Em um tempo considerado recorde e sem a menor transparência em relação aos testes clínicos, a vacina contra a covid-19, desenvolvida pelo governo russo, vai receber no próximo dia 12 seu registro sanitário, a tempo de atender à já programada vacinação em massa da população em outubro.
A notícia, porém, em vez de despertar alívio planetário, gerou ainda mais desconfiança entre a comunidade científica internacional sobre os resultados alcançados.
Um voluntário recebe uma dose de vacina durante ensaio clínico de vacina em Moscou.Fonte: VCG/Reprodução
A vacina russa é baseada em um adenovírus (as vacinas desse tipo usam um vírus geneticamente modificado para produzir proteínas do coronavírus e assim, provocar a resposta imunológica), e está sendo desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia.
Fase clínica é a mais demorada
As vacinas, depois das fases in vitro (em laboratório) e in vivo (animais), passam por testes com voluntários – é a chamada fase clínica.
Fase 1
É aquela em que poucos voluntários recebem a vacina. Eles serão monitorados para se determinar como o corpo humano responde à imunização.
Fase 2
O número de participantes é ampliado e eles são selecionados conforme características como idade, saúde física etc. O grupo precisa ser semelhante ao público-alvo da vacina, que tem sua segurança, eficácia e capacidade de proteção do organismo medida. É aqui que são determinadas dosagem e forma de administração.
Fase 3
É o ensaio que determinará a eficácia da vacina em grandes populações e sua segurança. Nessa fase, as reações adversas são computadas e medida a duração da resposta imunológica. Somente depois de concluída esta fase (e todos os dados serem reunidos e analisados), um laboratório pode pleitear o registro sanitário para comercialização.
A vacina britânica ChAdOx1 está sendo testada no Brasil.Fonte: Jenner Institute/John Cairns
Dentre as que 164 vacinas contra o novo coronavírus, somente cinco já estão na Fase 3 (incluindo a russa). A que está sendo testada no Brasil é considerada a mais promissora, produzida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca.
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