Quer aprender os princípios fundamentais que compõem as normas da ABNT para tentar desmistificar qualquer ideia de “complicação”?
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O que significa ABNT e qual é sua importância?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pela normatização técnica no Brasil. A normas da ABNT existem desde 1940 e têm a função de fornecer a base normativa para o desenvolvimento tecnológico do país.
Ainda que haja reclamações da "burocracia" do formato, essa padronização estabelece um modelo único de formatação que auxilia não só a compreensão de trabalhos de conclusão de curso (TCCs), monografias e demais trabalhos acadêmicos como também vale para informações na fabricação de produtos, transferências de tecnologia, normas de saúde, segurança e preservação do meio ambiente.
Portanto, quando um professor pedir que o trabalho seja formatado "nas normas da ABNT", não pense nisso de uma forma negativa. Imagine se cada um formatasse o trabalho do jeito que quisesse...
Para se ter um melhor aproveitamento dessas regras, vamos antes dar uma olhada em um pequeno glossário com alguns dos termos mais usados nesse processo. Propomos isso porque são palavras e expressões que aparecem constantemente na formatação; logo, é importante conhecê-las.
Termos mais encontrados nas normas da ABNT
Anexos
Elementos opcionais que são incluídos apenas se o autor achar necessário. O título deve ser digitado em letras maiúsculas, negrito e diferenciado dos demais por letras do alfabeto consecutivas.
Exemplo: ANEXO A — MANUAL DE PROCEDIMENTOS — 2014
Anverso da folha de rosto
“Parte da frente” da folha de rosto.
Apêndice
Elemento opcional elaborado pelo autor do trabalho como forma de complemento de informações. Difere-se dos anexos pelo fato de ser um material original do autor, já que a forma de digitação e inclusão é a mesma.
Exemplo: APÊNDICE A — RELAÇÃO DE ARTIGOS MAIS LIDOS DO TECMUNDO
Capa
Elemento obrigatório para a proteção externa do trabalho, com informações indispensáveis para a identificação dele.
Citação
Menção feita no trabalho, mas que foi elaborada por outro autor e, consequentemente, extraída de outra fonte de informação.
Epígrafe
Citação e autoria que tenham relação com o assunto tratado. As epígrafes, normalmente, são encontradas nas primeiras páginas de um trabalho.
Errata
Lista com folhas e linhas que apresentaram algum erro no trabalho e as devidas correções. Normalmente, a errata é um papel avulso entregue com o trabalho impresso.
Folha de rosto
Elemento obrigatório com informações essenciais para a identificação do trabalho.
Glossário
Lista em ordem alfabética contendo termos e a definição deles.
Índice
Relação, que pode ser tanto de palavras quanto de frases, ordenada de acordo com um critério determinado que localiza e remete o leitor para informações presentes em um texto.
Lista
Enumeração dos elementos presentes em um texto, como siglas, ilustrações e datas. A numeração de cada item deve seguir a ordem de ocorrência no trabalho.
Referências
Elemento obrigatório, contendo a lista de fontes (livros, manuais, sites, CDs, DVDs, mapas etc.) utilizadas e consultadas no desenvolvimento do trabalho.
Resumo
Apresentação rápida e clara dos pontos importantes que serão discutidos ou tratados no trabalho como um todo.
Sumário
Enumeração de todos os elementos e as seções de um texto, ou seja, títulos e outras partes, com o número da página em que se encontram. A ordem e a grafia devem seguir o mesmo padrão apresentado no desenvolvimento do trabalho.
Verso da folha de rosto
Parte de trás da folha de rosto, contendo a ficha catalográfica.
Esses são apenas alguns termos encontrados nas normas e que o ajudarão a entrar no clima da normalização e se preparar para as próximas explicações — para colocar a mão na massa, que é o que mais interessa. Vale a pena aguardar para verificar que normalização não é um bicho de sete cabeças.
O que são citações e como usá-las?
Na criação de projetos, é fundamental emprestar ideias, conceitos e muito do conhecimento de outros pesquisadores. Porém, toda citação e todo empréstimo de conceitos precisam ser creditados. Copiar e não citar a fonte não é apenas antiético e deselegante, mas também pode ser considerado crime de plágio, dependendo da circunstância.
Você não ficaria feliz se alguém roubasse suas ideias ou ganhasse crédito por um trabalho que você se esforçou para produzir, certo?
Além das notas de rodapé, existem basicamente três tipos de citação: direta, indireta e de citação.
