pela loja da Google em junho.
Assim, neste aspecto o PlayBook tem uma enorme desvantagem em relação ao iPad e aos tablets com Android. Tal característica tem grande peso para quem procura por um dispositivo para diversas finalidades e deve ser levada em conta na hora da compra. Quem sabe um dia isso possa ser resolvido com a implementação da máquina virtual com a qual o aparelho pode rodar softwares do Android.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
Aprendendo a usar
Basta ligar o gadget da RIM para ver que o seu sistema operacional é bem diferente do que estamos acostumados a ver no iOS e no Android. Além disso, alguns mecanismos de funcionamento deste aparelho, como as bordas interativas, fazem com que manuseá-lo seja algo realmente novo.
Se por um lado tentar inovar é importante, em outra perspectiva uma mudança drástica acaba com qualquer intuitividade que experiências anteriores em outras plataformas poderiam oferecer. Com isso, uma leitura no manual e nas dicas de uso do site da fabricante é essencial para que você possa usufruir de tudo o que o PlayBook tem a oferecer.
Pouca mobilidade
Uma das maiores vantagens dos tablets é a sua portabilidade. Assim, a ideia desse conceito de eletrônicos é permitir que você esteja conectado o tempo todo e em qualquer lugar. Para isso, a adoção de um plano de dados, o famoso 3G, garante que você esteja antenado com o que acontece no mundo 24 horas por dia.
Nisso, o modelo da BlackBerry perde mais um ponto, pois não é compatível com essa tecnologia. Dessa forma, ele perde a essência de “mobilidade” completa pensada para os aparelhos dessa categoria.
Apesar de nos grandes centros urbanos as redes Wi-Fi já estarem distribuídas em shoppings, escritórios, restaurantes, cafeterias e até padarias, uma conexão 3G pode ser essencial para quem precisa permanecer online, como profissionais de vendas e empresários – para os quais a resposta de um email em tempo hábil pode significar um novo negócio.
Peso
A robustez da carcaça do tablet da BlackBerry promove uma sensação de segurança ao segurá-lo, mas também dá alguns gramas a mais ao aparelho. Embora o PlayBook não tenha um peso exagerado, os seus 425 gramas podem cansar as mãos após longos períodos de uso – principalmente se você não estiver com os braços devidamente apoiados.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
A prova de que este aparelho é parrudo para a sua categoria é que o Samsung Galaxy Tab, o qual podemos considerar o seu concorrente direto devido ao tamanho de tela e especificação de hardware, pesa 380 gramas.
Câmeras
Não podemos dizer que as câmeras do PlayBook são precárias. O recurso de captura frontal possui 3 megapixels de resolução, taxa alta entre os aparelhos portáteis, e a lente traseira tem 5 megapixels – lembrando que ambas são capazes de gravar vídeos em alta definição.
Contudo, a aplicação dessa configuração ficou um pouco aquém do esperado. As fotografias tiradas ficaram com uma qualidade considerável, mas bastou uma leve ampliação do zoom de visualização para que elas ficassem granuladas e nós pudéssemos perceber as limitações das câmeras.
(Fonte da imagem: Divulgação/RIM)
Além disso, a inexistência de um flash embutido pode prejudicar a utilização do gadget em ambientes escuros. Por exemplo, digamos que você esteja em uma palestra e, com as devidas permissões, desejasse registrar o evento. Bem, o PlayBook não seria o dispositivo indicado para isso.
A limitação do software de captura foi outra ferramenta que nos decepcionou. As opções de configuração, como ajuste de brilho e contraste, são escassas e sem aplicações avançadas. Sentimos falta também de um programa nativo para a edição das imagens, permitindo a aplicação de filtros, recortes, redimensionamentos e outras modificações.
Vale a pena?
Podemos resumir a nossa experiência com o BlackBerry PlayBook como surpreendente. Sem dúvida, as suas qualidades se sobressaem aos seus pontos negativos. Realizando uma rápida pesquisa na internet, encontramos preços que variam de R$ 900 a R$ 1,5 mil – o que o coloca na mesma faixa de valores do Samsung Galaxy Tab e do Motorola Xoom, por exemplo.
Um ponto a ser salientado aqui é que, diferente desses concorrentes citados, o PlayBook não conta com suporte para conexão 3G. Assim, se você procura um aparelho para ficar conectado o dia todo, você deve levar em consideração tal fato.
Outro quesito de grande importância para a sua melhor experiência e que deve ser considerado antes de uma aquisição é se a variedade de aplicativos disponíveis na App World atende às suas necessidades.
Em contrapartida, para aqueles que procuram um tablet com viés profissional, que tenha recursos de edição de arquivos do pacote Office, conte com excelentes leitores de PDF, possua uma bateria de longa duração, ofereça saída HDMI e apresente hardware que aguente uma rotina de trabalho puxada, o PlayBook é uma boa pedida – principalmente para quem já possui um smartphone da marca.
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