Yoshi’s Crafted World é uma aventura relaxante repleta de conteúdos extras
É bastante apropriado que Yoshi’s Crafted World, título mais recente do dinossauro a chegar ao Nintendo Switch, seja desenvolvido por uma empresa chamada Good-Feel. Isso porque, assim como vimos em Woolly World, esse é um game no melhor estilo “feel good”, daquele que dá um quentinho no coração e não apresenta necessariamente um grande desafio mecânico, mas sim uma aventura feita para relaxar.
Com um visual que tenta emular itens dignos de um trabalho escolar (com muito papelão, cola e material escolar, no melhor estilo Teraway), o jogo foi lançado no final de março e segue a linha “para toda a família” da Nintendo. Com bons momentos de plataforma e uma grande quantidade de conteúdos opcionais, esse é um título perfeito para quem deseja algo mais leve em sua jogatina diária.
Premissa para a diversão
Yoshi’s Crafted World não possui necessariamente uma história bem definida: seus acontecimentos dão somente uma premissa básica para você escolher um Yoshi (há diversas opções de cores disponíveis) e sair pelo mundo coletando joias que foram roubadas por Bowser Jr. Isso é uma desculpa para explorar diversos mundos com temáticas diferentes coletando moedas e flores que destravam novos itens cosméticos.
Além de apresentar um estilo gráfico bastante interessante, o game é marcado pela maneira como brinca com a perspectiva do jogador. Todas as fases possuem elementos de fundo importantes, com os quais você deve interagir para abrir novos caminhos ou abrir um dos colecionáveis de cada fase.
Demora um pouco para perceber todas as possibilidades que o jogo oferece e isso, infelizmente, não se deve somente a uma questão de falta de costume. Muitas vezes a câmera do jogo não ajuda a ter uma boa noção de profundidade e do que é ou não um elemento interativo — problema que é acentuado ao jogar no modo portátil, que perde bastante resolução.
Muitas vezes a câmera do jogo não ajuda a ter uma boa noção de profundidade
Você vai ter que se acostumar com isso se quiser completar a lista de colecionáveis do game: toda fase tem 20 moedas vermelhas e uma quantidade variável de flores a serem coletadas. Além disso, você ganha recompensas extras ao coletar ao menos 100 moedas e chegar à reta final com sua vida completamente cheia.
Sem grandes desafios
Na prática, dá para chegar facilmente ao final da aventura sem cumprir totalmente desses desafios: embora você tenha que investir algumas flores para desbloquear novos mundos, a quantidade exigida sempre é muito abaixo do estoque que você acumula naturalmente. No entanto, investir seu tempo em descobrir todos os segredos é interessante, especialmente no que diz respeito às moedas.
Em intervalos regulares, você encontra máquinas que permitem desbloquear novas roupas para seu Yoshi. Além de garantirem visuais com temáticas variadas, eles servem como uma barra de energia adicional para o personagem, garantindo que você vai conseguir cumprir seus objetivos mesmo após cometer um ou outro deslize.
O jogo também convida você a rejogar fases em busca de tesouros específicos e versões alternativas de alguns estágios, nos quais o jogador deve buscar alguns filhotes perdidos de Poochy. Nada disso é exatamente obrigatório, mas ajuda a prolongar o game e a enriquecer o que é oferecido aos donos do Switch.
investir seu tempo em descobrir todos os segredos é interessante, especialmente no que diz respeito às moedas
Explorar os objetivos secundários também é importante para quem deseja ter um desafio maior com o game. Assim como outros jogos de plataforma da Nintendo, Yoshi’s Crafted World é um jogo bastante fácil de finalizar caso você siga seu caminho principal: é somente após o fim da aventura que o game oferece um mundo repleto de fases que realmente vão testar suas habilidades, mas cujo conteúdo é totalmente opcional.
A exceção a essa regra são algumas fases que possuem regras bem específicas que não se repetem em nenhum momento. Destaque especial para o mundo no qual você controla uma espécie de kart, e tem que movimentar o personagem para fugir de sombras, ao mesmo tempo em que atira ovos para prejudicar seus inimigos, no melhor estilo Mario Kart.
Também deve destacar as batalhas contra os chefes, que pecam somente por não surgirem em uma maior quantidade. Baseados no estudo de padrões (fáceis de detectar, em sua maioria), esses confrontos trazem belas cenas inspiradas em animações de stop motion, nas quais elementos como papelão, botões e outros itens comuns são unidos para formar criaturas gigantescas.
Demais para o Switch?
Desenvolvido na Unreal Engine 4, Yoshi’s Crafted World é um game que mostra de forma bastante clara as limitações de hardware do Switch. O jogo está longe de ser feio, se destacando principalmente por suas escolhas de identidade visual, mas é preciso certo tempo a se adaptar ao fato de que ele não roda na melhor das resoluções.
Isso fica especialmente evidente no modo portátil, onde a resolução cai ao ponto de muita coisa ficar borrada e, no caso dos elementos em segundo plano, um tanto difíceis de visualizar. Isso diminui quando jogamos no modo dock (que considero a opção ideal para a melhor experiência), mas não deixa de decepcionar — especialmente quando comparamos o resultado com o que a Nintendo fez com Super Mario Odyssey e The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Para completar, o game nem sempre mantém o desempenho esperado. Embora não seja frequente, não é preciso ter um olhar muito cirúrgico para perceber que, quando a ação fica mais intensa e há vários elementos na tela, é comum testemunhar slowdowns visíveis — que, felizmente, não prejudicam tanto a experiência, por ela não se tratar de algo que exige reflexos muito rápidos, mas não deixem de ser um incômodo.
Um game para relaxar
Yoshi’s Crafted World claramente é um game que, com seus visuais e nível de dificuldade, tenta conquistar mais um público jovem do que veteranos que procuram um game de plataforma desafiante — e não há nada de errado com isso. No entanto, quem não se encaixa nesse perfil via encontra aqui um game com o melhor estilo “feel good”, em que a diversão está mais na exploração do que no desafio mecânico em si.
Com uma quantidade generosa de conteúdos coletáveis opcionais, Yoshi’s Crafted World é um game relativamente curto para quem só tem o objetivo de chegar a seu final — nem 10 horas de jogo são necessárias para isso. Quem fazer isso, no entanto, provavelmente ainda vai ter muita coisa secundária para coletar, além de uma seleção de fases que, embora seja curta, mostra que o título poderia ter um alto grau de desafio se os desenvolvedores assim quisessem.
Pecando principalmente por questões técnicas, o jogo é uma boa adição para a biblioteca do Switch e merece a atenção de quem deseja algo mais relaxado — ou quer apresentar o gênero plataforma a pessoas que não têm muita familiaridade com ele. Ele não deve se tornar um dos títulos que servem como vitrine para o console, mas tem qualidades de sobra para merecer sua atenção durante algumas horas.
Categorias
- Visuais interessantes, baseados em materiais usados em trabalhos manuais
- Controles que respondem muito bem e garantem a precisão nas plataformas e combates
- Uma quantidade generosa de conteúdos opcionais que não bloqueiam o avanço dos jogadores pela aventura principal
- Batalhas com chefes divertidas e algumas fases com conceitos únicos bastante interessantes
- A baixa resolução do jogo é notável e dificulta visualizar elementos interativos em segundo plano
- Tudo bem que a proposta do game não é ser difícil, mas ele poderia ter uma evolução mais natural entre as fases normais e aquelas que abrem após o fim da aventura
- Poderia ter uma seleção maior de fases: não são necessárias nem 10 horas de jogo para chegar ao final da aventura seguindo o caminho principal
Nota do Voxel