Citação direta: duas formas
A citação direta é a transcrição fiel de parte do conteúdo de uma obra. Se durante a elaboração do trabalho acadêmico foi necessário consultar um autor específico, por exemplo, e alguma frase dele foi importante, é possível copiá-la e usá-la, mas é necessário citá-la.
Por ser a transcrição exata de um trecho, a apresentação é feita entre aspas duplas, podendo assumir duas formas:
1. Citando e referenciando: a chamada pelo nome do autor, quando feita no fim da citação, deve aparecer entre parênteses, contendo o sobrenome do autor em letras maiúsculas, seguido pelo ano de publicação e pela página em que o trecho se encontra.
Exemplo: "Não saber usar a internet em um futuro próximo será como não saber abrir um livro ou acender um fogão, não sabermos algo que nos permita viver a cidadania na sua completitude" (VAZ, 2008, p. 63).
2. Referenciando e citando: a citação a seguir foi feita em um parágrafo do texto. Assim, o sobrenome do autor deve ser digitado normalmente, com apenas a primeira letra maiúscula, seguido do ano e da página em que o trecho se encontra, sendo essas duas informações apresentadas entre parênteses.
Exemplo: Segundo Vaz (2008, p. 63), "não saber usar a internet em um futuro próximo será como não saber abrir um livro ou acender um fogão, não sabermos algo que nos permita viver a cidadania na sua completitude".
Citação direta: grifos
Como a citação direta é a cópia exata de um texto, caso o documento original contenha algum tipo de grifo, como uma palavra em negrito, em itálico ou sublinhada, a citação deve manter esse destaque, com a observação "grifo do autor".
Exemplo: "Uma das referências mais conhecidas a respeito do conceito de padrão de projeto é o livro A Timeless Way of Building, escrito em 1979 pelo arquiteto Christopher Alexander" (KOSCIANSKI; SOARES, 2007, p. 289, grifo do autor).
Esse mesmo tipo de observação se aplica quando, por exemplo, for feito algum grifo posterior na citação, para enfatizar uma palavra ou frase. No caso, deve-se acrescentar a expressão "grifo nosso", indicando que o presente autor fez a alteração.
Exemplo: "O termo defeito no PSP refere-se a tudo que esteja errado em um software, como erros na arquitetura, na representação de diagramas, problemas em algoritmos etc." (KOSCIANSKI; SOARES, 2007, p. 123, grifo nosso).
Citação direta: mais de 3 linhas
As citações com mais de três linhas devem ter um tipo de destaque diferente, sendo necessário reduzir o tamanho da fonte para 10 e aplicar um recuo de 4 centímetros em relação à margem esquerda — para isso, selecione o texto e movimente os marcadores, localizados na régua do Word, até o número 4, assim, todo o texto ficará com o recuo exigido pelas normas (veja a imagem abaixo). Nesse caso, não são usadas aspas para indicar o início e o fim da citação, já que o recuo faz o trabalho de destaque.
Citação direta: frase muito grande para ser citada
Imagine um parágrafo com 10 linhas, sendo que apenas a primeira e a última linha interessam para uma citação. Nesse caso, é possível usar uma supressão, que é a inclusão de um sinal de colchetes com reticências: "[...]", indicando que um trecho do texto não foi usado.
Exemplo: "As propostas de melhorias de processo e tecnologia são coletadas e analisadas [...] com base nos resultados de projetos-piloto" (KOSCIANSKI; SOARES, 2007, p. 153).
Citação indireta
Depois de ler um artigo, pode-se chegar a uma conclusão semelhante à do autor consultado, mas por algum motivo pode não haver interesse em usar as mesmas palavras e a mesma estrutura encontrada no material original. Nesse caso, é preciso fazer uma citação indireta, já que o texto teve como base uma obra consultada.
Seguindo o mesmo formato de apresentação da citação direta, a indireta deve conter o nome do autor da frase citada, bem como o ano da publicação do material. Indicar a página em que o conteúdo se encontra na obra original é recomendado, porém não obrigatório.
Exemplo: Um aspecto importante na recuperação das informações é a extensão dos conteúdos a serem indexados (LANCASTER, 1993, p. 73).
As citações indiretas podem ter mais de um autor, já que várias obras podem ter sido consultadas até chegar à conclusão.
Exemplo: Tanto Weaver (2002, p. 18) como Semonche (1993, p. 21) apontam questionamentos que devem preceder o planejamento da indexação de artigos de jornais, como: qual é a finalidade do artigo? Quem é o público-alvo que terá acesso ao artigo? Que tipo de informação o usuário procura?
