Um grupo de pesquisadores chineses criou uma versão inovadora do clássico jogo de tabuleiro Go, baseada em mecânica quântica, na qual as tradicionais peças brancas e pretas foram substituídas por pares de fótons emaranhados. O projeto, que pode ser o ponto de partida para uma nova era de jogos quânticos, foi descrito em um artigo publicado no arXiv, em julho.
Na versão clássica, dois jogadores se revezam colocando pedras nos vértices dos quadrados de um tabuleiro, com o objetivo de obter um território maior que o do oponente, podendo cercar as peças do rival e capturá-las. As regras parecem simples, a princípio, mas uma análise mais detalhada revela um jogo extremamente complexo, o que atraiu a atenção de especialistas em inteligência artificial.
Já no Quantum Go, como a versão foi batizada, os fótons emaranhados que substituem as peças de plástico permanecem no tabuleiro virtual até outro fóton ser colocado ao lado de um deles. Mas enquanto eles estiverem emaranhados, não pode haver a captura.
Esboço da máquina quântica de Go criada pelos pesquisadores chineses.Fonte: arXiv/Reprodução
Como o jogador não sabe se um determinado fóton está emaranhado até que tente capturá-lo, um novo elemento aleatório é adicionado ao jogo, aumentando a sua complexidade, fazendo com que as regras tradicionais não sejam mais válidas.
Sistemas de IA mais avançados
De acordo com o professor do Centro de Tecnologias Integradas de Informação Quântica da Universidade Jiao Tong de Xangai Xian-Min Jin, a introdução de conceitos da mecânica quântica no jogo Go cria um sistema capaz de desafiar os programas de inteligência artificial.
Esta aleatoridade introduzida às regras clássicas do jogo chinês pode ser utilizada no desenvolvimento de sistemas de IA cada vez mais poderosos, para fins como a criação de criptografia mais forte, por exemplo, conforme Jin.
Até 2016, o jogo criado há 2,5 mil anos era completamente dominado por humanos, quando o computador AlphaGo, da Google, derrotou o maior jogador de Go do mundo.
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