Eternizada pelas câmeras fotográficas de impressão instantânea, a Polaroid criou certo alvoroço no segundo semestre do ano passado ao anunciar a Cube, uma action cam que se destaca pelo visual amigável e preço acessível – ao menos nos Estados Unidos, onde ela passou a ser comercializada há algum tempo por apenas US$ 99.
Disponível no Brasil pelo preço sugerido de R$ 699, o dispositivo é constantemente alvo de comparações com a mítica GoPro, que acabou se tornando uma referência no segmento de câmera de ação. Contudo, a Polaroid nunca teve medo de deixar bem claro que o foco da Cube era outro e que o dispositivo não veio para competir diretamente com o equipamento usado para filmar esportes altamente radicais.
No fim das contas, a quem a Cube se destina? Será que vale a pena investir tanto dinheiro assim na nova aposta da Polaroid? Nós resolvemos adquirir uma unidade do aparelho e, após utilizá-lo no dia a dia para tirar fotos variadas e filmar alguns passeios de bicicleta, podemos finalmente dar uma resposta confiável aos nossos leitores. Confira nosso review completo e decida por si mesmo se você precisa de uma Cube.
Primeiros contatos com o aparelho
Antes de tudo, vale a pena conhecer melhor a Polaroid Cube. Com revestimento de borracha e dotada de apenas um botão para sua operação, a câmera é capaz de gravar vídeos em 1080p ou 720p, além de tirar fotos com resolução de 6 MP. Sua lente possui ângulo de 124° e é do tipo fish eye (ou “olho de peixe”), o que significa que você terá imagens com um efeito “esférico” e bordas arredondadas. O aparelho possui um microfone embutido e está inclusive disponível em três cores diferentes: preto, azul e vermelho.
O design do gadget é, de fato, sua característica mais chamativa. Diferente de qualquer câmera de ação disponível no mercado, a Cube possui um visual bastante amigável e intuitivo – há também quem use termos como “fofo” para descrever o visual do dispositivo e assim por diante. Fica claro que a Polaroid quis criar uma filmadora que fosse mais acessível não apenas no preço, mas também na utilização. Diferente da GoPro, que pode intimidar usuários iniciantes, a Cube é tão simpática e convidativa que até uma criança se interessa por usá-la.
Para ligar o dispositivo, basta manter seu único botão pressionado até que a luz LED se acenda na cor verde e três sinais sonoros sejam emitidos. A partir desse momento, aperte o botão uma vez para tirar uma foto (a resposta da Cube será um bipe e o LED ficará vermelho por um segundo) e duas vezes para iniciar uma gravação (dois bipes e o LED piscará vermelho enquanto o clipe estiver sendo gravado). Para interromper a gravação, basta pressionar o botão outra vez; para desligar a câmera, aperte e segure até que o LED verde se apague.
Pequena, mas poderosa e versátil
A qualidade de imagem da Polaroid Cube é excelente, tanto para fotos quanto para gravações. Não chega aos pés da GoPro, mas também não decepciona. O aparelho é capaz de gerar clipes estáveis e com uma excelente definição, permitindo que você escolha entre as duas resoluções disponíveis.
Para alterar essa configuração, basta acessar os comandos escondidos na tampa traseira do equipamento (que pode ser aberto com o auxílio de uma moeda qualquer). Infelizmente, o produto só trabalha com 30 frames por segundo, independentemente da resolução. Junto com o switch que alterna entre 1080p e 720p, você encontra o slot para cartões SD (de até 32 GB) e a conexão USB utilizada para transferência de arquivos para o computador.
Outra característica inovadora da Cube que merece ser ressaltada é seu ímã localizado em sua região inferior. Ele foi posto ali para que você possa fixar a câmera em suportes metálicos sem a necessidade de um suporte especial. Basta grudar o pequeno cubinho no quadro da bicicleta ou no truck do skate e começar a produzir seus vídeos.
Exemplo de "gambiarra" possível graças ao tamanho diminuto da Cube
Em testes efetuados pelo TecMundo, a atração magnética da Cube se mostrou forte o bastante para manter a câmera segura em esportes “menos radicais” – o equipamento só se desprendeu da bicicleta usada durante o review quando enfrentamos terrenos mais acidentados. Quando o ímã não é o suficiente para manter a máquina segura, é possível até mesmo apelar para alguma “gambiarra” – como amarrá-la usando abraçadeiras de nylon, como exemplificado na foto acima.
E, por falar em suportes, vale observar que a Cube é compatível com uma série de acessórios também disponíveis no mercado brasileiro (ainda que todos eles tenham que ser comprados separadamente). Há um suporte para capacete, outro para guidão, um adaptador para tripés, uma case-chaveiro e uma “jaula” à prova d’água.