Citação de citação
Nem sempre livros clássicos ou antigos estão disponíveis para empréstimo ou compra. Imagine uma obra de 1970 que foi publicada apenas nos Estados Unidos ou que não seja possível encontrar em livrarias, sebos e bibliotecas, mas precisa ser usada como base para o trabalho.
Se você não teve acesso ao documento original, mas encontrou um autor que teve e fez uma citação extremamente importante para o trabalho, é possível contornar isso com uma citação de citação. Esse tipo de citação é recomendado em último caso, já que o correto é tentar localizar a fonte original.
Exemplos de citação de citação (seguindo o modelo direto): Segundo Van Dijk (1983), citado por Fagundes (2001, p. 53), "no texto jornalístico é convencional apresentar-se um resumo do acontecimento abordado. Esse resumo pode ser expresso por letras grandes separadas do resto do texto ou na introdução no 'lead'".
Segundo Van Dijk (1983 apud FAGUNDES, 2001, p. 53), "no texto jornalístico é convencional apresentar-se um resumo do acontecimento abordado. Esse resumo pode ser expresso por letras grandes separadas do resto do texto ou na introdução no 'lead'".
Exemplos de citação de citação (seguindo o modelo indireto): Segundo Fujita (1999), citada por Fagundes (2001, p. 65), a indexação engloba três fases: 1) análise por meio da leitura do documento, em que serão selecionados os conceitos; 2) síntese, com a elaboração de resumos e 3) a identificação e seleção de termos com auxílio de uma linguagem documentária.
Segundo Fujita (1999 apud FAGUNDES, 2001, p. 65), a indexação engloba três fases: 1) análise por meio da leitura do documento, em que serão selecionados os conceitos; 2) síntese, com a elaboração de resumos e 3) a identificação e seleção de termos com auxílio de uma linguagem documentária.
Notas de rodapé
As notas de rodapé são caracterizadas por números ou letras apresentados no fim da citação, que aparecem em sequência no corpo do trabalho. Devem ser usadas para referenciar:
- trabalho que ainda esteja em fase de elaboração — o texto deve constar a expressão "(em fase de elaboração)", assim mesmo, entre parênteses, mas sem as aspas;
- informações verbais obtidas durante conversas, dados coletados em palestras etc. — deve constar a expressão "(informação verbal)", entre parênteses sem aspas;
- qualquer tipo de menção necessária, seguindo normas de referências ou vocabulário livre.
Referências
Além de citar os autores no corpo do texto, deve-se criar uma lista com todo o referencial teórico consultado no desenvolvimento do trabalho. As referências são um elemento obrigatório, e cada tipo de documento informacional usado (livros, sites, filmes, monografias, mapas etc.) deve ser mencionado.
Livros
Livros sem dúvida são os documentos mais usados como base para um trabalho. As referências são semelhantes às de monografias (com algumas peculiaridades que serão citadas), manuais, dicionários, enciclopédias, entre outros.
É bem mais simples do que parece. Observe o exemplo:
SOBRENOME DO AUTOR, Nome do autor. Título do livro: subtítulo do livro. Edição do livro. Local de publicação: Editora, ano.
Algumas pequenas alterações no modelo básico são necessárias nas seguintes situações:
- Livro: apenas um autor e nome por extenso
VAZ, Conrado Adolpho. Google Marketing: o guia definitivo do marketing digital. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2007.
- Livro: apenas um autor e nome abreviado
VAZ, C. A. Google Marketing: o guia definitivo do marketing digital. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2007.
- Livro: até três autores com nome por extenso
GOMES, Elisabeth; BRAGA, Fabiane. Inteligência competitiva: como transformar informação em um negócio lucrativo. 2. ed. São Paulo: Campus, 2007.
- Livro: até três autores com nome abreviado
GOMES, E.; BRAGA, F. Inteligência competitiva: como transformar informação em um negócio lucrativo. 2. ed. São Paulo: Campus, 2007.
- Livro: mais de três autores
Esse exemplo é até mais fácil que os demais. Quando um livro tiver mais de três autores, deve-se seguir a mesma sequência, entretanto colocando apenas o nome do primeiro autor, seguido da expressão "et al.", que vem do latim e significa "entre outros".
URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Brasília, DF: IPEA, 1994.
Monografias e teses
Note que os elementos essenciais estão presentes na referência de uma dissertação de mestrado, acrescentados de especificações como o nome do curso de mestrado, da universidade e do professor orientador.
