Embora ainda ocupe o posto do meio de comunicação mais utilizado, é possível notar que, a cada ano que passa, a televisão perde audiência para outros meios de comunicação, especialmente a internet.
Em países como os Estados Unidos, o impacto das conexões online de alta velocidade já preocupa muitas redes de televisão, especialmente aquelas que disponibilizam conteúdo pago. Muita gente está deixando de lado assistir aos programas no horário em que são transmitidos devido à facilidade de baixá-los em um momento posterior de forma totalmente gratuita.
Exemplo dessa mudança de comportamento é a série Lost, um dos maiores fenômenos de audiência dos últimos anos. Em sua primeira temporada, o programa teve uma audiência média de 18 milhões de pessoas por episódio. Já o primeiro episódio da sexta temporada, que estreou esse ano, teve audiência de 11,4 milhões de espectadores, queda considerável.
Porém, isso não significa que as pessoas tenham deixado de ver a série: uma breve visita a sites que disponibilizam torrents, como o Pirate Bay, revelam milhões de downloads de cada novo episódio.
Para reverter esse quadro e trazer de volta aqueles consumidores que deixaram a televisão de lado, diversas emissoras estão investindo em meios de superar a rapidez que a internet oferece.
Seja disponibilizando conteúdo online exclusivo ou transmissão de programas em 3D, o futuro aponta para uma verdadeira revolução na programação doméstica, mais ou menos como o 3D e o Imax fizeram com o cinema atual.
Programação sob demanda na internet
Uma das formas que as redes de televisão encontraram para concorrer com a rapidez dos grupos piratas da internet é buscar uma maneira diferenciada de se inserir no meio.
A ABC, rede responsável por séries populares como Lost e Grey’s Anatomy, permite que usuários dos Estados Unidos assistam a episódios completos das séries que transmite através de seu site oficial.
Embora não impeça o download das produções por vias alternativas, é um bom exemplo de iniciativa que visa diminuir o impacto da pirataria.
A Comcast e a Time Warner, duas das maiores distribuidoras de televisão a cabo nos Estados Unidos, têm como principal aposta o sistema “TV Anywhere”, que permite ver a programação completa de diversos canais de qualquer lugar que a pessoa esteja.
Porém, o conteúdo só está disponível para quem já é assinante do serviço caseiro: ou seja, é mais um complemento às opções da televisão a cabo tradicional do que uma nova plataforma de negócios.
A iniciativa é semelhante ao que aos estúdios Paramount, Lions Gate e MGM fizeram com seus filmes, que são oferecidos através do sistema EpixHD, somente para quem assina esses canais através de serviços de televisão a cabo. A HBO também aposta no mesmo modelo de negócio e já anunciou que vai disponibilizar seus filmes e séries online, somente para quem paga pelo serviço televisivo.
Embora transportar o conteúdo de canais populares para a internet seja uma boa iniciativa, o fato de estarem vinculados à assinatura de um serviço de TV a cabo não parece compatível com a nova realidade digital. Tudo indica que, caso essas companhias não encontrem um modelo de negócios próprio para a internet, continuarão perdendo terreno para a pirataria.
Filmes e programas em 3D no conforto de casa
Uma iniciativa que se mostra mais promissora e promete ser a sensação dos próximos anos é a transmissão de programação em três dimensões através de televisores, de forma semelhante ao que é feito pelo cinema. Essa forma de distribuição representa um diferencial real em relação à programação encontrada na internet e pode trazer de volta quem trocou a televisão pelo meio virtual.
Embora ainda esteja em fase inicial de testes, diversos canais pelo mundo já estudam transmitir programação tridimensional para os telespectadores. Embora a tecnologia esteja avançando a passos largos principalmente em locais como o Japão, Estados Unidos e Reino Unido, emissoras e operadoras de cabo já apostam na transmissão de programação 3D no Brasil.
Desde 2009 a Rede Globo realiza testes de gravação e transmissão de programação através de imagens tridimensionais e, semana passada, junto à operadora de TV por assinatura NET, transmitiu em 3D o carnaval através do canal 750, exclusivamente para o Rio de Janeiro.
A experiência foi restrita aos clientes do bar Baretto-Londra, localizado no hotel Fasano Ipanema, mas a operadora já planeja transmitir a programação para todos seus clientes a partir do final de 2010. Todos os assinantes teriam acesso à programação, embora não tenham sido divulgados quais conteúdos serão transmitidos com a tecnologia.
O obstáculo para a difusão da programação 3D está no equipamento necessário: televisores compatíveis com o formato ainda são inacessíveis para a maioria da população mundial, pois podem chegar a mais de 2500 euros nos modelos mais simples.
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