Vale lembrar que a action cam da Polaroid consegue resistir a chuvas e pequenos banhos, mas não é recomendado usá-la em mergulhos sem a proteção adequada. Assista ao vídeo abaixo – de preferência na maior resolução possível – e confira alguns testes de gravação que fizemos com a Cube em situações diversas.
Limitações e configurações
A bateria interna da Cube é capaz de aguentar até 90 minutos de gravação ininterrupta – característica que foi comprovada durante nossos testes com o equipamento. Contudo, um ponto negativo que pode desagradar os usuários do aparelho é seu estranho modo de evitar eventuais sobrecargas ou problemas relacionados: a câmera corta seus vídeos em curtos clipes de 5 minutos cada, forçando você a posteriormente juntar todos esses pedacinhos em algum programa de edição (o Windows Movie Maker é o suficiente para tal).
Ao conectar a Cube em um PC, você poderá acessar – além das fotos e vídeos registrados, obviamente – um aplicativo nativo na memória ROM do dispositivo. Através dele, você pode mexer em algumas configurações mais detalhadas do aparelho (alterar a frequência de luz entre 50 ou 60 Hz, ligar e desligar a marcação de horário nos vídeos, alterar data e hora, personalizar o volume dos bipes etc.). Vale lembrar que tal app pode se mostrar bem útil em momentos futuros, então recomendamos que o usuário evite deletá-lo.
Desmistificando as eternas comparações
No geral, após utilizar a Cube diariamente por mais de um mês, ficou mais do que claro que a Polaroid não teve a intenção de elaborar um dispositivo para competir com a GoPro ou outras câmeras de ação high-end disponíveis no mercado. A Cube se encaixa em outra categoria e possui uma proposta bem diferente, sendo mais uma “everyday cam” do que uma “action cam”, se assim podemos dizer.
Em outras palavras, é uma filmadora mais amigável, durável, com menos “frescuras” e que você pode levar para qualquer lugar sem medo de ser feliz. Ela obviamente não é apropriada para a filmagem de aventuras extremas, mas faz um melhor trabalho no quesito de “ser companheira para todas as horas”. Afinal, a Cube é tão pequena e discreta que pode ser transportada em seu bolso sem qualquer problema. Você levaria sua GoPro no bolso todo dia apenas para tirar foto de algo interessante ou fazer uma filmagem inesperada? Provavelmente não, mas você o faria com a Cube.
Vale observar inclusive que a Polaroid possui uma action cam mais robusta – a XS100i – que é bem mais condizente como rival da GoPro, possuindo maior resistência à água, uma série de suportes inclusos na embalagem, WiFi etc. Sendo assim, é injusto querer comparar a Cube com câmeras de ação voltadas para esportes mais radicais e criticá-la por não apresentar características próprias dessa categoria.
Cube agrada por ser extremamente discreta e versátil
Vale a pena?
Depende. Se você está procurando uma câmera para gravar esportes extremos, capaz de lidar com aventuras radicais e com uma qualidade de imagem excepcional, a Polaroid Cube de fato não é o equipamento mais apropriado para seu perfil. Por outro lado, se você deseja um dispositivo pequeno, leve, flexível, realmente portátil e que você possa levar para qualquer lugar sem se preocupar com espaço, vale a pena considerar a compra de uma Cube, mesmo com o preço exagerado de R$ 699 praticado no comércio brasileiro.
A simplicidade da câmera é justamente um de seus maiores atrativos, fazendo com que o produto seja ideal para todos os públicos – desde crianças até idosos podem usá-lo sem problemas. Além disso, há algo mágico em tirar fotos de forma cega, sem um viewfinder ou tela LCD para conferência imediata da imagem registrada. Para os mais velhos, a sensação de ter que conectar a câmera no computador para ver se aquela fotografia ficou boa será parecida com aquela antiga ansiedade que tínhamos para revelar um filme fotográfico. Para os mais jovens, isso fará com você pense menos e fotografe mais – e é impressionante como boas fotografias podem surgir a partir dessa atitude diferenciada.
Em resumo, a Cube pode facilmente ser considerada um dos gadgets mais interessantes do ano de 2014 e é uma câmera sensacional caso você saiba avaliá-la da forma correta (enxergando o equipamento como sendo de uma categoria diferente da GoPro). A Polaroid está de parabéns pelo dispositivo, que de certa forma representa o nascimento de uma era de câmeras de ação mais acessíveis – tanto no preço quanto na usabilidade. Aprovado!
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