Uma nova variante do coronavírus está circulando na cidade de Nova York (Estados Unidos), preocupando as autoridades de saúde. Ela pode ter a capacidade de reduzir a eficácia das vacinas contra a covid-19 atuais, conforme noticiou o The New York Times nesta quarta-feira (24).
Identificada por duas equipes de pesquisadores diferentes, uma do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e outra da Universidade de Columbia, a variante B.1.526 foi detectada pela primeira vez em amostras recolhidas na cidade em novembro.
Já neste mês de fevereiro, ela aparecia em cerca de 25% das amostras sequenciadas disponíveis em um banco de dados compartilhado por cientistas, de acordo com os estudos publicados recentemente no bioRxiv (Caltech) e no medRxiv (Columbia).
Nova York sofreu com um grande número de infectados no início da pandemia.Fonte: Unsplash
Apesar de as pesquisas ainda não terem sido revisadas pela comunidade científica, os resultados sugerem que a propagação da B.1.526 em Nova York é real, como aponta o imunologista da Universidade Rockefeller, Michel Nussenzweig, que não participou das investigações. “Não é uma notícia particularmente feliz. Mas saber disso é bom porque podemos fazer algo a respeito”, ressaltou.
Duas versões da variante
Examinando o material genético do Sars-CoV-2 em busca de pistas sobre as mudanças sofridas por ele, os cientistas do Caltech encontraram duas versões da nova variante do coronavírus de Nova York aparecendo com frequência no sequenciamento.
Uma delas é a variante relacionada à mutação E484K, a mesma ligada à cepa identificada no Brasil e na África do Sul, que parece ter uma maior transmissibilidade e capacidade de reduzir a eficácia dos imunizantes, segundo estudos preliminares, aparecendo como a mais preocupante.
A vacina pode não ser tão eficiente contra essa mutação.Fonte: Unsplash
Vista em dezenas de linhagens diferentes do vírus em todo o mundo, ela estaria evoluindo de forma independente e também seria capaz de resistir ao tratamento com anticorpos monoclonais desenvolvidos pela farmacêutica Eli Lilly e ao coquetel de medicamentos disponibilizado pela Regeneron.
A outra mutação identificada no estudo da Caltech, ao analisar as amostras colhidas na cidade, foi chamada de S477N e se caracteriza por afetar a ligação do novo coronavírus com as células humanas. De acordo com a instituição, as duas estão sendo agrupadas como a variante B.1.526.
Espalhando-se pela cidade
Já no estudo conduzido pela Universidade de Columbia, os pesquisadores analisaram 1.142 amostras de pacientes do centro médico da instituição, descobrindo que 12% das pessoas infectadas apresentavam a variante combinada à mutação E484K. Todas elas eram, em média, 6 anos mais velhas que as demais e tinham maior probabilidade de internação.
Os pesquisadores também relataram que a maioria delas morava em bairros próximos ao hospital da universidade. Inicialmente, eles pensavam que a variante estava restrita àquela localidade, mas uma análise mais detalhada mostrou a presença da nova variante em áreas mais distantes e na região metropolitana de Nova York.
A variante já foi encontrada em várias regiões da cidade.Fonte: Unsplash
“Vimos casos em Westchester, no Bronx e no Queens, na parte baixa de Manhattan e no Brooklyn. Portanto, parece ser generalizado, não é um único surto”, apontou David Ho, coautor do artigo, especialista em doenças infecciosas e pesquisador da Universidade de Columbia.
Durante a pesquisa, eles também identificaram um caso da variante sul-africana e dois casos da brasileira, que ainda não haviam sido relatados em Nova York. Houve ainda seis pacientes infectados com a variante britânica do coronavírus.
Vigilância redobrada
Com a possibilidade de a nova variante reduzir a eficácia de algumas vacinas e de tratamentos contra a covid-19, a equipe liderada por Ho alertou às autoridades municipais, estaduais e nacionais sobre a importância de monitorar essas mutações, aumentando a quantidade realizada de sequenciamentos de amostras por dia.
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