(Fonte da imagem: Reprodução/PardaPash)
Os sentidos aguçados são habilidades de personagens da vida fictícia. Wolverine, por exemplo, é capaz de rastrear seus alvos pelo cheiro, como um lobo. Agora, cientistas da vida real estão conseguindo desenvolver componentes eletrônicos que podem em breve dar superpoderes aos seres humanos.
As capacidades que estão sendo pesquisadas, claro, tem um objetivo muito mais nobre do que aquela usada por Wolverine. É o caso das diversas versões de “narizes eletrônicos” que estão sendo pesquisadas por empresas mundo afora.
O dispositivo programável poderá identificar com precisão cada um dos agentes químicos no ar, mesmo em quantidades muito pequenas. Isso se traduz em diversos benefícios para os seres humanos, desde a detecção de bactérias perigosas e prejudiciais para nossa saúde até a análise precoce de doenças, como diabetes, câncer e pneumonias.
Mas entenda que “nariz eletrônico” não significa que os cientistas estão desenvolvendo réplicas mecânicas do aparelho olfativo humano. Os dispositivos que estão sendo criados poderão ser pequenos chips que ficarão implantados dentro do corpo, em embalagens de alimentos, dentro de materiais de diagnósticos e até de roupas e papéis.
Bafômetro do diagnóstico
Aparelho que poderá detectar doenças de forma imediata. (Fonte da imagem: Reprodução/CBC Canadá)
Uma dessas versões de nariz eletrônico está sendo desenvolvida no Canadá pela Nanda’s Centre e pela Next Dimension Technologies e funciona como um bafômetro, que tem como objetivo detectar a pneumonia, a tuberculose e o câncer de pulmão através da respiração – o que deve substituir exames demorados.
Recentemente, o projeto recebeu uma doação de 950 mil dólares da Fundação Grand Challenges Canada (uma instituição do próprio governo canadense) e da Fundação Bill & Melinda Gates para que o dispositivo seja desenvolvido em países em desenvolvimento.
Assim como o bafômetro pode ser levado facilmente até a janela de um carro, o que os pesquisadores querem com o dispositivo de diagnóstico é que ele chegue até a porta da cabana de uma aldeia. Essa é uma forma de simplificar o diagnóstico de doenças.
Detecção automática
O protótipo desenvolvido contém um pequeno tubo por onde a pessoa respira. O ar soprado fica armazenado em um recipiente, que então é analisado. A tecnologia usada pelos cientistas baseia-se na constatação de que as pessoas com determinadas doenças têm uma assinatura biológica diferente na sua respiração. Dessa forma, é possível fazer a detecção precoce de diversas enfermidades.
De acordo com Peter Singer, CEO da Grand Challenges Canada, essa é uma ideia ousada, com grande potencial de retorno na prevenção de 1,7 milhão de mortes por tuberculose a cada ano, principalmente em países em desenvolvimento. Para ele, 400 mil dessas pessoas poderiam ser salvas pelo nariz eletrônico.
Para Michael Gardam, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Toronto, o atual exame do escarro existente para a tuberculose apresenta enormes desafios, especialmente para os países em desenvolvimento que não podem ter instalações laboratoriais ou pessoal treinado. O nariz eletrônico seria uma solução simples e prática para esses casos. O protótipo deverá ser lançado até dezembro de 2013.
Rastreando o ambiente
Sensor que permite detectar substâncias nocivas no ar. (Fonte da imagem: Reprodução/Redorbit)
Além de detectar doenças existentes em nosso corpo, o nariz eletrônico será capaz de analisar ambientes na busca de bactérias perigosas e prejudiciais. Um ônibus, por exemplo, poderia estar equipado com detectores de gripe H1N1 como forma de prevenir os usuários do sistema de transporte público.
Um dispositivo desses, por exemplo, foi desenvolvido especialmente para reconhecer o cheiro de bactérias perigosas e prejudiciais, como a Staphylococcus aureus, capaz de causar diversas doenças, como pneumonia, osteomelite, endocardite, foliculite e impetigo, entre diversas outras. Ele também é capaz de detectar o S. aureus methicillinsusceptible, entre muitas outras substâncias.
Os pesquisadores acreditam que esse tipo de nariz eletrônico poderia ser inserido em um sistema de ventilação de um hospital para detectar agentes patogênicos altamente contagiosos e evitar a contaminação de outros pacientes ou equipamentos.
Alimentos saudáveis
Outro grande benefício do nariz eletrônico é o controle de qualidade de produtos alimentares. Um dispositivo poderia ser facilmente colocado dentro de embalagens de alimentos para indicar quando a comida começou a apodrecer.
Até mesmo no campo o nariz eletrônico poderia ser usado para detectar contaminações bacterianas ou de insetos como forma de controlar pragas e evitar que os alimentos infectados sejam repassados para o consumidor final.
Múltiplos usos
São muitos os benefícios do nariz eletrônico para a saúde humana. Até implantes nasais devem ser desenvolvidos para alertar aqueles que têm anosmia (perda total do olfato) ou um fraco sentido de cheiro sobre a presença de gás natural ou algum outro tipo de ameaça.
Tendo em vista que o nariz humano é um dos menos desenvolvidos da natureza, é natural que, com o avanço da tecnologia, a nossa espécie busque formas de compensar essa “deficiência” olfativa, com o objetivo de promover melhorias em diversos campos da nossa sociedade – e a saúde será uma das principais beneficiadas.
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