O Facebook, o WhatsApp e outros aplicativos de mensagem podem perder uma importante função de privacidade. De acordo com o site The Times, autoridades do Reino Unido em breve serão autorizadas a pedir — e receber — o conteúdo de mensagens de suspeitos em investigações.
Segundo a publicação, isso será confirmado na forma de um acordo entre os Estados Unidos, país-sede da grande maioria desses aplicativos, e o Reino Unido, liderado pela secretária de Assuntos Internos, Priti Patel. A assinatura está prevista para outubro deste ano.
O governo britânico deseja que o acordo facilite investigações em casos de suspeita de pedofilia, terrorismo e outros crimes graves, em que trocas de mensagens podem ser evidências. Entretanto, o Facebook e os demais aplicativos não costumam entregar esses conteúdos por motivos de privacidade — o que constantemente leva a rede social a ser multada por desrespeitar a ordem judicial.
Empresas negam fim da privacidade
De acordo com o especialista em segurança Alex Stamos, que já trabalhou como chefe de segurança no próprio Facebook, não há tantos motivos para se preocupar. Em uma postagem no Twitter, ele sugeriu que o acordo não significa o fim da criptografia ou a instalação de um software interceptador, mas sim que o Reino Unido poderá lançar ordens judiciais solicitando mensagens da mesma forma que hoje ocorre nos EUA.
It's really early on a Sunday, so while I sip my coffee I'm also going to try to clear up a lot of confusion about the CLOUD Act created by poor reporting by The Times (of London) and Bloomberg.
— Alex Stamos (@alexstamos) September 29, 2019
Here is the original, incorrect story:https://t.co/1l8tgH1r4s
Assim, a assinatura do acordo seria benéfica aos dois lados, já que agilizaria investigações no Reino Unido.
O WhatsApp também teria problemas caso o acordo seja assinado. Tradicionalmente, mensagens trocadas no app são criptografadas de ponta a ponta, o que significa que apenas as duas partes da conversa têm acesso ao conteúdo. Para entregar os chats, a desenvolvedora não só teria que desrespeitar os próprios termos de serviço, mas também modificar o seu funcionamento.
Ao Hacker News, o o CEO do WhatsApp, Will Cathcart, confirmou que recebeu as notícias com "surpresa" e que não está ciente de mudanças que alterariam o funcionamento do produto.
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