Google tem mais funcionários terceirizados do que efetivos trabalhando diariamente em suas operações internas. A companhia mantém hoje 102 mil colaboradores em tempo integral e 121 mil contratados por tempo determinado a partir de outras empresas.
Esses últimos também ganham menos em termos de salário e benefícios do que os demais, mesmo realizando funções semelhantes. A informação foi publicada em reportagem do jornal The New York Times, que teve acesso a documentos internos da gigante da tecnologia.
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À equipe do The New York Times, atuais e ex-terceirizados da Google declararam que existe uma espécie de hierarquia interna entre os colaboradores. No caso, os contratados não podem participar de eventos da empresa — como festas de confraternização e reuniões — e são impedidos de visualizar vagas internas de emprego e participar de feiras que a companhia organiza.
Fonte: Unsplash/Reprodução.
Segurança em risco
A situação também estende a situações que podem colocar em risco a vida de todos os funcionários. Por exemplo, alguns empregados terceirizados relataram em uma carta aberta que durante os tiroteios ao escritório do YouTube no ano passado somente os colaboradores efetivos da Google receberam um e-mail com atualizações de segurança. Eles também foram impedidos de participarem de uma reunião que tratava sobre o ataque no dia posterior ao ocorrido.
Segundo a publicação, o cenário mencionado não é recente na cultura de trabalho da Google. Há dez anos, cerca de um terço da mão de obra da companhia já era formada por profissionais terceirizados e, como visto, eles aumentaram ao longo dos anos. Esse modelo de trabalho seria, inclusive, uma realidade na empresa desde o início de suas operações.
Fonte: Unsplash/Reprodução.
“Emprego dos sonhos”
No fim de 2018 e início de 2019, a Google enfrentou vários protestos de seus colaboradores terceirizados envolvidos em diferentes projetos da companhia. Dentre as acusações estavam assédio sexual e tratamento inferior.
Pouco tempo depois dessas manifestações, a Google disse que iria exigir que as agências contratantes dos terceirizados elevassem o salário mínimo oferecido e incluísse benefícios, como assistência médica. Isso, no entanto, só entrará em prática em 2020. A empresa recusou-se a responder à reportagem do The New York Times.
As revelações do jornal indicam que a Google não é tudo o que parece quando o assunto é relação empregatícia. Isso porque a companhia prega desde seu nascimento um estilo de trabalho totalmente inovador, com ambiente descontraído, altos salários e respeito a seus colaboradores.
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