FAGUNDES, S. A. Leitura em análise documentária de artigos de jornais. Marília, 2001. 322 p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) — Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2001. [Orientadora: Prof. Mariângela Spotti Lopes Fujita].
Caso a referência tenha sido um trabalho de conclusão de curso, deverá ficar deste jeito:
XAVIER, A. C. Processamento informacional de um jornal histórico com vista à sua disponibilização na internet. 2007. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Gestão da Informação) — Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. [Orientador: Prof. Dr. Ulf Gregory Baranow].
Monografia online
Suponha que a monografia citada esteja disponível no site da universidade e que o conteúdo dela tenha sido acessado pela internet. A referência ficará assim:
XAVIER, A. C. Processamento informacional de um jornal histórico com vista à sua disponibilização na internet. 2007. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Gestão da Informação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. [Orientador: Prof. Dr. Ulf Gregory Baranow]. Disponível em:
Sempre que um documento estiver em um formato online, deve-se colocar no fim da referência o link entre os sinais de "< >" e a data em que o conteúdo foi acessado, como no exemplo acima.
Artigos de revistas ou periódicos
Quando o artigo for de uma revista, o padrão é o seguinte:
SOBRENOME DO AUTOR, Título do artigo. Nome da revista, volume, número, paginação inicial e final, ano de publicação.
Exemplos: LIMA, V. M. A. Estudos para implantação de ferramenta de apoio à gestão de linguagens Documentárias: vocabulário controlado da USP1. Revista Transinformação, v. 18, n. 1, jan./abr., 2006.
LOPES, I. L. Uso das linguagens controlada e natural em bases de dados: revisão da literatura. Ciência da Informação, v. 31, n. 1, p. 41-52, jan./abr. 2002.
A abreviação para volume é apenas a letra "v", minúscula, seguida por um ponto e o número em algarismo arábico. O mesmo ocorre para os números das revistas, mas com a notação "n.", em minúsculo.
Vale ressaltar que, exceto maio, que é escrito de forma completa, todos os meses são abreviados com as três primeiras letras seguidas de um ponto-final.
Normatização de trabalhos acadêmicos
Elementos obrigatórios
Em um trabalho acadêmico, existem elementos da estrutura considerados obrigatórios, que descontam pontos da nota se não forem colocados:
- pré-textuais — vêm antes do trabalho propriamente dito: capa, folha de rosto, resumo, sumário (por falar em sumário, fica a dica de um artigo para a criação de sumários automáticos, clique aqui para acessar);
- textuais — o trabalho, com introdução, desenvolvimento e considerações finais;
- pós-textuais — elementos que vêm depois da conclusão do trabalho: referências.
Essa é a relação de elementos essenciais, mas for necessário é possível adicionar página de errata, folha de aprovação, dedicatória, agradecimentos, epígrafe, lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas e lista de símbolos, assim como apêndices, anexos e glossário.
Numerando as páginas
A contagem é simples: a partir da folha de rosto do trabalho, pode-se iniciar pelo número 1. Porém, a numeração não deve ser colocada em nenhum elemento pré-textual. Desse modo, a primeira página a ter numeração é a Introdução; antes dela, as folhas são contadas, mas não devem ter numeração. Os algarismos devem ficar no canto superior direito da folha.
Margens e espaçamento
As margens do trabalho devem ter os seguintes valores: superior (3 cm), esquerda (3 cm), inferior (2 cm) e direita (2 cm).
Esses são os valores de base para a apresentação do trabalho, lembrando que todo o desenvolvimento do texto deve ter os parágrafos justificados. Os espaços entre as linhas devem ser de 1,5 ponto, com exceção das citações longas, que são apresentadas em espaços simples e com deslocamento de 4 centímetros em relação à margem esquerda, como explicamos.
Dependendo da instituição de ensino, as fontes permitidas podem ser Times New Roman e Arial, mas o tamanho costuma ser sempre 12.
Numeração de seções
O conteúdo do trabalho é dividido em seções. Se houver mais de uma subdivisão de seção, a numeração desses itens deve ser organizada da seguinte maneira:
Seguindo as normas da ABNT, agora você tem tudo para se dar bem e evitar múltiplas correções de formatação nas avaliações dos professores.
Essas regrinhas funcionam como uma receita de bolo: basta fazer tudo de acordo com o padrão estabelecido e só será necessário focar a própria dissertação, não se preocupando muito mais com as confusões normativas.