Astronautas que se encontram na Estação Espacial Internacional (ISS) conduziram um experimento inédito no espaço: eles misturaram cimento em órbita para verificar como esse material se comportaria em ambientes de microgravidade – uma vez que ele poderia facilitar a construção de bases e colônias que ofereceriam maior proteção a futuros exploradores espaciais contra os rigores e perigos do cosmos. E o teste deu certo?
Pedreiros em órbita
O experimento consistiu em mesclar os ingredientes básicos para a obtenção de cimento – um composto chamado silicato tricálcico, um dos componentes mais comuns dos cimentos comerciais usados pelos terráqueos, e uma solução à base de água – e deixaram a mistura descansar por um período de 42 dias, até que ela endurecesse completamente.
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Então, depois de analisar a “obra” finalizada, os astronautas concluíram que existem, sim, diferenças bastante significativas em como o cimento se comporta na Terra e no espaço, e que é necessário examinar essas variações com cuidado para determinar quais podem ser úteis, quais podem representar riscos em casos de construções com esse material e como mitigar possíveis problemas.
Os pesquisadores observaram que, enquanto o pó usado para se produzir cimento aqui na Terra absorve as moléculas de água e forma uma estrutura cristalina, quando a mistura ocorre em um ambiente onde falta gravidade, essa estrutura parece diferente. Mais especificamente, os astronautas notaram que o “cimento espacial” tem maior porosidade – efeito causado pela microgravidade –, e isso poderia impactar a resistência do material.
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Além disso, o experimento realizado agora foi conduzido em um ambiente fechado e a mistura foi criada no interior de bolsas seladas – isto é, em uma situação bem diferente do habitual. Assim, é necessário fazer testes em que o cimento seja mesclado e deixado para endurecer em condições em que ele fique exposto ao inóspito espaço.
Futuro construtivo
Embora materiais como o cimento e o concreto – que é produzido a partir de uma mescla de areia, seixo, pedrinhas e a mistura de cimento – venham sendo utilizados aqui na Terra há milênios, a verdade é que ainda existem aspectos relacionados com o processo de hidratação que não são completamente compreendidos. E se não conhecemos todos os pormenores de como esse processo se dá no nosso planeta, imagine fora dele!
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O próximo passo provavelmente envolverá a realização de testes com diferentes substâncias aglutinantes e tentar compreender como elas poderão impactar a durabilidade de materiais de construção no espaço e qual será o seu comportamento quando expostas à microgravidade ou à força gravitacional que existe na Lua ou em Marte, por exemplo. Ademais, os estudos devem envolver o uso de materiais disponíveis nesses astros, já que, se oferecerem condições de uso, o custo da construção de estruturas “extraterrestres” poderia se tornar muito mais barato.
Mas é importante que esses experimentos todos sejam conduzidos, uma vez que o estabelecimento de bases e colônias espaciais poderá se tornar realidade, e os humanos que habitarão esses locais precisarão de proteção contra a radiação, às variações extremas de temperatura que se observam no espaço e lugares seguros onde viver e realizar suas atividades cotidianas.
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