Distorções provocadas pelo padrão de tijolos e baixa resolução da imagem (Fonte da imagem: SVI)
Quando apontamos a câmera digital para uma cena, o display LCD precisa reconstruir aquilo que está sendo captado pelo sensor da máquina. Muitas vezes, ao fazer isso, o dispositivo acaba adicionando algumas imperfeições, efeitos e distorções que podem acabar com uma boa fotografia.
Um dos casos em que isso acontece com frequência diz respeito a cenas que exibem um padrão perfeito de linhas, como em uma parede de tijolos à vista, por exemplo. Dependendo das especificações ou configurações utilizadas pela câmera, o resultado final pode ser uma imagem repleta de ondas, que se assemelham ao padrão causado por uma pedra ao cair em um lago.
Mas por que isso acontece? Como evitar?
Olha a onda, olha a onda!
À direita, a foto com efeito de aliasing provocado pela baixa resolução (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Existem dois efeitos principais que provocam esse tipo de distorção. O primeiro deles é conhecido como aliasing e acontece sempre que uma câmera digital com poucos pixels tenta capturar um padrão regular. Isso faz com que a frequência do padrão seja interpretada erroneamente pela máquina.
Além da fotografia, isso acontece também em capturas de áudio. Se o áudio de determinada frequência for gravado por um equipamento incapaz de capturar uma medida tão alta, o som também será afetado pelo aliasing, resultando em uma captura que contém imperfeições. É possível ouvir um exemplo na internet: neste arquivo OGG, há uma sequência de sons de diferentes frequências. A amostra boa vem sempre antes do áudio afetado pelo efeito.
O aliasing também pode acontecer em vídeos. Uma ilusão muito comum e criada em decorrência dele é o chamado efeito “roda de carroça” (wagon-wheel effect). Quando ele acontece, a pessoa que está assistindo ao vídeo acaba tendo a impressão de que uma roda em movimento acaba, em determinado momento, girando mais devagar e até mesmo para trás. Confira no vídeo acima.
Padrão Moiré nas penas de um papagaio (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Outro efeito popular e que é responsável pela criação de ondas indesejáveis é o Padrão Moiré (pronuncia-se moarrê). Esse acontece quando duas grades com padrões regulares são sobrepostas e apresentam movimento relativo entre si. Na fotografia, uma das grades é um componente da própria máquina: é como se o sensor CCD da câmera e o padrão a ser fotografado não entrassem em consenso sobre o que está representado na horizontal e o que está na vertical. Assim, o resultado é uma interferência que pode acabar arruinando fotografias que tinham um potencial muito grande.
Quem quiser visualizar o Padrão Moiré na prática, pode acessar a página Mathematik.
Evitando o problema na hora de fotografar
Há alguns truques que podem ser usados para evitar esses efeitos indesejáveis. Para começar, é necessário aumentar a resolução das imagens, usando o máximo possível de megapixels na câmera. Quanto maior a resolução, menores são as chances de que o efeito ocorra.
Dependendo da foto que você pretende tirar, também é possível usar o zoom da câmera. Isso fará com que as linhas do padrão a ser fotografado fiquem maiores, evitando que a máquina se “confunda”.
Existe outra forma de evitar essas “ondas”, mas ela não é muito prática: usar câmeras analógicas, com filme. Apesar de divertido, esse é um hobby que pode sair caro, já que a revelação de muitas fotos é um pouco custosa hoje em dia.
Deformação também é arte
Nem todo artista está preocupado em evitar as deformações do Padrão Moiré em suas obras. Se para a fotografia essa interferência é indesejável, ela pode ser muito bem usada por pintores. É o caso, por exemplo, da série de telas abaixo, produzida pelo artista britânico Pip Dickens. Que tal uma dessas na parede da sua sala?
Fonte das imagens: Pip Dickens
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