Teoria da gravidade teleparalela de Albert Einstein pode resolver o ‘problema de Hubble’?

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Segundo as atuais teorias científicas, desde que o Big Bang deu início à formação do universo, o cosmos está se expandindo constantemente e não parece que irá parar tão cedo. Infelizmente, a física ainda não conseguiu explicar exatamente qual é a taxa de expansão do universo; inclusive, esse problema foi nomeado 'problema de Hubble', em homenagem ao astrônomo norte-americano Edwin Powell Hubble.

A constante de Hubble é responsável por medir a velocidade com que as galáxias estão se distanciando. Contudo, os métodos atuais de medição apresentam resultados conflitantes. Enquanto as medições diretas utilizam dados de supernovas para calcular a taxa, as medições indiretas utilizam informações da radiação residual do Big Bang, também chamada de radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB).

A primeira medição aponta que a taxa de expansão do universo é de aproximadamente 73 a 74 km/s/Mpc, enquanto a medição indireta apresenta um resultado de 67 a 68 km/s/Mpc — Mpc significa megaparsec, uma unidade equivalente a um milhão de parsecs, sendo que cada parsec mede cerca de 3,26 anos-luz. Ou seja, os métodos apresentam uma diferença significativa de quase 10%, e os cientistas ainda não entenderam qual cálculo está correto.

Um novo estudo sugere que a hipótese da gravidade teleparalela, de Albert Einstein, tem o potencial de resolver o 'problema de Hubble' e as questões que envolvem a expansão do universo. No artigo publicado na revista científica Physics of the Dark Universe, a cosmóloga e principal autora, Celia Escamilla Rivera, do Instituto de Ciências Nucleares da Universidad Nacional Autónoma de México, afirma que a tensão de Hubble vai além da teoria da relatividade geral.

“Descobrimos que ao utilizar modelos gravitacionais que vão além da relatividade geral e novos conjuntos de dados cosmológicos [observações de quasares distantes] podemos confrontar a tensão de Hubble e a questão da energia escura em escalas locais. Usando métodos numéricos e computacionais, realizamos análises usando diferentes modelos propostos em ‘gravidade teleparalela’ testados com duas amostras cosmológicas diferentes que mediram distâncias no universo local”, Rivera explica.

O que é gravidade teleparalela

Apesar de a teoria da gravidade teleparalela, também chamada de Teleparalelismo, abordar conceitos relacionados aos apresentados por Albert Einstein, não foi apenas ele quem a formulou. Os conceitos do físico alemão são importantíssimos para a hipótese, mas ela recebeu diversas contribuições de outros cientistas ao decorrer dos anos.

A conjectura utiliza formulações das equações em termos de torção para explicar a gravidade; a ideia é que na teoria da gravidade teleparalela, o espaço-tempo é uma conexão linear sem curvatura que trabalha em parceria com o campo tensorial métrico do universo. Em poucas palavras, trata-se de uma teoria que busca reformular o conceito gravitacionais com a ideia de torção em vez de curvatura, como acontece na relatividade geral.

A gravidade teleparalela é uma teoria que pode auxiliar na compreensão da taxa de expansão do universo, uma alternativa à teoria da relatividade geral; os quasares (imagem) estão sendo utilizados para estudar o tema.A gravidade teleparalela é uma teoria que pode auxiliar na compreensão da taxa de expansão do universo, uma alternativa à teoria da relatividade geral; os quasares (imagem) estão sendo utilizados para estudar o tema.Fonte:  NASA / CXC /Univ of Michigan / R.C.Reis 

Segundo os pesquisadores do novo artigo, a teoria da gravidade teleparalela começou a receber mais atenção nos últimos anos, pois alguns especialistas acreditam que ela poderia resolver o problema cosmológico envolvendo o 'problema de Hubble'. Para testar essa hipótese, os cientistas da equipe utilizaram dados coletados de quasares, que são núcleos galácticos alimentados por buracos negros supermassivos.

“Para um público mais amplo, é interessante porque estamos testando propostas alternativas à relatividade geral para compreender melhor o universo, e para especialistas na área, é uma atualização do estado da arte (state-of-the-art) em relação à modelos específicos em gravidade teleparalela, também usando amostras de quasares relativamente novas em altos redshifts”, Rivera acrescenta.

A pesquisa utilizou modelos computacionais e métodos numéricos para analisar a validade do teleparalelismo. Segundo os pesquisadores, eles estão investigando esse tema porque talvez a teoria da gravidade teleparalela seja uma alternativa melhor para explicar a taxa de expansão do universo.

De qualquer forma, é importante destacar que o artigo está apenas tentando compreender se a teoria da gravidade teleparalela pode ser utilizada para oferecer mais explicações sobre o universo. Caso apresente resultados positivos, precisos e definitivos em um futuro próximo, essa descoberta poderá auxiliar em uma verdadeira revolução na astronomia moderna.

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